quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

CLUBE DE LEITURA FEVEREIRO

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 23 fevereiro pelas 21h00.

O livro selecionado será "Colibri" de Sandro Veronesi.



Sinopse: Quando as paixões humanas colidem com as forças para além do controlo humano.»

Marco Carrera é um oftalmologista com uma vida boa e organizada - até que lhe entra pelo consultório um desconhecido, que sabe tudo sobre o seu passado e o avisa de que corre perigo. Além disso, diz-lhe que a sua mulher está a ter um caso extraconjugal e vai ter um filho que não é dele.


Estas revelações desencadeiam um longo fluxo de recordações: da infância e juventude, da família, da primeira mulher na vida dele, de um certo amigo, da irmã mais velha que morreu afogada. A narrativa constrói-se de forma empolgante e original, avançando e retrocedendo entre várias décadas dos séculos XX e XXI. E, em lugar da sequência habitual nas sagas familiares - «trauma, dor, recuperação» - tudo aqui parece acontecer ao mesmo tempo. E está sempre a acontecer.


Quem é Sandro Veronesi?

Nasceu em Florença em 1959. Considerados um dos mais importantes romancistas italianos dos últimos trinta anos, é um de apenas dois autores que ganharam duas vezes o Prémio Strega. É autor de duas dezenas de romances, contos, poemas e peças jornalísticas. O seu romance Caos Calmo, também distinguido com o prémio Streg (...)

 

Opiniões:

 «Cheio de pequenas maravilhas. Veronesi conhece verdadeiramente todos os assuntos do coração.»

Ian McEwan

 

«Faz-nos crer que está a escrever só para nós. Um romance poderosamente inteligente.»
Howard Jacobson

 

«Cheio de surpresas. Um verdadeiro presente ao Mundo.»
Michael Cunningham



«Com O Colibri, Veronesi reescreveu a saga familiar. Ardente e inventivo, já foi considerado um clássico.»

Jhumpa Lahiri

«Um belíssimo estudo dos laços duradouros dos amores imperfeitos.»
TLS


Excertos de Graça Serra


Páginas 133-135

 

Uma noite os 3 irmãos ouvem os pais discutirem e trocarem insultos. Já não se suportavam, mas não se separavam. O que os mantinha juntos? A promessa que tinham feito um ao outro há quase 20 anos, "quando desabrochavam as violetas", como dizia uma canção de Fabrizio de André? "Não nos separaremos nunca, nunca, nunca". A canção intitulava-se "Canção do Amor Perdido".

 

Fabrizio Cristiano De André (Génova18 de Fevereiro de 1940 – Milão11 de Janeiro de 1999) foi um cantor e compositor italiano entre os mais conhecidos e importantes da história. Anarquista, libertário e pacifista, na sua obra, cantou sobretudo histórias de revolucionários. Muitas das suas letras são inclusivamente estudadas como expressão importante da poesia do século XX na Itália.

Os amigos e admiradores chamavam-lhe Faber.

Fabrizio De André lançou, nos seus quarenta anos de carreira, cerca de vinte discos, número relativamente baixo, mas compensado certamente pela alta qualidade do seu trabalho artístico.

Em sua memória foi instituído um prémio com o seu nome. 

Em 1998, foi-lhe diagnosticado um carcinoma pulmonar, o que o leva a interromper definitivamente os concertos. Morre na noite de 11 de janeiro de 1999, pouco antes de completar 59 anos. O funeral foi realizado em Génova, no dia 13 de janeiro, com a presença de mais de dez mil pessoas. 

 

Clicar em baixo, para ouvir "La Canzone dell'amore perduto", de 1966, com legendas em italiano, inglês e espanhol. Muto triste mas tão bonita!

 

https://youtu.be/uoIR_lRUQ-A

 

Páginas 140 - 147 - 149

 

A filha de Adele nasceu a 20.10.2010. Esta data para a mãe tinha um significado especial. Chamou-lhe Miraijin, que em japonês significa "Homem do Futuro".

 

Adele foi buscar o nome Miraijin à banda desenhada japonesa "Miraijin Chaos" do grande Osamu Tezuka, o "Deus da Manga" (manga é o nome dado à banda desenhada no Japão) que era o ídolo da filha. O seu personagem principal é Astro Boy. Será amigo do brasileiro Maurício de Sousa, autor de "A Turma da Mónica".

 

   

Tezuka Osamu (3 de novembro de 1928 — 9 de fevereiro de 1989) foi um desenhista de mangas bastante influente no Japão e no resto do mundo. Por isso, é lembrado por muitos no Japão como o "pai da manga moderna" ou simplesmente "Deus da Manga". Tezuka Osamu foi um grande influenciador, tendo servido de exemplo a outros grandes artistas da manga. 

 

O desenho de Tezuka é facilmente identificável: o traço é claro, as imagens, simples, o enquadramento cinematográfico e o humor estão sempre presentes. O autor nunca hesita em se colocar em cena, com a sua silhueta reconhecível principalmente pela sua boina e pelos seus óculos grossos.

 

Uma indicação da sua produtividade: a sua obra completa publicada no Japão reuniu cerca de 400 volumes, mais de 80 000 páginas. A grande maioria dessas obras nunca foi traduzida do original japonês e continua inacessível aos leitores do Ocidente.

 

Tezuka esteve no Brasil em 1984, onde se encontrou com Maurício de Souza, autor de " A Turma da Mónica". 

 

Tezuka morreu de cancro do estômago em 1989, com 60 anos. 





 

Página 152

Marco não concorda muito com as opções da filha Adele, mas aceita-as. Cita muitas vezes um verso de João da Cruz:

"Para ires aonde não sabes/hás-de passar por onde não sabes"

 

João da Cruz, (em castelhano: Juan de la Cruz) foi um místico, sacerdote e frade carmelita espanhol venerado como Santo pelos católicos. Nascido em Fontiveros, em Castela a Velha, em 1542 e falecido em Úbeda, em 1591, com 49 anos, foi um dos mais importantes expoentes da Contrarreforma.

Grande reformador da Ordem Carmelita, é considerado, juntamente com Santa Teresa de Ávila, o fundador dos Carmelitas Descalços. João também é conhecido pelas suas obras literárias e tanto a sua poesia quanto as suas investigações sobre o crescimento da alma são consideradas o ápice da literatura mística e destacam-se entre as grandes obras da literatura espanhola

João da Cruz foi canonizado em 1726 por Bento XIII e é um dos Doutores da Igreja Católica.

 

 

« Para chegares ao que não sabes, hás-de ir por onde não sabes.. Para vires a possuir tudo, não queiras possuir coisa alguma. Para vires a ser tudo, não queiras ser coisa alguma.» - estes versos encontram-se na “Subida ao monte Carmelo”, capítulo primeiro.

 

O Poema completo é o seguinte:

 

“Para chegares a saborear tudo,

não queiras ter gosto em coisa alguma.


Para chegares a possuir tudo,

não queiras possuir coisa alguma.

Para chegares a ser tudo,

não queiras ser coisa alguma.

Para chegares a saber tudo,

não queiras saber coisa alguma.

Para chegares ao que não gostas,

Hás-de ir por onde não gostas.

Para chegares ao que não sabes,

Hás-de ir por onde não sabes.

Para vires ao que não possuis,

Hás- de ir por onde não possuis.

Para chegares ao que não és,



Hás-de ir por onde não és.

Modo de não impedir o tudo:

Quando reparas em alguma coisa,

deixas de arrojar-te ao tudo.

Porque para vir de todo ao tudo,

Hás-de negar-te de todo em tudo.

E quando vieres a tudo ter,

hás-de tê-lo sem nada querer.


Porque se queres ter alguma coisa em tudo,

não tens puramente em Deus teu tesouro.”

 

São João da Cruz

 Ainda a propósito de São João da Cruz, há um quadro famoso de Dali intitulado "Cristo de São João da Cruz", assim chamado porque Dali se inspirou num desenho feito por São João da Cruz entre 1572 e 1577, durante a sua estadia em Ávila. Este desenho, de pequenas dimensões (mede apenas 57mm/47mm), pode ser visto no Mosteiro da Encarnação em Ávila. O quadro de Dali, pintado em 1951, mede 205cm/116cm e encontra-se num museu em Glasgow.  



 

Página 164

Numa carta que Marco escreve ao irmão Giacomo, em dezembro de 2009, fala sobre a casa dos pais, que anda a desocupar aos poucos. Diz-lhe que entrou no quarto de Irene, a irmã falecida e encontrou a maquete da "casa de bonecas na cascata" que o pai fez para ela.

Considerada uma das mais famosas casas do mundo, a Casa da Cascata (em inglêsFallingwater house) ou Casa Kaufmann (nome da família de seu primeiro proprietário) é uma residência localizada a 80 km a sudeste de Pittsburgh, Estado da PensilvâniaEstados Unidos.

O edifício foi projetado em 1934 pelo arquitecto Frank Lloyd Wright (1867-1959), considerado o introdutor da arquitectura moderna no seu país, e construído em 1936

A sua principal característica é o facto de ter sido erguida parcialmente sobre uma pequena queda de água, servindo-se dos elementos naturais ali presentes (como pedrasvegetação e a própria água) como constituintes da composição arquitectónica. Assim como várias outras obras de Wright, foi construída com materiais experimentais para a época.

O proprietário era o homem de negócios Edgar Kaufmann Sr., cujo filho Edgar Jr. fora aluno de arquitectura de Wright. Foi construída no meio de um bosque, no interior de uma propriedade da família. Originalmente utilizada como residência de veraneio da família, a casa hoje é um museu. 




BOLGHERI

 Página 170

 

O casal Carrera comprou em Bolgheri uma casa em ruínas nos anos 60.  No mês de agosto, toda a família se muda de Florença, onde vive, para Bolgheri, para fazer praia.  

 

Página 180

 É na praia de Bolgheri que Irene morre afogada. 


 SAN VINCENZO

 

Página 171

 

No dia 23 de agosto de 1981, um domingo, Probo e Letizia vão jantar a S. Vicenzo, a um restaurante chamado "Il Gambero Rosso". Vão festejar os 50 anos de Titti, a viúva de Aldino, amigo de Probo. 

O restaurante Il Gambero Rosso nasceu em março de 1980 e cessou definitivamente a sua atividade em novembro de 2008.

Considerado um dos templos da restauração italiana (foi premiado com duas estrelas pelo Guia Michelin), era um ambiente requintado e muito acolhedor. A cozinha era criativa, utilizando matérias-primas de altíssimo nível. De todo o mundo vieram pessoas a San Vincenzo com o propósito de experimentar um prato de Fulvio Pierangelini (nascido em Roma em maio de 1953) ou para poderem dizer que comeram no lendário restaurante, que durante três décadas foi a grande atração turística de San Vincenzo. Um pequeno restaurante nomeado várias vezes como melhor restaurante italiano, com o seu chef eleito durante anos como o melhor de Itália e entre os melhores do mundo. Pierangelini criou pratos "cult", sendo o mais famoso o "puré de grão de bico com camarão". San Vincenzo, durante muitos anos, foi sobretudo o "Gambero Rosso" e para muitos turistas era apenas "a cidade onde está localizado o Gambero Rosso". 






 GOLFO DE BARATTI

 

página 183

 

Marco convidou Luísa para jantar e leva-a a Baratti onde comem uma "schiaccina". Para Marco, o Golfo de Baratti é "uma das maravilhas do mundo". 

https://www.google.com/maps/dir/Bolgheri+I,+57022+Livorno,+It%C3%A1lia/Gulf+of+Baratti,+It%C3%A1lia/@43.1063027,10.4135353,11z/data=!3m1!4b1!4m14!4m13!1m5!1m1!1s0x12d6022983a06713:0x81e839197bc3874d!2m2!1d10.5807779!2d43.2214236!1m5!1m1!1s0x12d62274b2f56ab5:0x32ab5654124143a3!2m2!1d10.506944!2d42.996111!3e0



Página 173

 

Irene chegou ao limite. Ouve no walkman a canção Gloomy Sunday, a canção húngara dos suicidas, segundo a lenda responsável por dezenas de suicídios em Budapeste, nos anos 30. Irene ouve a versão americana de Lydia Lunch.

 

Esta canção foi composta nos anos 30 na Hungria (texto de László Jám, música de Rezsõ Seress) e gravada pela primeira vez em 1935 pelo cantor Pál Kalmár, obtendo um êxito mundial imediato.

 

Em 1936 foi feita uma versão americana, com letra de Sam Lewis.

 

Espalhou-se a lenda que por causa da sua tristeza, seria responsável por ter levado ao suicídio muitas pessoas que a tinham ouvido, o que a converteu na "canção húngara dos suicídios". Foi banida pela BBC em Inglaterra durante 66 anos, desde 1936 até 2002.

 

Em 1941, Billie Holiday acrescentou uma estrofe que tentava explicar as anteriores como sendo um sonho.

 

Existem muitas versões desta canção, entre as quais a de Ricky Nelson, de 1954; a de Lydia Lunch, de 1981, que é citada no livro e seria a que Irene estava a ouvir; a de Elvis Costello, de 1984; a de Marianne Faithfull, de 1987; a de Sinéad O'Connor, de 1992; a de Byörk, de 2010; e por fim, a de Angelina Jordan, uma norueguesa que tem atualmente 17 anos e que cantou esta canção na audição do concurso "Norway's Got Talent" de 2014 (que acabaria por ganhar), quando tinha apenas 7 anos, impressionando os júris. 

 

Eu escolhi as versões de Billie Holiday e de Angelina.  

 

https://www.youtube.com/watch?v=zBIqLqUenz0

 

 https://www.youtube.com/watch?v=d3gSho9yf88

 

Páginas 299 a 310

 

Marco escolhe a casa de Bolgheri para se despedir de toda a família e para morrer.