segunda-feira, 30 de outubro de 2023

CLUBE DE LEITURA NOVEMBRO 2023

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 30 de novembro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "A biblioteca da meia-noite", de Matt Haig.


Sinopse: Se pudesse escolher a melhor vida para viver, o que farias?

No limiar entre a vida e a morte, depois de uma vida cheia de desgostos e carregada de remorsos, Nora Seed dá por si numa biblioteca onde o relógio marca sempre a meia-noite e as estantes estão repletas de livros que se estendem até perder de vista. Cada um desses livros oferece-lhe a hipótese de experimentar uma outra vida, de fazer novas escolhas, de corrigir erros, de perceber o que teria acontecido se tivesse escolhido um caminho diferente. As possibilidades são infinitas e vários horizontes se abrem à sua frente.

Mas será que algum desses caminhos lhe proporciona uma vida mais perfeita do que aquela que conheceu? Na altura da escolha final, Nora terá de olhar para dentro de si mesma e decidir o que de facto lhe preenche a vida e o que faz com que valha a pena vivê-la.

A Biblioteca da Meia-Noite transformou-se num bestseller a nível internacional, com um milhão de livros vendidos em todo o mundo.

Criticas

«Uma fábula belíssima, um Do Céu Caiu Uma Estrela dos tempos modernos. Incrivelmente intemporal, numa altura em que estamos todos encurralados num mundo que desejaríamos que fosse diferente.»
Jodi Picoult

Quem é Matt Haig?



Natural de Sheffield, em Inglaterra, e começou a sua carreira como jornalista, tendo colaborado com conceituadas publicações britânicas. Iniciou-se na escrita de ficção em 2004 e, desde então, nunca mais parou, sendo atualmente um autor bestseller internacional de obras para adultos e para o público mais jovem, com livros publicados em mais de 30 idiomas.
Considerado pelo New York Times como «um romancista de grande talento», apresenta-nos histórias que muitas vezes fundem a realidade com a fantasia, oferecendo-nos uma escrita que o Guardian descreve como sendo «deliciosamente estranha».

CLUBE DE LEITURA DE OUTUBRO 2023

Na passada 5ª feira, dia 26 de outubro, pelas 21h00, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura para a abordagem e discussão da obra "Pedro Páramo", de Juan Rulfo (1917-1986). 

Como neste mês de outubro o Clube faz 11 anos de existência, foi também comemorado com um delicioso bolo e umas belas ofertas de um lápis personalizado para cada um dos elementos.

A novela "Pedro Páramo" publicada em 1955, foi considerada uma Obra Representativa da Unesco e dos livros mais influentes do século XX, tendo representado um ponto de viragem na literatura hispano-americana e mundial, que ajudou a renovar.

A nota introdutória da autoria de Gabriel Garcia Márquez, Prémio Nobel da Literatura em 1982, dá-nos conta da importância que teve para ele esta obra e como francamente influenciou posteriormente grandes nomes da Literatura como Octávio Paz, Jorge Luís Borges, Eduardo Galeano, Gunter Grass, Susan Sontag e muitos outros. Jorge Luís Borges confessou que a leitura desta obra o ajudou a superar um momento em que lhe estava a faltar a criatividade.

Também já foi alvo de duas adaptações para cinema em 1967 e 1976, estando em processo de adaptação uma 3ª versão pela Netflix, sob a direção de Pedro Prieto, de origem mexicana, que tem trabalhado como diretor de fotografia com realizadores como Pedro Almodôvar, Spike Lee, Martin Scorcese e Oliver Stone. Por isso, vai certamente merecer toda a nossa atenção, ainda em 2023. Será? Aguardemos pois!

Juan Rulfo já tinha publicado uma coletânea de contos "Chão em chamas" em 1953. Em 1964, publicou ainda "O galo de ouro" que começou por ser um roteiro de um filme, mas acabou sendo publicado como romance em 1980. Apesar de ter abandonado a escrita de livros depois da publicação destas obras, Rulfo continuou ativo na cena literária mexicana, colaborando com outros escritores em roteiros (Carlos Fuentes e Gabriel Garcia Márquez) escrevendo para televisão e dedicando-se à fotografia.

Desde 1962 até sua morte, Rulfo foi diretor do departamento de publicações do Instituto Nacional Indígena do México. Foi membro da Academia de Letras Mexicana e recebeu vários prémios literários em vida, de entre os quais o Prémio Príncipe das Astúrias, em 1983. O escritor morreu, de câncer, aos 68 anos.

Rulfo é considerado um precursor do chamado “Realismo Mágico" latino-americano, um movimento que contou com integrantes como Garcia Márquez, Jorge Luís Borges e Júlio Cortázar, todos seus confessos admiradores.

A novela é passada durante a revolução Cristera que decorreu no México entre 1926 e 1929. Na sequência da Constituição mexicana de 1917, com leis anti-clericais e após uma Assembleia Constituinte em 1º de dezembro de 1917, que pretendia impor repressão sobre a Igreja Católica, provocou um levantamento popular e um conflito armado. A reação popular teve início a 1 de janeiro de 1927. A novela narra a história de Juan Preciado, que chega a Comala à procura do seu pai Pedro Páramo, um homem corrupto pela revolução. Depara-se com um mundo de mortos vivos.

Há uma certa relação da obra com a vida do autor e da sua família, visto que Rulfo nasceu em uma família de proprietários de terra que ficou arruinada pela Revolução Mexicana, o seu pai e dois tios morreram na época da Guerra Cristera  e com a morte de sua mãe, por um ataque cardíaco.

Dolores Preciado, mãe de Juan Preciado está no seu leito de morte, e pede ao filho para voltar à sua cidade natal, Comala, para que este conheça finalmente o seu pai, Pedro Páramo. Juan concorda, e parte então nesta viagem louca, para uma cidade fantasma, que quando nos apercebemos, tem bastantes pessoas.

Assim, fazemos um percurso onírico onde o nosso guia, Juan Preciado, filho de “um tal Pedro Páramo”, começa por nos conduzir, até que nos perdemos (assim como o nosso guia/narrador) no meio de vozes que sopram histórias, que avançam e recuam no tempo, que se encontram e se desencontram, que nos falam de Comala – ou seja, do México, da América Latina. Tomamos conhecimento de almas que divagam, de senhores de terras e de gentes, de corrupção e de poder, prisões e assassinatos, abandono e traições, amores perdidos e revolta contra Deus, mulheres amadas e outras tomadas à força, a guerra contra e a compra dos mesmos. Abrimos e fechamos portas, entramos e saímos de enredos, pairando por um percurso fantasioso, mas terrivelmente próximos do que é a profunda América Latina.

Muito bem escrito, com linguagem direta e clara, mas sem linearidade narrativa, cronologicamente desorganizado, exige ao leitor juntar as peças e preencher as lacunas, requerendo uma leitura atenta e, se possível, uma segunda leitura.

Um livro que nos desassossegou, com momentos de algum humor negro, muito criativo, em que são os mortos que nos relatam as suas vidas, numa descrição surrealista.












terça-feira, 3 de outubro de 2023

CLUBE DE LEITURA - OUTUBRO 2023 (11º aniversário)

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 26 de outubro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Pedro Páramo ", de Juan Rulfo.



Sinopse: 
Em 2017 celebra-se em todo o mundo o centenário do nascimento de Juan Rulfo.

«Álvaro Mutis subiu, a passos largos, os sete pisos da minha casa com um pacote de livros, separou do monte o mais pequeno e curto e disse-me, morto de riso:
— Leia isto, carago, para que aprenda!
Era Pedro Páramo.
Nessa noite não consegui adormecer enquanto não terminei a segunda leitura. Nunca, desde a noite tremenda em que li A Metamorfose, de Kafka, numa lúgubre pensão para estudantes em Bogotá — quase dez anos antes —, eu sofrera semelhante comoção (…).
Não são muito mais de 300 páginas, mas são quase tantas, e creio que tão perduráveis, como aquelas que conhecemos de Sófocles.»
Do texto introdutório de Gabriel García Márquez, Prémio Nobel de Literatura

A obra de Juan Rulfo influenciou de forma decisiva autores distinguidos com o Prémio Nobel de Literatura, como Gabriel García Márquez e Octávio Paz.

Quem é Juan Rulfo?



PRÉMIO NOBEL DE LITERATURA 1970

Juan Rulfo (México, 1917-1986) é talvez o autor sul-americano mais comentado, elogiado e imitado do século XX.
Toda a sua obra literária conhecida, que reunida pouco ultrapassa as 300 páginas, é considerada como fundadora, origem de uma nova forma de literatura, que deu lugar a escritores como Gabriel García Márquez, um dos seus mais famosos e reconhecidos devedores.
De Pablo Neruda a Carlos Fuentes, de Octávio Paz a Jorge Luis Borges e Juan Carlos Onetti, abundam os testemunhos de admiração dos seus pares e o assombro e desconcerto da crítica.
Em contraste com este enorme rumor a rodear a escassa obra de Rulfo, está o silêncio em que desapareceu o escritor desde a publicação, em 1955, de Pedro Páramo e até à sua morte, em janeiro de 1986. Silêncio este apenas interrompido pela revelação esporádica, por parte de jornalistas, da iminente "saída" de uma nova novela, La cordillera, que acabou por se tornar mítica.
As tentativas de explicar esta prematura interrupção da escrita de um dos mais marcantes escritores contemporâneos no auge da sua fama contribuiu para aprofundar a «lenda Rulfo», não faltando comparações com a de Rimbaud.
Em finais de 1958 escreveu a sua segunda novela, O Galo de Ouro concebida originalmente para servir como argumento para cinema e publicada em livro em 1980.
Vencedor do Prémio Nacional de Literatura, em 1970 Juan Rulfo é hoje um nome cimeiro da Literatura Mundial, estando a sua obra traduzida em mais de cinquenta línguas.

Opiniões:

Pedro Páramo, uma história de vidas


Cláudia Santos


Uma história cheia de tradições, de vida depois da morte e do convívio da morte com a vida. Juan Rulfo tem vindo a tornar-se um hábito nas minhas leituras. De um poder imenso com as palavras.



segunda-feira, 2 de outubro de 2023

CLUBE DE LEITURA SETEMBRO 2023

Na passada 5ª feira, dia 28 de setembro, pelas 21h00, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura para a abordagem e discussão da obra "Hard Land - Duros Anos", de Benedict Wells.

Trata-se de uma obra vencedora do Prémio de Literatura Jovem. Um outro romance do autor "O fim da solidão", já tinha sido distinguido em 2019, com o  Prémio de Literatura da União Europeia.

"Hard Land" tem sido bem acolhida pelo público e pela crítica e rapidamente, segundo o The Guardian tornou-se "num jovem fenómeno literário alemão".

A obra é estruturalmente simples, bem escrita, com linguagem acessível, de grande diversidade temática, fazendo bastantes referências cinematográficas, literárias, musicais e culturais, num emocionante tributo aos anos 80, no longínquo Missouri (EUA).

"Hard Land" é uma extraordinária e apaixonante reflexão sobre a vida, a perda, a fragilidade humana, a amizade e o amor na perspectiva de Sam, um jovem adolescente de 15 anos, solitário, sofrendo de alguma confusão mental, na demanda do seu caminho.

Nascido em 1984, natural de Munique, neto de um nazi, o autor, recusou usar o apelido de família Von Schirach adotando Wells, transporta para esta obra muito da sua vida pessoal, as angústias, as agruras da vida entre a infância e a adolescência, remetendo-nos muitas vezes para as nossas próprias memórias dessa fase.

É, enfim, um romance de superação, recomendado a todos, especialmente aos jovens, podendo ser até uma fonte de inspiração para melhor enfrentar os duros anos da adolescência, porque apesar de tudo "A primavera da vida é bonita de viver".