quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

CLUBE DE LEITURA - FEVEREIRO

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.




O Clube de Leitura reunirá a 24 de fevereiro, pelas 21h00.

 

Sinopse: Três histórias, três mulheres que dizem não. Chamam-se elas Norah, Fanta, Khady Demba. Cada uma delas bate-se para preservar a sua dignidade contra as humilhações que a vida lhes inflige. A ligá-las, a África, a França, algumas aves, o drama das migrações e da difícil integração. A arte de Marie NDiaye manifesta-se aqui em toda a sua singularidade e o seu mistério. A força da sua escrita reside na sua aparente doçura, nas lentas circunvoluções que arrastam o leitor pela encosta de uma prosa impecável e refinada, nos meandros de uma consciência entregue à pura violência dos sentimentos.

 

Quem é Marie Ndiaye?

Marie NDiaye (4 de junho de 1967) é uma escritora e dramaturga francesa. Publicou seu primeiro romance, Quant au riche avenir, quando tinha 17 anos. Ganhou o Prémio Goncourt em 2009. Sua peça Papa doit manger é a única peça de uma escritora viva a fazer parte do repertório da Comédie française.

NDiaye nasceu em 1967 em Pithiviers, França, a menos de cem quilômetros ao sul de Paris, de uma mãe francesa e de um pai senegalês. Ela cresceu com a mãe nos subúrbios de Paris. Seus pais se conheceram como estudantes em meados da década de 1960, mas seu pai partiu para a África quando ela tinha apenas um ano de idade.

Começou a escrever aos 12 anos. No último ano do ensino médio, ela foi descoberta por Jerome Lindon, fundador da Editions de Minuit, que publicou seu primeiro romance, Quant au riche avenir, em 1985.  Posteriormente, ela escreveu mais seis romances, todos publicados pela Minuit, e uma coleção de contos. Ela também escreveu sua Comédie classique, um romance de 200 páginas composto por uma única frase, que foi publicado por Éditions P.O.L em 1988, quando ela tinha 21 anos. Além de romances, NDiaye escreveu uma série de peças e um roteiro. Seu drama de 2003 Papa doit manger é apenas a segunda peça de uma escritora a ser levada ao repertório da Comédie française.

Em 1998, NDiaye escreveu uma carta à imprensa na qual argumentava que seu romance La Sorcière, publicado dois anos antes, havia informado fortemente o conteúdo de Naissance des fantômes, o segundo romance da autora de sucesso Marie Darrieussecq.

Seu romance Trois femmes puissantes ganhou o Prémio Goncourt em 2009.  Em seu estudo crítico de 2013 sobre o autor, Marie NDiaye: Vazio e Reconhecimento, o acadêmico britânico Andrew Asibong a descreve como "o epítome de um certo tipo de brilho cultural, argumentando em outro lugar do livro, uma exploração psicanalítica da evocação do escritor de trauma e desaprovação, que "o trabalho de NDiaye explora a violência feita à capacidade do sujeito de sentir e conhecer e saber". 


Entrevista à autora:

Entrevista com Marie NDiaye - The White Review

Artigo sobre a autora:

Marie NDiaye: Uma Escritora Poderosa - Livros Públicos (publicbooks.org)


Citações do livro:

Pág. 61:

"Atravessava a esplanada quando os viu sentados à mesa no mesmo local de há pouco, Jakob, Grete e Lucie, que encomendavam sumos de bissap".


Sumo de bissap, considerada a bebida nacional do Senegal, é uma das bebidas mais populares e mais consumidas em todo o Senegal. Faz-se uma infusão de flor de hibisco seca, mistura-se açúcar, essência de baunilha, sumo de limão e hortelã. Serve-se fresca. 

O hibisco é uma planta que tem centenas de espécies, mas nem todas são indicadas para consumo. A espécie usada para fazer o bissap é "hibiscus sabdariffa". Só se dá em regiões quentes. As suas flores podem atingir um diâmetro de 8 cm. Cada flor tem 5 pétalas.~







Pág. 156


"O pai [de Rudy] tinha deixado a França, atravessou Espanha, o Mediterrâneo, Marrocos, a Mauritânia e parou nas margens do rio Senegal. Aí fundou uma aldeia de férias, Dara Salam".


https://www.google.com/maps/place/Dar+Salam,+Senegal/@16.5833531,-15.2200379,12z/data=!4m13!1m7!3m6!1s0xef6f12effb5f6fd:0x8845abc82f94d7ad!2sRio+Senegal!3b1!8m2!3d15.6126361!4d-13.2300874!3m4!1s0xe9484f52f6143ad:0x3e2b41f9d697e624!8m2!3d16.5833313!4d-15.1500016

CLUBE DE LEITURA - JANEIRO 2022

O conjunto de oito contos reunidos na obra "Primeira pessoa do singular" do japonês Haruki Murakami, foi alvo de análise e debate no Clube de Leitura da Biblioteca.

A coletânea surpreende pela positiva, quer pela forma quer pelo conteúdo, destacando-se uma linguagem depurada e de uma simplicidade admirável.

Cada conto é suscitado por recordações que o narrador vai desfiando, na primeira pessoa, à volta de amores antigos, relações desfeitas, possibilidades, reencontros, …sempre marcados pela melancolia de tempos vividos, solidão, erotismo e nonsense…

Os protagonistas são muito parecidos entre si: homens/mulheres jovens ou de meia idade, solitários, melancólicos, cultos, amantes de música clássica/Pop/Jazz/Bossa Nova, de literatura e de baseball… 
Vivem sós no seu mundo, nas grandes cidades, longe da família… São professores, estudantes, publicitários, escritores…

A narrativa assemelha-se a um livro de memórias, certamente autobiográficas, mas muito ficcionadas, marcadas por vezes, por uma ambiguidade que nos confunde e nos leva a repensar os limites entre a imaginação e o mundo real, que com frequência são trocados arbitrariamente de posição.

No último conto, em que o narrador se afirma, finalmente, “na primeira pessoa do singular”, abrem-se ainda outras possibilidades, a lembrar os “homens duplicados” que já lemos por aqui… mas agora muito mais assustador e futurista…

Haruki Murakami é um escritor japonês contemporâneo de culto, lido por todas as gerações, suscitando curiosidade pelos jovens leitores, sendo também muito aplaudido pela crítica.



 No conto "Carnaval" o autor refere  "Do meu ponto de vista, agrupo as mulheres bonitas na categoria de "belas". Cada uma delas traz às costas um belo macaco de pêlo dourado", o que estimulou a criatividade de uma divertida leitora