segunda-feira, 13 de agosto de 2018

CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO 2018


Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

 Livro indicado: "Até nos vermos lá em cima" de Pierre Lemaître


Sinopse: Sobre as ruínas da Grande Guerra, dois sobreviventes das trincheiras, consideravelmente maltratados, desforram-se levando a cabo uma burla tão espetacular como amoral.
Fresco de uma rara crueldade, notável pela sua arquitetura e pelo poder de evocação, Até nos vermos lá em cima é um grande romance sobre o pós-guerra de 1914-1918, sobre a ilusão do armistício, a hipocrisia do Estado que glorifica os seus desaparecidos e se desembaraça dos cidadãos vivos e incómodos e sobre a abominação elevada a virtude. Numa atmosfera crepuscular e visionária, Pierre Lemaitre compõe a grande tragédia dessa geração perdida com um talento e uma segurança impressionantes.
Livro adotado pelo Plano Nacional de Leitura e recomendado para a Formação de Adultos como sugestão de leitura. Prémio Goncourt 2013.

Data: 27 setembro, 21h00 às 22h00


Pierre Lemaître nasceu em Paris, em 1956. Deu aulas de Literatura francesa e americana durante vários anos e atualmente dedica-se à escrita e ao teatro. Foi galardoado com o Prémio Le Point do Romance Policial Europeu em 2010. Os cinco policiais que escreveu, premiados pela crítica e aplaudidos pelos leitores, fizeram dele um dos grandes nomes das letras francesas e granjearam-lhe o reconhecimento internacional. 


Críticas de imprensa
«Uma escrita fantástica, dura, tão eficaz como um murro na cara.»
L' Express


«Lemaitre desfere um poderoso golpe: cativante, profundo e comovente, este romance consagra um enorme talento. A linguagem, viva, apurada e original, é dominada pelo autor na perfeição. Eis uma ficção prodigiosa que não passará despercebida.»
Lire

«Um livro imaginado e descrito com talento e escrito com vigor. Impossível pô-lo de lado até chegar à última página.»
Le Soir


«As reviravoltas são mais do que muitas, e o final, particularmente conseguido, concilia a tragédia antiga com a mais comovedora história de amor.»
Le Figaro

Saiba mais acerca do filme em:




Curiosidades/pesquisas da Graça Serra:

Parece o título de um livro de Nicholas Sparks mas não é.

O título "Até nos vermos lá em cima" é a tradução livre do original francês "Au revoir là-haut" e como se pode ler na introdução da página 11, faz parte de uma carta escrita por Jean Blanchard à mulher, antes de ser fuzilado em 4 de dezembro de 1914. Jean Blanchard foi um dos "Mártires de Vingré", 6 soldados fuzilados "para exemplo", acusados de deserção. Foram reabilitados, os 6, em 1921. Em sua homenagem foi inaugurado, em 1925, um monumento no local onde foram fuzilados, em Vingré, no Norte de França. 




São muito tocantes as cartas que escreveram antes de morrerem. 

Transcrevo a de Jean Blanchard, por ser a que deu origem ao título. Tinha 35 anos em 1914. 


Extraits de la lettre de Jean Blanchard à sa femme Michelle:
« 3 décembre 1914, 11 heures 30 du soir
Ma chère Bien-aimée, c'est dans une grande détresse que je me mets à t'écrire et si Dieu et la Sainte Vierge ne me viennent en aide c'est pour la dernière fois...
Je vais tâcher en quelques mots de te dire ma situation mais je ne sais si je pourrai, je ne m'en sens guère le courage. Le 27 novembre, à la nuit, étant dans une tranchée face à l'ennemi, les Allemands nous ont surpris, et ont jeté la panique parmi nous, dans notre tranchée, nous nous sommes retirés dans une tranchée arrière, et nous sommes retournés reprendre nos places presque aussitôt, résultat : une dizaine de prisonniers à la compagnie dont un à mon escouade, pour cette faute nous avons passé aujourd'hui soir l'escouade (vingt-quatre hommes) au conseil de guerre et hélas ! nous sommes six pour payer pour tous, je ne puis t'en expliquer davantage ma chère amie, je souffre trop, l'ami Darlet pourra mieux t'expliquer, j'ai la conscience tranquille et me soumets entièrement à la volonté de Dieu qui le veut ainsi ; c'est ce qui me donne la force de pouvoir t'écrire ces mots, ma chère bien-aimée, qui m'as rendu si heureux le temps que j'ai passé près de toi, et dont j'avais tant d'espoir de retrouver. Le 1er décembre au matin on nous a fait déposer sur ce qui s'était passé, et quand j'ai vu l'accusation qui était portée contre nous et dont personne ne pouvait se douter, j'ai pleuré une partie de la journée et n'ai pas eu la force de t'écrire...
Oh ! bénis soient mes parents qui m'ont appris à la connaître ! Mes pauvres parents, ma pauvre mère, mon pauvre père, que vont-ils devenir quand ils vont apprendre ce que je suis devenu ? Ô ma bien-aimée, ma chère Michelle, prends-en bien soin de mes pauvres parents tant qu'ils seront de ce monde, sois leur consolation et leur soutien dans leur douleur, je te les laisse à tes bons soins, dis-leur bien que je n'ai pas mérité cette punition si dure et que nous nous retrouverons tous en l'autre monde, assiste-les à leurs derniers moments et Dieu t'en récompenseras, demande pardon pour moi à tes bons parents de la peine qu'ils vont éprouver par moi, dis-leur bien que je les aimais beaucoup et qu'ils ne m'oublient pas dans leurs prières, que j'étais heureux d'être devenu leur fils et de pouvoir les soutenir et en avoir soin sur leurs vieux jours mais puisque Dieu en a jugé autrement, que sa volonté soit faite et non la mienne. Au revoir là-haut, ma chère épouse.
Jean »

Sob o efeito das drogas para as dores, a consciência de Édouard manteve-se por muito tempo "afogada em imagens" (p. 52)


Pág. 53:
"Por entre estas imagens (...) começou a irromper de modo recorrente A Origem do Mundo", de Courbet".

Este quadro de Courbet encontra-se no Musée d'Orsay, em Paris. 
 
L'Origine du monde (A Origem do Mundo em francês), de 1866, é um quadro pintado pelo realista Gustave Courbet a pedido do diplomata turco otomano Khalil-Bey, que solicitou ao pintor uma pintura que retratasse o nu feminino na sua forma mais crua, por ser colecionador de imagens eróticas.
pt.wikipedia.org

Páginas 69-70

"Édouard vê-se agora refletido no vidro.
O estilhaço de obus levou-lhe toda a maxila inferior, abaixo do nariz nada resta, vê-se-lhe a garganta, a abóbada palatina, o palato e só os dentes de cima; por baixo, um magma de carnes escarlates, com alguma coisa lá no fundo, deve ser a glote, a língua desapareceu, o esófago forma um buraco húmido..."  

página 93

"Todas aquelas semanas de hospital só tinham servido para suster as infeções e se proceder aos 'remendos', era o termo do cirurgião, o professor Maudret(...). Já operara Édouard 6 vezes."

"Evidentemente, para as enfermeiras e os médicos que tinham recuperado um ferido cujo rosto não era mais do que uma imensa chaga de carnes sangrentas, no qual subsistiam somente a úvula, a entrada de uma traqueia e, na parte da frente, uma fieira de dentes miraculosamente intactos, para todas essas pessoas, o espetáculo que Édouard agora ofereciaera extremamente reconfortante."

página 94  

" Sem dúvida, a guerra fora mortífera para lá do imaginável, mas, se olhássemos para o lado bom das coisas, permitira também grandes progressos em matéria de cirurgia maxilo-facial.(...) Maudret procedera a uma espécie de cerco da pessoa de Édouard, tendo em vista conduzi-lo melhor ao que constituía o suprassumo das propostas terapêuticas:
-O enxerto Dufourmentel!
Tiravam-se tiras de pele da parte superior do crânio que se fixariam depois na parte inferior do rosto.

Geules Cassées

A expressão usada em França para designar os sobreviventes da Primeira Guerra Mundial com feridas graves ao nível da face é "Gueules Cassées", que em tradução literal significa "Caras partidas".

Esta expressão foi inventada pelo coronel Picot, que também ficou com o rosto desfigurado em consequência da Guerra. 

A história, segundo o livro "Le Colonel Picot el les Gueules Cassées", conta-se assim:

Uma festa patriótica decorria na Sorbonne e o coronel Picot, com a cabeça ainda ligada, sentiu vontade de lá ir e dirigiu-se ao "guichet". O guarda não o deixou entrar porque não tinha convite. Não adiantou dizer que era coronel no ativo e mutilado de guerra. Nisto chega um homem que tira um cartão do bolso, murmura entre dentes "Député" e entra, saudado respeitosamente pelo guarda. Picot não insiste, dá 2 voltas, mas quando se apercebe que o guarda partiu, avança, tira um cartão qualquer do bolso e murmura, como o outro fizera, "Gueule Cassée". Toda a gente se afasta e ele entra no recinto. É este nome que designará de futuro os feridos da face.  

O enxerto Dufourmentel

Léon Dufourmentel foi um médico que encontrou um método para preencher os buracos de carne: pegou em pedaços de couro cabeludo no crânio dos pacientes e enxertou-os principalmente ao nível do queixo. O couro cabeludo implantado na face do ferido era melhor do que a pele do braço, não havia tanta rejeição.






página 159:



"A família Péricourt possuía uma vasta mansão particular cujas janelas davam sobre o parque Monceau. M. Péricourt cedera a maior parte do prédio à filha, que, depois de casar, renovara segundo os seus gostos o segundo piso onde vivia com o marido. M. Péricourt, pelo seu lado, vivia lá em cima, dispondo de seis divisões..."




Página 189:


"...e foi assim que Albert acabou por ir ter ao número 9 do impasse Pers, tendo por vizinha da frente uma casa burguesa na qual se apinhavam já 3 locatários." 



É uma rua sem saída, no bairro de Clignancourt, acima da Basílica de Sacré-Coeur.



No segundo link dá para ver a distância a que fica do parque Monceau, onde mora M. Péricourt.



No terceiro link, vista satélite. Atualmente existe um portão de garagem.







página 195:


"Henri d'Aulnay-Pradelle comparou maquinalmente a cegonha que enfeitava o capot, à sua frente, ali, bastante longe dele, e a pesada corpulência de Dupré, sentado ao seu lado. (...) E aquelas estrias nas asas, dizia ele para consigo, cheio de admiração...Como um drapejado...E até as pernas lançadas para trás, ligeiramente curvas... Pradelle não parava de se maravilhar com a sua cegonha."



página 196:



"A cegonha escolhida pela Hispano Suiza para o H-6-B (motor de seis cilindros, 135 cavalos, 137 km/hora) representava a célebre esquadrilha comandada por Georges Guynemer, um ser de exceção." 

Hispano-Suiza H6B




Fundada em 1904 na cidade de Barcelona, a Hispano-Suiza nasceu da vontade financeira do banqueiro catalão Damian Mateu e da agilidade técnica do suíço Mark Birkigt.  Mas é com a abertura da filial em Paris que a Hispano-Suiza começa a ganhar dimensão e, durante a Primeira Guerra Mundial, Birkigt concebe vários motores de aviação de 8 e 12 cilindros. Através da associação à aviação, surge a mascote de radiador da marca. Os motores V8 Hispano-Suiza foram um importante contributo para os aviões SPAD, que proporcionaram inúmeras vitórias aos pilotos franceses. O seu herói máximo foi Georges Guynemer, com 54 vitórias. Apesar de ter sido abatido no final de 1917, continuou a ser um ídolo para todos os franceses. Em 1919, a Hispano-Suiza adoptou o símbolo da cegonha, em homenagem ao Esquadrão das Cegonhas, comandado por Guynemer.

O modelo H6B e as suas evoluções concorreram para tornar a Hispano-Suiza uma marca de referência.

Há um exemplar deste modelo no Museu do Caramulo.







página 208:



"Moramos no boulevard de Courcelles - disse Madeleine calçando de novo a luva. - Na esquina com a rue de Prony, dá-se facilmente com a casa."



página 226:



"E diante do parque Monceau, deu com a casa, era impossível, com efeito, não dar com ela, a imensa mansão particular de M. Péricourt, diante da qual se encontrava estacionado um belo automóvel; um chauffeur com boné e uma farda impecável estava a limpá-lo cuidadosamente, como se escovasse um cavalo de corrida. Albert sentiu o coração estremecer-lhe de tão impressionado. Fingiu ter pressa, deixou a mansão para trás, desenhou um grande círculo percorrendo algumas ruas vizinhas e regressou pelo jardim, descobriu um banco que, de través, deixava ver a fachada da casa e sentou-se". 







Cliquem no mapa e vão fazendo zoom para verem bem o cruzamento do boulevard de Courcelles com a rue de Prony. Como se pode ver, não fica muito longe da Place de l'Étoile. E se procurarem bem, até vão conseguir encontrar o banco onde Albert se sentou, antes de se decidir a entrar.
 



página 263:

"Cometer...um sacrilégio! Roubar o dinheiro dos monumentos aos mortos é como profanar um cemitério, é um...um escândalo patriótico! Porque, embora o Governo desembolse alguma coisa, o grosso do dinheiro, para esse género de monumentos, de onde é que vem? Das famílias das vítimas! Das viúvas, dos pais, dos órfãos, dos camaradas de combate! Comparado contigo, o Landru vai passar por um menino que faz a primeira comunhão. Vais ter o país todo à perna, o país todo contra ti! E quando te apanharem, terás direito a um julgamento que será um simples pró-forma porque desde o primeiro dia que a guilhotina há-de estar montada à tua espera! Bem sei que, com a tua cabeça, não andas lá muito contente, tu. Mas a minha ainda me vai servindo bastante bem!"  

página 432:

"Jules d'Épremont e os seus cúmplices, depois de serem presos (se viessem um dia a sê-lo), deixariam de ser indivíduos. Tornar-se-iam fenómenos de atualidade, curiosidades, como o fora Raoul Villain, como Landru começava a tornar-se." 


LANDRU

Henri Désiré Landru (1869-1922) foi um assassino em série francês. Recebeu a alcunha de "Barba Azul de Gambais", por associação ao personagem do conto de Perrault (pela barba comprida e pelas mortes violentas das mulheres). Gambais é o nome da localidade, a 65 km de Paris, onde ele tinha uma casa alugada, para onde levava as vítimas e onde as matava. Casado com uma prima de quem teve 4 filhos, desde cedo se dedicou a pequenos delitos, fraudes, desfalques e foi preso e multado várias vezes. Mas o que o tornou conhecido foi a morte macabra de 10 mulheres e do filho de uma delas. Fazendo-se passar por viúvo, através de anúncios matrimoniais, entre 1914 e 1919, seduziu mulheres viúvas ou solteiras. Depois de as fazer assinar uma procuração sobre os bens, matou-as e fez desaparecer os corpos, queimando-os (ou partes deles) no forno do fogão da casa de Gambais. Descoberto, foi preso em abril de 1919 e após 2 anos e meio de instrução, começou a ser julgado em novembro de 1921. Foi um processo que apaixonou os contemporâneos. O seu julgamento foi comparado a um espetáculo, ao qual toda a gente queria assistir. Vendiam-se mesmo lugares no mercado negro. Até o fogão no qual se supõe que Landru  queimou os corpos das suas vítimas foi levado à sala de audiências. Landru tornou-se uma vedeta, fazendo rir a assistência com a sua eloquência e as suas réplicas irónicas. De tal maneira que nas eleições legislativas de 1919, cerca de 4 mil boletins de voto apresentavam o seu nome. Foi condenado à morte na guilhotina em 30 de novembro de 1921 e guilhotinado no dia 25 de fevereiro de 1922.


RAOUL VILLAIN

Raoul Villain (1885-1936) ficou conhecido por ter assassinado  o líder socialista Jean Jaurès, em 31 de julho de 1914, na véspera do início da 1ª Guerra. Esteve preso, sem julgamento, até março de 1919, altura em que foi absolvido, sendo que a viúva de Jaurès ainda teve que pagar as custas do processo. Houve grandes manifestações populares de protesto e, temendo represálias, Raoul Villain refugiou-se em Ibiza. Foi aí assassinado pelos republicanos, em março de 1936, acusado de espionagem em favor de Franco.  

GUILHOTINA

A guilhotina funcionou em França até 1977. A última execução foi em 10 de setembro de 1977, de um imigrante tunisino condenado por assassinato, mas só em setembro de 1981 a França aboliu a pena de morte, abandonando assim a guilhotina.  







 Jean Jaurès
Raoul Villain

páginas 399-400



"Na casa (entenda-se, no "Lutetia"), tinham bastado 2 ou 3 dias para que Monsieur Eugène passasse a ser famoso. Pagava a suite em líquido, com vários dias de antecedência, ainda não lhe tinham apresentado a conta e já ele a tinha pago. "



página 400:



"O diretor do hotel visitara-o pessoalmente para lhe explicar que a sua generosidade era apreciada, mas que as suas fantasias...É que está num grande hotel, Monsieur Eugène, temos de pensar nos outros clientes e na nossa reputação." 



página 401:



"Excetuadas as suas intrigantes, mas raras saaídas noturnas, Monsieur Eugène passava todo o tempo na grande suite do sexto piso..."  



página 402:



"Aquela suite era a maior do hotel; as grandes janelas, que davam sobre o Bon Marché, dominavam Paris inteira, era preciso muito dinheiro para se ter o direito de ali estar. "



O Hotel Lutetia, localizado no Boulevard Raspail, nº 45, na área de Saint-Germain-des-Prés, é um dos hotéis mais conhecidos da margem esquerda. Foi construído em 1910 no estilo Arte Nova. Devido à sua reputação, foi frequentado por grande número de artistas e políticos bastante conhecidos. Durante a Segunda Guerra, foi requisitado pelas tropas alemãs que ocuparam Paris e o usaram como seu quartel general. No fim da Guerra, recebeu vários refugiados. Quando Paris voltou à normalidade, o hotel foi restaurado e voltou ao seu estado anterior como hotel de luxo. O hotel fechou para obras em abril de 2014, para uma reforma que custou cerca de 200 milhões de euros. Reabriu em julho de 2018. No "Booking", o quarto mais barato custa 760€ por noite. Sem pequeno almoço. O pequeno almoço custa 52€.





Localização: cruzamento do Boulevard Raspail com a Rue de Sèvres:












página 491:

"A personagem de Joseph Merlin, livremente inspirado em Cripure e o de Antonapoulos, inspirado na personagem homónima, são ambos sinal da minha afeição e da minha admiração por Louis Guilloux e por Carson McCullers."

Louis Guilloux (1899-1980)

Cripure é o personagem principal do livro "Le sang Noir", de 1935, do escritor francês Louis Guilloux. O seu verdadeiro nome é François Merlin, um professor de filosofia, Cripure é a sua alcunha (vem de "Critique de la Raison Pure", que ele cita constantemente). Cripure tem pés e mãos demasiado grandes, devido à doença de que sofre, Acromegalia, que se caracteriza, entre outras coisas, pelo aumento de mãos e pés. Guilloux ter-se-á inspirado no seu professor de filosofia Georges Palante, que sofria desta doença. Também o personagem Joseph Merlin, de "Até nos vermos lá em cima", parece padecer deste mal, como se pode ver pelas seguintes descrições: 

página 276/7:

"Membros demasiado compridos, um rosto rubicundo, uma testa estreita, cabelos curtos que nasciam muito em baixo, a ponto de quase se confundirem com as sobrancelhas (...) e sobretudo, sobretudo, um par de sapatorras colossais, exorbitantes, um par de peças quase bíblicas." 

página 342:

"...as suas mãozorras enormes, as suas chancas monstruosas..."

página 389:

"Este último reparou nos enormes sapatos sujos e gastos do homem..."

Carson McCullers (1917-1967)

Foi uma escritora americana. A obra em cujo personagem, Antonapoulos, Pierre Lemaitre se inspirou, chama-se "O coração é um caçador solitário" e foi escrita quando ela tinha apenas 23 anos, em 1940. Teve um êxito retumbante. Foi adaptada ao cinema em 1968.  


"Couleurs de l'incendie", lançado em França em janeiro de 2018, é o 2º volume da trilogia inaugurada com "Au revoir là-haut".

"Couleurs de l'incendie" acompanha a saga da família Péricourt entre fevereiro de 1927 e 1933.

Ainda não se encontra traduzido para português. 


O filme

O realizador francês Albert Dupontel realizou um filme a partir do livro de Pierre Lemaitre, que tem o mesmo nome. Estreou em França em outubro de 2017 e em Portugal em abril de 2018.

Albert Dupontel é simultaneamente realizador e ator, no filme faz o papel do personagem Albert Maillard.    





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