sexta-feira, 8 de agosto de 2025
CLUBE DE LEITURA - JULHO
terça-feira, 8 de julho de 2025
CLUBE DE LEITURA - JULHO 2025
Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada.
As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.
O Clube de Leitura reunirá a 31 de julho, pelas 21h00.
O livro selecionado será "Os meus homens" de Victoria Kielland (1985).
Sinopse: Nascida Brynhild Størset, em 1859, numa família modesta na Noruega, Belle Gunness, como ficou conhecida, partiu em busca do sonho americano no final do século XIX. Com o tempo, Belle tornou-se cada vez mais alienada, implacável e perversamente atraente, e terá assassinado mais de quarenta pessoas, a maioria homens.
segunda-feira, 30 de junho de 2025
CLUBE DE LEITURA - JUNHO 2025
Na passada quinta-feira, dia 26 de
junho, pelas 21h00 decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura, para análise e
discussão da obra "Cabeça, coração e estômago" de Camilo Castelo
Branco, obra publicada postumamente em 1962.
Em
1859, o romance entre Camilo Castelo Branco e Ana Plácido torna-se do
conhecimento público no Porto, levando ambos à prisão. Camilo tinha então 34
anos. Este episódio marca o início de um período particularmente fértil na sua
produção literária, durante o qual escreve várias obras, entre elas Coração,
Cabeça e Estômago.
O
romance tem como protagonista Silvestre da Silva, que, após a sua morte, deixa
uma autobiografia ao seu editor (Camilo Castelo Branco) na esperança de que
este a publique para saldar as dívidas que deixou por pagar.
A
obra está dividida em três partes, cada uma representando uma fase distinta da
vida do protagonista:
Coração
Passada
em Lisboa, esta parte acompanha a juventude de Silvestre da Silva, marcada por
pelas emoções, pelo coração, tendo vários amores fugazes e superficiais, que
acabam invariavelmente em desilusão. Entre as suas paixões contam-se: uma
vizinha órfã, uma vizinha de nome desconhecido, uma quarentona que gere uma
hospedaria, Clotilde (uma mulher casada), uma viúva proprietária de um hotel,
uma mulata e Elisa de La Salete.
Cabeça
Decorrida
na cidade do Porto, esta fase corresponde à idade adulta de Silvestre e a uma
tentativa de vida mais racional e responsável. Valoriza a carreira, colabora
com o Periódico dos Pobres e procura casar com uma mulher rica e séria. Uma
tentativa que acaba por falhar. Acaba acusado e condenado por calúnia,
agravando a sua frágil situação financeira. Apesar disso, começa aqui a
alimentar ambições políticas.
Estômago
A
terceira e última parte decorre na província, entre Soutelo e Carrazedo de
Montenegro. Marca o início de uma vida mais tranquila e serena, centrada no
prazer da boa mesa. Já mais velho, Silvestre casa-se com Tomásia, que o trata
bem, e instala-se na casa do sogro. A sua principal preocupação passa a ser o
bem-estar físico e o prazer gastronómico.
Convida
o editor a passar uma temporada em sua casa. Este, crítico do desprendimento
intelectual do protagonista, acusa-o de se ter “entorpecido”. Silvestre
responde com a frase: “Brutaliza-te, faz-te estômago”, numa tentativa de
convencer o amigo a render-se aos prazeres da gula.
É
nomeado regedor, o seu primeiro sucesso político, mas acaba acusado de abuso de
poder em benefício próprio, numa crítica evidente à classe política.
Morre
provavelmente em consequência dos excessos alimentares e da negligência com a
própria saúde. Deixa os seus escritos ao editor, que os publica, que não parece
muito convencido do talento do amigo e autor.
A
obra é uma crítica à sociedade da época, destacando a devassidão, a hipocrisia,
a duplicidade e decadência moral, visando várias classes, como os ricos,
políticos e o clero.
A linguagem utilizada na obra é algo complexa, com
muitas expressões e frases da época em que o texto foi escrito, bem como várias
palavras desconhecidas para os leitores atuais, o que dificulta uma leitura
fluída e clara.
terça-feira, 3 de junho de 2025
CLUBE DE LEITURA - JUNHO 2025
Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada.
As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.
O Clube de Leitura reunirá a 26 de junho, pelas 21h00.
O livro selecionado será "Coração, cabeça e estômago" de Camilo Castelo Branco.
CLUBE DE LEITURA - MAIO 2025
Na passada quinta-feira, dia 29 de maio, pelas 21h00 decorreu mais
uma sessão do Clube de Leitura, para análise e discussão da obra "Não há
pássaros aqui" do jovem escritor brasileiro, Victor Vidal e Prémio Leya
2023.
Esta obra teve como fonte de inspiração uma visita à casa de Anne Frank e da sua família durante a Segunda Guerra Mundial, em Amsterdão,
levando o autor a refletir sobre os traumas de infância e a necessidade de
esconderijos físicos e emocionais.
Trata-se de uma história de violência, com uma análise psicológica
precisa, onde não faltam relações familiares complexas, alcoolismo associado
que levam à solidão e deixam cicatrizes visíveis.
Há também algum suspense criado à volta do trauma de Ana, pelo que
se passou certa noite: “Eu sou uma criança maligna”.
Exagero? A realidade não é assim?
É realidade pura.
A personagem principal Ana, em crescimento, é filha de um silêncio,
mas um silêncio que grita. Cresceu sem conhecer o pai, entre garrafas vazias,
maus tratos e abandono. Aprendeu a andar sem fazer barulho, tendo também sido
vítima de abuso sexual.
A sua vida são escombros, um deserto de amor. Acaba por matar o
homem para defender a mãe. Na sua casa de infância não há pássaros, não há felicidade,
nem esperança, nem forma de fugir à desgraça.
Ana enquanto adulta acaba por conseguir afastar-se fisicamente da
mãe a quem até trata pelo seu nome próprio.
Assim, apresenta alguns comportamentos degradantes de caráter patológico,
de autodestruição (automutilação), inclusive, encontros ocasionais de
índole sexual com desconhecidos, destruição de uma obra de arte de valor
estimativo para o seu melhor amigo, etc.
Predominam sentimentos de raiva, medo, e simultaneamente de brutalidade para com as pessoas e um crescente desejo de suicídio no final, apesar de esta ação
ficar um pouco em aberto para os leitores. Mas, não poderia ser diferente, porque
a sua vida continuou e sem pássaros era terrível.
Em resumo, todas as personagens além de Ana, a mãe – Andrea,
Tomás, Benjamim, revelam os seus traumas de infância e o quanto isso lhes
causou desequilíbrios que permanecem ainda durante a vida adulta.
O autor, nesta obra propõe uma “reflexão madura sobre o modo como
aquilo que vivemos na infância determina a nossa vida adulta, e como tendemos a
reproduzir comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os
condenamos”.
As metáforas implícitas na obra, como por exemplo, a do fogo,
simboliza o rompimento com o passado aterrador e a metáfora dos pássaros
representa uma esperança de dias bons.
Segundo a farmácia literária da Bertrand, esta obra está indicada
para encarar o lado mais sombrio do comportamento humano; purgar traumas de
infância relativos a famílias disfuncionais, tóxicas, negligentes, violentas e
abusivas; sentir-se amparado, no reviver de memórias dolorosas e subsequentes,
quadros de ressentimento e amargura, vergonha e solidão; treino de empatia e de
compaixão.
Efeitos secundários:
Possíveis sentimentos de desconforto, angústia, aversão, tristeza
e desesperança; maior sensibilidade à vulnerabilidade dos outros; refrear a tentação de
julgar/condenar liminarmente os outros,
necessidade de focar-se na beleza das pequenas coisas, na redenção pela
amizade e pelo amor, busca de alegria e leveza.
Posologia: ler ao ritmo.
Ana Paula Oliveira
quinta-feira, 1 de maio de 2025
Com uma periodicidade mensal (à
exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da
leitura partilhada.
As reuniões decorrem à volta de um
livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a
discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a
experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um
escritor/dinamizador convidado.
O Clube de Leitura reunirá a 29
de maio, pelas 21h00.
O livro selecionado será "Não
há pássaros aqui" de Victor Vidal.
Sinopse: Ana recebe um telefonema de uma vizinha da mãe
informando que Andrea desapareceu na sequência de uma série de escândalos no
bairro, entre os quais o suposto sequestro de uma criança. Apesar de ter jurado
a si mesma que não voltaria à casa da mulher que lhe infligiu todo o tipo de
violência, Ana não consegue ficar indiferente à situação; e o que encontra no
apartamento é bastante intrigante: lixo por toda a parte, pegadas de lama,
móveis destruídos, garrafas vazias amontoadas no caixote.
Enquanto se
interroga sobre o que terá sido a vida de Andrea desde o dramático
acontecimento que marcou as duas para sempre, Ana empreende uma dolorosa viagem
às memórias da infância, que incluem não só uma mãe desequilibrada e alcoólica
que tem um relacionamento conturbado com um homem perigoso, mas também um rapaz
frágil que a faz cúmplice dos seus traumas e, por via das afinidades, se torna
o seu único amigo. E, apesar de não se verem há muitos anos e de Ana o ter
desiludido, é justamente a este amigo que resolve agora pedir ajuda.
Com personagens inesquecíveis e desconcertantes, Não
Há Pássaros Aqui é uma reflexão madura sobre o modo como aquilo que
vivemos na infância determina a nossa vida adulta e como tendemos a reproduzir
comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os condenamos.
Num tempo em que a saúde mental é um problema à escala
global, este é um romance de estreia profundamente atual que venceu o Prémio
LeYa em 2023
Quem é Victor Vidal?
CLUBE DE LEITURA ABRIL 2025
No passado dia 24 de abril, pelas 21h00, decorreu a sessão de abril do
Clube de Leitura para análise e discussão da obra "Nós matámos o
cão-tinhoso" do moçambicano Luis Bernardo Honwana (1942-)
Volvidos 50 anos sobre a Independência de Moçambique, o Clube de Leitura
abordou em abril uma obra que relembra os malefícios do império colonialista
português.
Nós Matámos o Cão-Tinhoso é uma coletânea de sete contos publicada em
1964, quando o autor tinha apenas 22 anos. Trata-se de uma obra marcante da
literatura moçambicana, que se destaca pela força temática e simbólica, apesar
da linguagem simples.
Através de uma escrita acessível, o autor transmite
emoções intensas e expõe, de forma crítica e simbólica, temas como o racismo, a
desigualdade social, o abuso sexual, a violência do regime colonial português,
a desumanização e a perda da inocência.
Entre os contos que compõem a obra, destaca-se aquele
que lhe dá o título. Narrado por uma criança, relata a história de um cão
doente, rejeitado e condenado, que simboliza os oprimidos do sistema colonial.
As crianças, por sua vez, incitadas por figuras de autoridade, representam a
forma como a violência e a opressão são perpetuadas através da educação e da
interiorização de valores discriminatórios. O contraste entre a pureza dos
sentimentos infantis e a brutalidade do contexto social e político é particularmente
marcante.
Outro conto relevante é Dina, que denuncia
o abuso sexual de mulheres negras por parte de colonizadores brancos. Através
da descrição de uma cena de violação, o conto expõe a raiva contida dos
trabalhadores agrícolas, que, apesar da revolta, permanecem submissos ou são
condenados a um fim trágico.
Todos os contos constituem um testemunho poderoso do
ambiente de miséria, opressão e exclusão vivido em Moçambique durante o período
colonial. Esta obra teve um impacto significativo, contribuindo para o
desenvolvimento de uma consciência crítica essencial aos movimentos de
libertação das colónias.
O autor, que apoiou ativamente a luta pela
independência, foi preso em 1964. Em 1969, em pleno contexto colonial e com a
guerra em curso, Nós Matámos o Cão-Tinhoso foi publicado em
língua inglesa, alcançando grande divulgação e reconhecimento internacional.
Após a independência de Moçambique, o autor assumiu vários cargos políticos,
tendo chegado a ser Ministro da Cultura.