sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

CLUBE DE LEITURA DE JANEIRO

Ontem, pelas 21h00 decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura, desta vez dedicada à obra "Se numa noite de Inverno um viajante" de Italo Calvino.

Foi unânime a opinião de que se trata de uma obra com uma certa complexidade, resultado  de uma experimentação de novas técnicas literárias por parte do autor em 1979 e que tem influenciado um novo tipo literário, que obriga o leitor a um exercício quase matemático.

No entanto, desde a introdução, o romance foca-se essencialmente no prazer da leitura fìsica e psicológica em que "o protagonista é o leitor, que dez vezes começa a ler um livro que, devido a vicissitudes estranhas à sua vontade, não consegue acabar. Tive, pois, que escrever o início de dez romances de autores imaginários, todos eles de alguma forma diferentes de mim e diferentes entre si."

Por isso, muitas vezes "Vivemos num mundo de histórias que começam e não acabam".



terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Ainda a propósito da visita-surpresa de Pedro Guilherme-Moreira


E se …em novembro com Pedro Guilherme-Moreira

E se a sessão de novembro do Clube de Leitura fosse semelhantemente diferente dos encontros anteriores?
E se a estilística, que enforma o texto literário, fizesse questão de se explicar, presentificando-se?
E se a antítese e o paradoxo exigissem que o Livro sem Ninguém trouxesse alguém? 
E se as metonímias fossem capazes de nos fazer visualizar personagens inexistentes?
E se as sinestesias e o cromatismo das casas nos devolvessem o enredo metafórico da cidade e dos seus tipos sociais?
E se a antonomásia nos permitisse viajar à infância que trazemos já-já-aqui no bolso recuperando-a, no logo-logo-ali das angústias do quotidiano?
E se a imagética deste livro fizesse nascer um diálogo com o desenho?
E se o “se” deixasse de ser plural, em anáfora, e desse lugar ao “efetivamente”?

Então… estaríamos a explicar o que aconteceu quando decidimos falar do Livro sem Ninguém… Estaríamos a contar como o seu autor, Pedro Guilherme-Moreira, vindo da chuva, do vento e duma bicicleta que suplantou um automóvel, nos trouxe a simpatia das palavras comunicativas que viajaram por livros e pessoas… e contornaram a Ignorância, revelando o poeta que polariza o dizer poético da atualidade.

Cristina Marques

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

LEITURA DE JANEIRO 2015


"Se numa noite de Inverno um viajante" de Italo Calvino foi a obra selecionada para o Clube de Leitura da Biblioteca para o mês de Janeiro de 2015.
A sessão será no dia 29 de Janeiro, 5ª feira, pelas 21 horas.
Boas Leituras!

Sinopse: É um romance sobre o prazer de ler romances; o protagonista é o leitor, que dez vezes começa a ler um livro que, devido a vicissitudes estranhas à sua vontade, não consegue acabar. Tive, pois, que escrever o início de dez romances de autores imaginários, todos eles de alguma forma diferentes de mim e diferentes entre si. 
 «Vivemos num mundo de histórias que começam e não acabam»
Italo Calvino 


Jornalista, contista e romancista italiano, Italo Calvino nasceu a 15 de Outubro de 1923 em Santiago de Las Vegas, na ilha de Cuba. Ainda criança acompanhou os pais na sua mudança para São Remo, em Itália. Em 1940, e em consequência da deflagração da Segunda Guerra Mundial, Calvino foi recrutado para a Mocidade Fascista, mas desertou pouco tempo depois, refugiando-se nas montanhas da Ligúria, onde se juntou à Resistência Comunista. 

Pôde, no entanto, ingressar no curso de Literatura da Universidade Turim em 1941 mas, e com uma passagem pela Real Universidade de Florença, só conseguiu licenciar-se após a guerra, em 1947. Nesse mesmo ano publicou o seu primeiro romance, com o título Il sentiero dei nidi di ragno (1947). A obra remetia para as suas experiências enquanto activo da resistência italiana e foi bem acolhida pela crítica, sobretudo devido aos trejeitos que Calvino dava à narrativa.
Em 1949 publicou uma colectânea de contos, também dedicados à problemática de guerra, que haviam já aparecido em publicações periódicas. A colaboração de Calvino com a imprensa havia começado em meados de 1945, no jornal comunista L'Unittá , prosseguindo em títulos como Il Garibaldino, voce della Democracia e La Republica .
Após a publicação de Il visconte dimezzato (1954), o autor abandonou o tema da guerra recente, preferindo o absurdo e o fantástico ao neo-realismo com que havia pautado o seu trabalho. A obra, que inaugurava uma trilogia também composta pelos volumes Il barone rampante (1957) e Il cavaliere inesistente (1959), e que causou fortes polémicas no seio do Partido Comunista Italiano, contava a história de um homem mutilado por uma bala de canhão durante a tomada de Constantinopla.
Calvino procurava assim demonstrar o seu desagrado perante o partido, que abandonou após os acontecimentos da Primavera de Praga. Sentiu que o seu esforço literário era mais necessário na imprensa, pelo que se passou a concentrar mais na carreira como jornalista do que como romancista.
Em 1959 viajou pelos Estados Unidos da América, formulando um contraste com a sua visita à União Soviética em 1952. De regresso, começou a editar a revista Il Menabó Di Letteratura , em colaboração com Elio Vittorini. Mantendo sempre um olhar crítico sobre a sociedade, entrelaçada na consciência individual e na inércia dos eventos históricos, publicou Marcovalco (1963), uma colectânea de fábulas em que criticava o modo de vida das cidades, destrutivo e vazio. Marcovalco era apresentado como um homem de família sonhador que, permanecendo na sua cidade durante o mês de Agosto, quando todos os outros habitantes partiram para férias, vê o seu descanso ser interrompido por uma equipa de televisão que o quer entrevistar, precisamente por ter sido o único a renunciar às estâncias balneares.
Em 1972 publicou Le Cittá Invisibli , romance em que o lendário explorador Marco Polo se dedicava a contar histórias de cidades fictícias para o divertimento de Kublai Khan, e que valeu ao autor o conceituado Prémio Felrinelli. A sua obra mais conhecida, Se una notte d'inverno un viaggiatore (Se numa Noite de Inverno um Viajante ) apareceu em 1979. Palomar (1983), descrevia as contemplações filosóficas de um homem aparentemente simples.
Italo Calvino faleceu a 19 de Setembro de 1985, em Siena, vítima de uma hemorragia cerebral.
Italo Calvino. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2008.