sábado, 27 de setembro de 2025

CLUBE DE LEITURA - OUTUBRO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 30 de outubro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Siddhartha" de Herman Hesse.


Sinopse: 
Siddhartha, filho de um brâmane, nasceu na Índia no século VI a.C. Passa a infância e a juventude isolado das misérias do mundo, gozando uma existência calma e contemplativa. A certa altura, porém, abdica da vida luxuosa, protegida, e parte em peregrinação pelo país, onde a pobreza e o sofrimento eram regra. Na sua longa viagem existencial, Siddhartha experimenta de tudo, usufruindo tanto as maravilhas do sexo, quanto o jejum absoluto. Entre os intensos prazeres e as privações extremas, termina por descobrir «o caminho do meio», libertando-se dos apelos dos sentidos e encontrando a paz interior. Em páginas de rara beleza, Siddhartha descreve sensações e impressões como raramente se consegue. Lê-lo é deixar-se fluir como o rio onde Siddhartha aprende que o importante é saber escutar com perfeição.

Quem é Herman Hesse?



PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1946

Romancista e poeta alemão, Hermann Hesse nasceu em 1877 na pequena cidade de Calw, na orla da Floresta Negra e no estado de Wüttenberg. Como os pais depositavam esperanças no facto de Hermann Hesse poder vir a seguir a tradição familiar em teologia, enviaram-no para o seminário protestante de Maulbronn, em 1891, mas acabou por ser expulso. Passando a uma escola secular, o jovem Hermann tornou a revelar inadaptação, pelo que abandonou os seus estudos.
Hermann Hesse começou depois a trabalhar, primeiro como aprendiz de relojoeiro, como empregado de balcão numa livraria, como mecânico, e depois como livreiro em Tübingen, onde se teria juntado a uma tertúlia literária, "Le Petit Cénacle", que teria, não só grandemente fomentado a voracidade de leitura em Hesse, como também determinado a sua vocação para a escrita. Assim, em 1899, Hermann Hesse publicou os seus primeiros trabalhos, Romantischer Lieder Eine Stunde Hinter Mitternacht , volumes de poesia de juventude.
Depois da aparição de Peter Camenzind, em 1904, Hesse tornou-se escritor a tempo inteiro. Na obra, refletindo o ideal de Jean-Jacques Rousseau do regresso à Natureza, o protagonista resolve abandonar a grande cidade para viver como São Francisco de Assis. O livro obteve grande aceitação por parte do público.
Em 1911, e durante quatro meses, Hermann Hesse visitou a Índia, que o teria desiludido mas, em contrapartida, constituído uma motivação no estudo das religiões orientais. No ano seguinte, o escritor e a sua família assentaram arraiais na Suíça. Nesse período, não só a sua esposa começou a dar sinais de instabilidade mental, como um dos seus filhos adoeceu gravemente. No romance Rosshalde (1914), o autor explora a questão do casamento ser ou não conveniente para os artistas, fazendo, no fundo, uma introspeção dos seus problemas pessoais.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Hesse demonstrou ser desfavorável ao militarismo e ao nacionalismo que se faziam sentir na altura e, da sua residência na Suíça, procurou defender os interesses e a melhoria das condições dos prisioneiros de guerra, o que lhe valeu ser considerado pelos seus compatriotas como traidor.
Finda a guerra, Hesse publicou o seu primeiro grande romance de sucesso, Demian (1919). A obra, de caráter faustiano, refletia o crescente interesse do escritor pela psicanálise de Carl Jung, e foi louvada por Thomas Mann. Assinada nas primeiras edições com o nome do seu narrador, Emil Sinclair, Hesse acabaria por confessar a sua autoria. Deixando a sua família em 1919, Hermann Hesse mudou-se para o Sul da Suíça, para Montagnola, onde se dedicou à escrita de Siddharta (1922), romance largamente influenciado pelas culturas hindu e chinesa e que, recriando a fase inicial da vida de Buda, nos conta a vida de um filho de um Bramane que se revolta contra os ensinamentos e tradições do seu pai, até poder eventualmente encontrar a iluminação espiritual. A obra, traduzida para a língua inglesa nos anos 50, marcou definitivamente a geração Beat norte-americana.
1919 foi também o ano em que Hesse travou conhecimento com Ruth Wenger, filha da escritora suíça Lisa Wenger e bastante mais nova que o autor. O escritor renunciou à cidadania alemã, em 1923, optando pela suíça. Divorciando-se da sua primeira esposa, Maria Bernoulli, casou com Ruth Wenger em 1924, tendo o casamento durado apenas alguns meses. Dessa experiência teria resultado uma das suas obras mais importantes, Der Steppenwolf (1927). No romance, o protagonista Harry Haller confronta a sua crise de meia-idade com a escolha entre a vida da ação ou da contemplação, numa dualidade que acaba por caracterizar toda a estrutura da obra.
Em 1931 voltou a casar, desta feita com Ninon Doldin, de origem judaica. Com apenas quatorze anos, havia enviado, em 1909, uma carta a Hermann Hesse, e desde então a correspondência entre ambos não mais cessou. Conhecendo-se acidentalmente em 1926, foram viver juntos para a Casa Bodmer, estando Ninon separada do pintor B. F. Doldin, e a existência de Hesse ter-se-à tornado mais serena.
Durante o regime Nacional-Socialista, os livros de Hermann Hesse continuaram a ser publicados, tendo sido protegidos por uma circular secreta de Joseph Goebbels em 1937. Quando escreveu para o jornal pró-regime Frankfürter Zeitung, os refugiados judeus em França acusaram-no de apoiar os Nazis. Embora Hesse nunca se tivesse abertamente oposto ao regime Nacional-Socialista, procurou auxiliar os refugiados políticos. Em 1943 foi finalmente publicada a obra Das Glasperlernspiel, na qual Hesse tinha começado a trabalhar em 1931. Tendo enviado o manuscrito, em 1942, para Berlim, foi-lhe recusada a edição e o autor foi colocado na Lista Negra Nacional-Socialista. Não obstante, a obra valer-lhe-ia o prémio Nobel em 1946.
Após a atribuição do famoso galardão, Hesse não publicou mais nenhuma obra de calibre. Entre 1945 e 1962 escreveria cerca de meia centena de poemas e trinta e dois artigos para os jornais suíços.
A nove de agosto de 1962, Hermann Hesse veio a falecer, aos oitenta e cinco anos, durante o sono, vítima de uma hemorragia cerebral.


CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO 2025

Na passada quinta-feira, dia 25 de setembro, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube para a abordagem e discussão da obra "Inquieta", de Susana Amaro Velho, terceiro romance da escritora depois de "As últimas linhas destas mãos" e "Bairro das Cruzes".

Trata-se de um romance psicológico muito intenso. A narrativa não é linear, pormenorizada, com avanços e recuos no tempo. A autora escolhe intervalos de dez anos para podermos acompanhar o percurso psicológico de Julieta, a personagem principal.

A escrita é fácil, corrida, cativante, talvez nas passagens de introspecção se torne mais lenta, revelando muita intimidade emocional, um livro que nos deixa a pensar, a refletir, a respirar mais rápido.

Há de tudo: abandono, paternidade incógnita, paixão doentia, insegurança, violência psicológica, obsessão pela maternidade, perdas, infidelidades, manipulação, fragilidade, mas também amizades puras.

Durante a leitura ficamos divididos entre o que parece ser uma realidade perfeita e um interior perturbado da Julieta (e com razão, já que ela era um "cemitério de memórias"), memórias de eventos passados traumáticos que a moldaram para sempre e dos quais não se consegue libertar nem com ajuda clínica. Essas memórias que a destroem e condicionam o presente e que estão sempre a ressuscitar.

Julieta é uma personagem marcada pela mãe e pelo Gustavo, que a destruiram, deixando-a com feridas abertas.

Podemos questionar se houve mesmo um aborto, um Jaime que seria a razão última para o fim do relacionamento.

Quando parecia que com o Zé, o seu novo amor, tudo se resolveria afinal, as memórias não lhe davam tréguas.

E como de facto o tratamento com as consultas não resultou, temos até ao fim um crescendo de um processo de autodestruição.

A autora usou uma mestria incrível para deixar o leitor completamente supreendido e "agarrado" até ao final, que se pensava horrível mas foi de superação. Fica a sensação de inquietude durante a narrativa e também no Gran Final, no qual nos é desvendado o mistério da doença mental da personagem e nos obriga a criar empatia com todas as Julietas que carregam tantos traumas que por vezes levam à loucura.










domingo, 7 de setembro de 2025

CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 25 de setembro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Inquieta" de Susana Amaro Velho.


Sinopse: Poderá um amor de juventude inquietar uma vida inteira?


Julieta parece ter a vida perfeita. Aos trinta e sete anos tem um marido adorável que cozinha os melhores bolos. O emprego com que sempre sonhou e que a preenche. Uma casa cheia de luz e livros, onde a mesa está enfeitada com camélias. Então, por que motivo está agora sobre o varadim escorregadio de uma ponte, descalça e suja de sangue, prestes a saltar?

Afinal, nem tudo o que parece é. Quando um amor antigo regressa do passado, traumas são ressuscitados e uma proposta impensável desperta em Julieta um fantasma adormecido. Mas que proposta é essa que vem tornar a verdade perturbadora? E o que é a verdade quando a própria realidade a confunde?

Inquieta é um relato cru e intenso dos anseios e traumas de uma mulher. É a história de alguém incapaz de fugir do abismo da própria memória e de se sentir livre.

Quem é Susana Amaro Velho?


Nasceu em Mafra em março de 1986. Estudou Jornalismo e Solicitadoria e trabalha atualmente como 
freelancer na área da comunicação.

Publicou o seu primeiro romance em 2017. Em 2022, foi a primeira autora portuguesa a integrar a chancela Aurora, com Inquieta, onde também viria a reeditar Bairro das Cruzes. Participou no projeto coletivo O Sono Delas e, em 2024, publicou Descansos, distinguido pela revista NiT como Melhor Livro do Ano.
Vive numa aldeia, entre o sossego e o caos feliz de uma casa com três filhos pequenos. As Últimas Linhas Destas Mãos, o seu romance de estreia, é agora reeditado numa edição totalmente revista.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

CLUBE DE LEITURA - JULHO

Na passada quinta-feira, dia 31 de julho, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube para a abordagem e discussão da obra " Os meus homens", de Victoria Kielland, romance revelação, que alcançou um sucesso internacional junto da crítica e dos leitores.

Foram-lhe atribuídos vários prémios como Stig Saeterbakken Memorial Award 2021, Doubloug Prize 2022 e Thorleif Dahal Prize 2022, sendo considerada a mais jovem autora a receber estes prémios.

Trata-se de um romance psicológico em que se acompanha a mente de uma mulher perturbada até ao seu colapso final numa Noruega, em finais do século XIX.

Este romance foi baseado numa história verídica de uma mulher que assassinou cerca de 40 pessoas.
Depois de um intenso caso amoroso que termina da pior forma, Brynhild, com dezassete anos emigra para os EUA em busca de uma nova vida, fortuna e fé verdadeira, mas acima de tudo um amor absoluto.
Essa procura obssessiva vai levá-la à violência e uma pulsão da morte.
A autora consegue transmitir a vida interior da personagem, de forma empática e do seu percurso até à loucura.
A narrativa apesar de ser construída em prosa, em algumas passagens remete-nos para a prosa poética de rara beleza literária, com "um estilo que é único na literatura norueguesa".















terça-feira, 8 de julho de 2025

CLUBE DE LEITURA - JULHO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 31 de julho, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Os meus homens" de Victoria Kielland (1985).

Sinopse: Nascida Brynhild Størset, em 1859, numa família modesta na Noruega, Belle Gunness, como ficou conhecida, partiu em busca do sonho americano no final do século XIX. Com o tempo, Belle tornou-se cada vez mais alienada, implacável e perversamente atraente, e terá assassinado mais de quarenta pessoas, a maioria homens.

É o seu incrível destino que está no centro deste romance: o de uma mulher cujas injustiças de classe, a busca pelo amor absoluto e a austeridade religiosa levam à loucura assassina. Da Chicago do final do século XIX a uma quinta em La Porte, no Indiana, Belle atrairá e depois matará os seus maridos, os próprios filhos, os rapazes da quinta e outros jovens escandinavos recém-chegados aos Estados Unidos, que ela seduz por meio de anúncios em jornais.

Neste romance cru, visceral e hipnótico, Victoria Kielland imagina a tumultuosa vida interior desta norueguesa que se tornou Belle Gunness - a primeira mulher assassina em série dos Estados Unidos. Escrito numa prosa de uma beleza selvagem, Os Meus Homens é um retrato radicalmente empático e inquietante de uma mulher consumida pelo desejo.

Os Meus Homens é um texto carnal e sombriamente poético que dá voz aos tormentos de Belle, ao seu apetite erótico, à sua necessidade insaciável de ser amada e ao peso da culpa luterana que a persegue neste novo país onde ela, como tantos outros, espera reinventar-se.

Quem é Victoria Kielland?

É uma das vozes mais originais da literatura norueguesa da sua geração.
Estreou-se com o volume de contos I Lyngen (2013), finalista do prémio Tarjei Vesaas, e o seu primeiro romance, Dammyr (2016), foi finalista do Youth Critics’ PrizeOs Meus Homens (2021), o seu segundo romance, foi galardoado com o Stig Sæterbakken Memorial Award, com o Thorleif Dahl Prize e o The Dobloug Prize.
No Festival Norueguês de Literatura, em Lillehammer, em junho de 2022, na entrega do prestigiado Doubloug Prize, o júri disse da mais jovem autora a receber este prémio: «Victoria Kielland tem uma maneira muito física de se expressar, um estilo que é único na literatura contemporânea norueguesa.»
Os Meus Homens é o romance revelação da autora, tendo alcançado sucesso internacional junto da crítica e dos leitores.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

CLUBE DE LEITURA - JUNHO 2025

Na passada quinta-feira, dia 26 de junho, pelas 21h00 decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura, para análise e discussão da obra "Cabeça, coração e estômago" de Camilo Castelo Branco, obra publicada postumamente em 1962.

Em 1859, o romance entre Camilo Castelo Branco e Ana Plácido torna-se do conhecimento público no Porto, levando ambos à prisão. Camilo tinha então 34 anos. Este episódio marca o início de um período particularmente fértil na sua produção literária, durante o qual escreve várias obras, entre elas Coração, Cabeça e Estômago.

O romance tem como protagonista Silvestre da Silva, que, após a sua morte, deixa uma autobiografia ao seu editor (Camilo Castelo Branco) na esperança de que este a publique para saldar as dívidas que deixou por pagar.

 A obra está dividida em três partes, cada uma representando uma fase distinta da vida do protagonista:

Coração

Passada em Lisboa, esta parte acompanha a juventude de Silvestre da Silva, marcada por pelas emoções, pelo coração, tendo vários amores fugazes e superficiais, que acabam invariavelmente em desilusão. Entre as suas paixões contam-se: uma vizinha órfã, uma vizinha de nome desconhecido, uma quarentona que gere uma hospedaria, Clotilde (uma mulher casada), uma viúva proprietária de um hotel, uma mulata e Elisa de La Salete.

Cabeça

Decorrida na cidade do Porto, esta fase corresponde à idade adulta de Silvestre e a uma tentativa de vida mais racional e responsável. Valoriza a carreira, colabora com o Periódico dos Pobres e procura casar com uma mulher rica e séria. Uma tentativa que acaba por falhar. Acaba acusado e condenado por calúnia, agravando a sua frágil situação financeira. Apesar disso, começa aqui a alimentar ambições políticas.

 Estômago

A terceira e última parte decorre na província, entre Soutelo e Carrazedo de Montenegro. Marca o início de uma vida mais tranquila e serena, centrada no prazer da boa mesa. Já mais velho, Silvestre casa-se com Tomásia, que o trata bem, e instala-se na casa do sogro. A sua principal preocupação passa a ser o bem-estar físico e o prazer gastronómico.

Convida o editor a passar uma temporada em sua casa. Este, crítico do desprendimento intelectual do protagonista, acusa-o de se ter “entorpecido”. Silvestre responde com a frase: “Brutaliza-te, faz-te estômago”, numa tentativa de convencer o amigo a render-se aos prazeres da gula.

É nomeado regedor, o seu primeiro sucesso político, mas acaba acusado de abuso de poder em benefício próprio, numa crítica evidente à classe política.

Morre provavelmente em consequência dos excessos alimentares e da negligência com a própria saúde. Deixa os seus escritos ao editor, que os publica, que não parece muito convencido do talento do amigo e autor.

A obra é uma crítica à sociedade da época, destacando a devassidão, a hipocrisia, a duplicidade e decadência moral, visando várias classes, como os ricos, políticos e o clero.

A linguagem utilizada na obra é algo complexa, com muitas expressões e frases da época em que o texto foi escrito, bem como várias palavras desconhecidas para os leitores atuais, o que dificulta uma leitura fluída e clara. 









terça-feira, 3 de junho de 2025

CLUBE DE LEITURA - JUNHO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 26 de junho, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Coração, cabeça e estômago" de Camilo Castelo Branco.


Sinopse: «Autobiografia amorosa de Silvestre da Silva, ou o caminho em direção a Tomásia com passagem por órfãs, viúvas, a mulher que o mundo respeita, a mulher que o mundo despreza… Uma experimentação pioneira na irrisão do sentimentalismo a partir de dentro. E também de fora, claro.»
Abel Barros Baptista

Coração, Cabeça e Estômago é um dos romances mais aclamados de Camilo Castelo Branco.


Quem é Camilo Castelo Branco?

Nasceu em 1825, em Lisboa, e faleceu em 1890, em S. Miguel de Seide (Famalicão). Com uma breve passagem pelo curso de Medicina, estreia-se nas letras em 1845 e em 1851 publica o seu primeiro romance, Anátema. Em 1860, na sequência de um processo de adultério desencadeado pelo marido de Ana Plácido, com quem mantinha um relacionamento amoroso desde 1856, Camilo e Ana Plácido são presos, acabando absolvidos no ano seguinte por D. Pedro V. Entre 1862 e 1863, Camilo publica onze novelas e romances, atingindo uma notoriedade dificilmente igualável. Tornou-se o primeiro escritor profissional em Portugal, dotado de uma capacidade prodigiosa para efabular a partir da observação da sociedade, com inclinação para a intriga e análise passionais. Considerado o expoente do romantismo em Portugal, autor de obras centrais na história da literatura nacional, como Amor de PerdiçãoA Queda dum Anjo e Eusébio Macário, Camilo Castelo Branco, cego e impossibilitado de escrever, suicidou-se com um tiro de revólver a 1 de Junho de 1890.

CLUBE DE LEITURA - MAIO 2025

Na passada quinta-feira, dia 29 de maio, pelas 21h00 decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura, para análise e discussão da obra "Não há pássaros aqui" do jovem escritor brasileiro, Victor Vidal e Prémio Leya 2023.

Esta obra teve como fonte de inspiração uma visita à casa de Anne Frank e da sua família durante a Segunda Guerra Mundial, em Amsterdão, levando o autor a refletir sobre os traumas de infância e a necessidade de esconderijos físicos e emocionais.

Trata-se de uma história de violência, com uma análise psicológica precisa, onde não faltam relações familiares complexas, alcoolismo associado que levam à solidão e deixam cicatrizes visíveis.

Há também algum suspense criado à volta do trauma de Ana, pelo que se passou certa noite: “Eu sou uma criança maligna”.

Exagero? A realidade não é assim?

É realidade pura.

A personagem principal Ana, em crescimento, é filha de um silêncio, mas um silêncio que grita. Cresceu sem conhecer o pai, entre garrafas vazias, maus tratos e abandono. Aprendeu a andar sem fazer barulho, tendo também sido vítima de abuso sexual.

A sua vida são escombros, um deserto de amor. Acaba por matar o homem para defender a mãe. Na sua casa de infância não há pássaros, não há felicidade, nem esperança, nem forma de fugir à desgraça.

Ana enquanto adulta acaba por conseguir afastar-se fisicamente da mãe a quem até trata pelo seu nome próprio.

Assim, apresenta alguns comportamentos degradantes de caráter patológico, de autodestruição (automutilação), inclusive, encontros ocasionais de índole sexual com desconhecidos, destruição de uma obra de arte de valor estimativo para o seu melhor amigo, etc.

Predominam sentimentos de raiva, medo, e simultaneamente de brutalidade para com as pessoas e um crescente desejo de suicídio no final, apesar de esta ação ficar um pouco em aberto para os leitores. Mas, não poderia ser diferente, porque a sua vida continuou e sem pássaros era terrível.

Em resumo, todas as personagens além de Ana, a mãe – Andrea, Tomás, Benjamim, revelam os seus traumas de infância e o quanto isso lhes causou desequilíbrios que permanecem ainda durante a vida adulta.

O autor, nesta obra propõe uma “reflexão madura sobre o modo como aquilo que vivemos na infância determina a nossa vida adulta, e como tendemos a reproduzir comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os condenamos”.

As metáforas implícitas na obra, como por exemplo, a do fogo, simboliza o rompimento com o passado aterrador e a metáfora dos pássaros representa uma esperança de dias bons.

Segundo a farmácia literária da Bertrand, esta obra está indicada para encarar o lado mais sombrio do comportamento humano; purgar traumas de infância relativos a famílias disfuncionais, tóxicas, negligentes, violentas e abusivas; sentir-se amparado, no reviver de memórias dolorosas e subsequentes, quadros de ressentimento e amargura, vergonha e solidão; treino de empatia e de compaixão.

Efeitos secundários:

Possíveis sentimentos de desconforto, angústia, aversão, tristeza e desesperança; maior sensibilidade à vulnerabilidade dos outros; refrear a tentação de julgar/condenar liminarmente os outros,  necessidade de focar-se na beleza das pequenas coisas, na redenção pela amizade e pelo amor, busca de alegria e leveza.

Posologia: ler ao ritmo.

Ana Paula Oliveira

 









 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 29 de maio, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Não há pássaros aqui" de Victor Vidal.

Sinopse: Ana recebe um telefonema de uma vizinha da mãe informando que Andrea desapareceu na sequência de uma série de escândalos no bairro, entre os quais o suposto sequestro de uma criança. Apesar de ter jurado a si mesma que não voltaria à casa da mulher que lhe infligiu todo o tipo de violência, Ana não consegue ficar indiferente à situação; e o que encontra no apartamento é bastante intrigante: lixo por toda a parte, pegadas de lama, móveis destruídos, garrafas vazias amontoadas no caixote.

Enquanto se interroga sobre o que terá sido a vida de Andrea desde o dramático acontecimento que marcou as duas para sempre, Ana empreende uma dolorosa viagem às memórias da infância, que incluem não só uma mãe desequilibrada e alcoólica que tem um relacionamento conturbado com um homem perigoso, mas também um rapaz frágil que a faz cúmplice dos seus traumas e, por via das afinidades, se torna o seu único amigo. E, apesar de não se verem há muitos anos e de Ana o ter desiludido, é justamente a este amigo que resolve agora pedir ajuda.

Com personagens inesquecíveis e desconcertantes, Não Há Pássaros Aqui é uma reflexão madura sobre o modo como aquilo que vivemos na infância determina a nossa vida adulta e como tendemos a reproduzir comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os condenamos.

Num tempo em que a saúde mental é um problema à escala global, este é um romance de estreia profundamente atual que venceu o Prémio LeYa em 2023

Quem é Victor Vidal?


Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil. É historiador da arte e doutor em Estudos Críticos das Artes. Publicou diversos textos sobre arte japonesa e trabalhou no setor educativo de museus e centros culturais. A atividade literária sempre esteve presente na sua trajetória, mas levou algum tempo até desenvolver algo que considerasse importante ou maduro o suficiente para mostrar a outras pessoas. Começou a trabalhar em Não Há Pássaros Aqui enquanto ainda estava na carreira docente, a partir de uma ideia que teve após conhecer a casa em que Anne Frank se escondeu com a família durante a Segunda Guerra Mundial. O local instigou-o a pensar sobre traumas de infância e esconderijos. Relações entre pais e filhos, solidão e trauma são temas que o interessam e fazem parte da sua produção literária.

 

 

 


CLUBE DE LEITURA ABRIL 2025

No passado dia 24 de abril, pelas 21h00, decorreu a sessão de abril do Clube de Leitura para análise e discussão da obra "Nós matámos o cão-tinhoso" do moçambicano Luis Bernardo Honwana (1942-)

Volvidos 50 anos sobre a Independência de Moçambique, o Clube de Leitura abordou em abril uma obra que relembra os malefícios do império colonialista português.

Nós Matámos o Cão-Tinhoso é uma coletânea de sete contos publicada em 1964, quando o autor tinha apenas 22 anos. Trata-se de uma obra marcante da literatura moçambicana, que se destaca pela força temática e simbólica, apesar da linguagem simples.

Através de uma escrita acessível, o autor transmite emoções intensas e expõe, de forma crítica e simbólica, temas como o racismo, a desigualdade social, o abuso sexual, a violência do regime colonial português, a desumanização e a perda da inocência.

Entre os contos que compõem a obra, destaca-se aquele que lhe dá o título. Narrado por uma criança, relata a história de um cão doente, rejeitado e condenado, que simboliza os oprimidos do sistema colonial. As crianças, por sua vez, incitadas por figuras de autoridade, representam a forma como a violência e a opressão são perpetuadas através da educação e da interiorização de valores discriminatórios. O contraste entre a pureza dos sentimentos infantis e a brutalidade do contexto social e político é particularmente marcante.

Outro conto relevante é Dina, que denuncia o abuso sexual de mulheres negras por parte de colonizadores brancos. Através da descrição de uma cena de violação, o conto expõe a raiva contida dos trabalhadores agrícolas, que, apesar da revolta, permanecem submissos ou são condenados a um fim trágico.

Todos os contos constituem um testemunho poderoso do ambiente de miséria, opressão e exclusão vivido em Moçambique durante o período colonial. Esta obra teve um impacto significativo, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica essencial aos movimentos de libertação das colónias.

O autor, que apoiou ativamente a luta pela independência, foi preso em 1964. Em 1969, em pleno contexto colonial e com a guerra em curso, Nós Matámos o Cão-Tinhoso foi publicado em língua inglesa, alcançando grande divulgação e reconhecimento internacional. Após a independência de Moçambique, o autor assumiu vários cargos políticos, tendo chegado a ser Ministro da Cultura.






 

 


sábado, 12 de abril de 2025

CLUBE DE LEITURA - ABRIL

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 24 de abril, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Nós matamos o cão tinhoso" de Luís Bernardo Honwana.


Sinopse: 
Luis Bernardo Honwana nasceu na então cidade de Lourenço Marques (Moçambique) em 1942 e cresceu em Moamba, pequena cidade do interior onde seu pai trabalhava como intérprete. Aos 17 anos passou a viver na capital da colónia. Aí estudou e aí se iniciou precocemente na actividade jornalística. Apoiou a luta pela libertação, foi preso em 1964 e ficou encarcerado por três anos.

Em 1969, em pleno colonialismo, e com a guerra colonial no auge, Nós matámos o Cão-Tinhoso é publicado em língua inglesa e obtém grande divulgação e reconhecimento internacional.
Após a independência do seu país, desempenhou diversos cargos políticos chegando a ser Ministro da Cultura.
"Não sei se realmente sou escritor. Acho que apenas escrevo sobre coisas que, acontecendo à minha volta, se relacionem intimamente comigo ou traduzam factos que me pareçam decentes. Este livro de histórias é o testemunho em que tento retratar uma série de situações e procedimentos que talvez interesse conhecer.
Chamo-me Luis Augusto Bernardo Manuel. O apelido Honwana não vem nos meus documentos. Sou filho de Raul Bernardo Manuel (Honwana) e de Nally Jeremias Nhaca. Ele intérprete da administração da Moamba e ela doméstica. Tenho oito irmãos". 

Luis Bernardo Honwana in Prefácio à primeira edição de Nós matámos o Cão-Tinhoso.

CLUBE DE LEITURA - MARÇO 2025

Na última sessão do clube, cada participante trouxe consigo um poema ou excerto de um dos escritores celebrados na edição deste ano do Poesia à Mesa, partilhando não apenas a leitura, mas também as razões pelas quais aquele texto ou poeta lhes tocava de forma especial. 

Foi unânime que esta edição trouxe ao conhecimento dos nossos leitores novos poetas, mais ou menos conhecidos, mas é também com esse objetivo que o festival Poesia à Mesa se propõe a divulgar os poetas de língua portuguesa. 
  • Carlos Eurico Costa (1928-1988) Viana do Castelo
  • João Luís Barreto Guimarães (1967-) Porto
  • Francisca Camelo (1990-) Porto
  • Conceição Lima (1961-) S. Tomé e Príncipe
  • João Pedro Mésseder (1957-) Porto
  • Rosa Oliveira (1958-) Viseu
Com uma seleção cuidada de poemas e textos, percorremos estilos e vozes distintas, redescobrindo a força da palavra poética e a sua capacidade de nos emocionar, questionar e inspirar. A diversidade das escolhas revelou a riqueza dos autores homenageados.
Terminámos a sessão com a música "Mudam-se os temposmudam-se as vontades", de José Mário Branco, letra inspirada no poema de Luís de Camões. Terminámos com a certeza de que a poesia tem um lugar especial no nosso clube.



segunda-feira, 3 de março de 2025

CLUBE DE LEITURA - MARÇO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 27 de março, pelas 21h00.

No âmbito do XXIII Festival Literário Poesia à Mesa 2025, a sessão será totalmente dedicada à POESIA e aos poetas homenageados este ano, que são os seguintes:

  • Carlos Eurico Costa (1928-1988) Viana do Castelo
  • João Luís Barreto Guimarães (1967-) Porto
  • Francisca Camelo (1990-) Porto
  • Conceição Lima (1961-) S. Tomé e Príncipe
  • João Pedro Mésseder (1957-) Porto
  • Rosa Oliveira (1958-) Viseu