sexta-feira, 27 de setembro de 2024

CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO 2024

Na passada quinta-feira, dia 26 de setembro, pelas 21h00, decorreu a sessão, do mês de setembro do Clube de Leitura, para a análise e discussão da obra "Cravos e ferraduras" de J. Rentes de Carvalho, publicada nos inícios do ano corrente.

O título da obra remete-nos para a expressão idiomática "Dar uma no cravo e outro na ferradura" onde na verdade são expostos uma grande diversidade de perspectivas, ou seja os vários lados de uma contenda.

Trata-se de 84 pedaços do seu Trás-os-Montes, escritos entre o conto, a crónica e o apontamento lateral, através da perspectiva de Rentes de Carvalho, nos seus 94 anos, que nos retrata um Portugal anacrónico ao contrário do que nos transmitido através da TV ou das redes sociais um país civilizado.

No interior profundo ou na periferia das grandes cidades há ainda um terceiro estrato onde deambulam gente desamparada, resignada ou no obscurantismo mais profundo. São estas personagens escolhidas pelo autor, depois de o ter feito com os neerlandeses e ter colhido o fruto de quem tem a rudeza de confrontar um povo com a sua face.

Nesta obra, somos nós os heróis dos relatos, a partir de uma realidade vivida, contada ou recordada como nos serões antigos em que mais velhos narravam proezas idas, e em que os mais torpes pareciam saídos de um lugar remoto, porém tão excessivamente familiar.

Histórias desfiadas com aspereza e sobranceria, uma espécie de breviário que desmonta a candura de uma ruralidade não contaminada pelos novos tempos, um retrato do país, de todos nós pontuados com erotismo, humor, cumplicidade, atrevimento, proximidade, umas vezes rindo, outras vezes macambúzio.

No conto "Bingo" o autor confessa "continuo a acreditar que só as histórias do passado possuem os ingredientes necessários ao sonho. As do presente parecem quase sempre carecer de elementos essenciais... para sonhar, recordo de vez em quando as histórias de antigamente, e é como se pudesse viajar no tempo".

No entanto, nos contos "O doutor Google", Culpa da Netflix"ou no "Dom da mãe" são retratadas preocupações da atualidade como a dependência das redes sociais e dos telemóveis em que o puto Kevin "vive com telemóvel a modos de prótese", sem deixar de fazer referência às guerras brutais que decorrem no Médio Oriente e no Leste Europeu.









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