sábado, 27 de setembro de 2025

CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO 2025

Na passada quinta-feira, dia 25 de setembro, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube para a abordagem e discussão da obra "Inquieta", de Susana Amaro Velho, terceiro romance da escritora depois de "As últimas linhas destas mãos" e "Bairro das Cruzes".

Trata-se de um romance psicológico muito intenso. A narrativa não é linear, pormenorizada, com avanços e recuos no tempo. A autora escolhe intervalos de dez anos para podermos acompanhar o percurso psicológico de Julieta, a personagem principal.

A escrita é fácil, corrida, cativante, talvez nas passagens de introspecção se torne mais lenta, revelando muita intimidade emocional, um livro que nos deixa a pensar, a refletir, a respirar mais rápido.

Há de tudo: abandono, paternidade incógnita, paixão doentia, insegurança, violência psicológica, obsessão pela maternidade, perdas, infidelidades, manipulação, fragilidade, mas também amizades puras.

Durante a leitura ficamos divididos entre o que parece ser uma realidade perfeita e um interior perturbado da Julieta (e com razão, já que ela era um "cemitério de memórias"), memórias de eventos passados traumáticos que a moldaram para sempre e dos quais não se consegue libertar nem com ajuda clínica. Essas memórias que a destroem e condicionam o presente e que estão sempre a ressuscitar.

Julieta é uma personagem marcada pela mãe e pelo Gustavo, que a destruiram, deixando-a com feridas abertas.

Podemos questionar se houve mesmo um aborto, um Jaime que seria a razão última para o fim do relacionamento.

Quando parecia que com o Zé, o seu novo amor, tudo se resolveria afinal, as memórias não lhe davam tréguas.

E como de facto o tratamento com as consultas não resultou, temos até ao fim um crescendo de um processo de autodestruição.

A autora usou uma mestria incrível para deixar o leitor completamente supreendido e "agarrado" até ao final, que se pensava horrível mas foi de superação. Fica a sensação de inquietude durante a narrativa e também no Gran Final, no qual nos é desvendado o mistério da doença mental da personagem e nos obriga a criar empatia com todas as Julietas que carregam tantos traumas que por vezes levam à loucura.










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