sábado, 27 de setembro de 2025

CLUBE DE LEITURA - OUTUBRO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 30 de outubro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Siddhartha" de Herman Hesse.


Sinopse: 
Siddhartha, filho de um brâmane, nasceu na Índia no século VI a.C. Passa a infância e a juventude isolado das misérias do mundo, gozando uma existência calma e contemplativa. A certa altura, porém, abdica da vida luxuosa, protegida, e parte em peregrinação pelo país, onde a pobreza e o sofrimento eram regra. Na sua longa viagem existencial, Siddhartha experimenta de tudo, usufruindo tanto as maravilhas do sexo, quanto o jejum absoluto. Entre os intensos prazeres e as privações extremas, termina por descobrir «o caminho do meio», libertando-se dos apelos dos sentidos e encontrando a paz interior. Em páginas de rara beleza, Siddhartha descreve sensações e impressões como raramente se consegue. Lê-lo é deixar-se fluir como o rio onde Siddhartha aprende que o importante é saber escutar com perfeição.

Quem é Herman Hesse?



PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 1946

Romancista e poeta alemão, Hermann Hesse nasceu em 1877 na pequena cidade de Calw, na orla da Floresta Negra e no estado de Wüttenberg. Como os pais depositavam esperanças no facto de Hermann Hesse poder vir a seguir a tradição familiar em teologia, enviaram-no para o seminário protestante de Maulbronn, em 1891, mas acabou por ser expulso. Passando a uma escola secular, o jovem Hermann tornou a revelar inadaptação, pelo que abandonou os seus estudos.
Hermann Hesse começou depois a trabalhar, primeiro como aprendiz de relojoeiro, como empregado de balcão numa livraria, como mecânico, e depois como livreiro em Tübingen, onde se teria juntado a uma tertúlia literária, "Le Petit Cénacle", que teria, não só grandemente fomentado a voracidade de leitura em Hesse, como também determinado a sua vocação para a escrita. Assim, em 1899, Hermann Hesse publicou os seus primeiros trabalhos, Romantischer Lieder Eine Stunde Hinter Mitternacht , volumes de poesia de juventude.
Depois da aparição de Peter Camenzind, em 1904, Hesse tornou-se escritor a tempo inteiro. Na obra, refletindo o ideal de Jean-Jacques Rousseau do regresso à Natureza, o protagonista resolve abandonar a grande cidade para viver como São Francisco de Assis. O livro obteve grande aceitação por parte do público.
Em 1911, e durante quatro meses, Hermann Hesse visitou a Índia, que o teria desiludido mas, em contrapartida, constituído uma motivação no estudo das religiões orientais. No ano seguinte, o escritor e a sua família assentaram arraiais na Suíça. Nesse período, não só a sua esposa começou a dar sinais de instabilidade mental, como um dos seus filhos adoeceu gravemente. No romance Rosshalde (1914), o autor explora a questão do casamento ser ou não conveniente para os artistas, fazendo, no fundo, uma introspeção dos seus problemas pessoais.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Hesse demonstrou ser desfavorável ao militarismo e ao nacionalismo que se faziam sentir na altura e, da sua residência na Suíça, procurou defender os interesses e a melhoria das condições dos prisioneiros de guerra, o que lhe valeu ser considerado pelos seus compatriotas como traidor.
Finda a guerra, Hesse publicou o seu primeiro grande romance de sucesso, Demian (1919). A obra, de caráter faustiano, refletia o crescente interesse do escritor pela psicanálise de Carl Jung, e foi louvada por Thomas Mann. Assinada nas primeiras edições com o nome do seu narrador, Emil Sinclair, Hesse acabaria por confessar a sua autoria. Deixando a sua família em 1919, Hermann Hesse mudou-se para o Sul da Suíça, para Montagnola, onde se dedicou à escrita de Siddharta (1922), romance largamente influenciado pelas culturas hindu e chinesa e que, recriando a fase inicial da vida de Buda, nos conta a vida de um filho de um Bramane que se revolta contra os ensinamentos e tradições do seu pai, até poder eventualmente encontrar a iluminação espiritual. A obra, traduzida para a língua inglesa nos anos 50, marcou definitivamente a geração Beat norte-americana.
1919 foi também o ano em que Hesse travou conhecimento com Ruth Wenger, filha da escritora suíça Lisa Wenger e bastante mais nova que o autor. O escritor renunciou à cidadania alemã, em 1923, optando pela suíça. Divorciando-se da sua primeira esposa, Maria Bernoulli, casou com Ruth Wenger em 1924, tendo o casamento durado apenas alguns meses. Dessa experiência teria resultado uma das suas obras mais importantes, Der Steppenwolf (1927). No romance, o protagonista Harry Haller confronta a sua crise de meia-idade com a escolha entre a vida da ação ou da contemplação, numa dualidade que acaba por caracterizar toda a estrutura da obra.
Em 1931 voltou a casar, desta feita com Ninon Doldin, de origem judaica. Com apenas quatorze anos, havia enviado, em 1909, uma carta a Hermann Hesse, e desde então a correspondência entre ambos não mais cessou. Conhecendo-se acidentalmente em 1926, foram viver juntos para a Casa Bodmer, estando Ninon separada do pintor B. F. Doldin, e a existência de Hesse ter-se-à tornado mais serena.
Durante o regime Nacional-Socialista, os livros de Hermann Hesse continuaram a ser publicados, tendo sido protegidos por uma circular secreta de Joseph Goebbels em 1937. Quando escreveu para o jornal pró-regime Frankfürter Zeitung, os refugiados judeus em França acusaram-no de apoiar os Nazis. Embora Hesse nunca se tivesse abertamente oposto ao regime Nacional-Socialista, procurou auxiliar os refugiados políticos. Em 1943 foi finalmente publicada a obra Das Glasperlernspiel, na qual Hesse tinha começado a trabalhar em 1931. Tendo enviado o manuscrito, em 1942, para Berlim, foi-lhe recusada a edição e o autor foi colocado na Lista Negra Nacional-Socialista. Não obstante, a obra valer-lhe-ia o prémio Nobel em 1946.
Após a atribuição do famoso galardão, Hesse não publicou mais nenhuma obra de calibre. Entre 1945 e 1962 escreveria cerca de meia centena de poemas e trinta e dois artigos para os jornais suíços.
A nove de agosto de 1962, Hermann Hesse veio a falecer, aos oitenta e cinco anos, durante o sono, vítima de uma hemorragia cerebral.


CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO 2025

Na passada quinta-feira, dia 25 de setembro, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube para a abordagem e discussão da obra "Inquieta", de Susana Amaro Velho, terceiro romance da escritora depois de "As últimas linhas destas mãos" e "Bairro das Cruzes".

Trata-se de um romance psicológico muito intenso. A narrativa não é linear, pormenorizada, com avanços e recuos no tempo. A autora escolhe intervalos de dez anos para podermos acompanhar o percurso psicológico de Julieta, a personagem principal.

A escrita é fácil, corrida, cativante, talvez nas passagens de introspecção se torne mais lenta, revelando muita intimidade emocional, um livro que nos deixa a pensar, a refletir, a respirar mais rápido.

Há de tudo: abandono, paternidade incógnita, paixão doentia, insegurança, violência psicológica, obsessão pela maternidade, perdas, infidelidades, manipulação, fragilidade, mas também amizades puras.

Durante a leitura ficamos divididos entre o que parece ser uma realidade perfeita e um interior perturbado da Julieta (e com razão, já que ela era um "cemitério de memórias"), memórias de eventos passados traumáticos que a moldaram para sempre e dos quais não se consegue libertar nem com ajuda clínica. Essas memórias que a destroem e condicionam o presente e que estão sempre a ressuscitar.

Julieta é uma personagem marcada pela mãe e pelo Gustavo, que a destruiram, deixando-a com feridas abertas.

Podemos questionar se houve mesmo um aborto, um Jaime que seria a razão última para o fim do relacionamento.

Quando parecia que com o Zé, o seu novo amor, tudo se resolveria afinal, as memórias não lhe davam tréguas.

E como de facto o tratamento com as consultas não resultou, temos até ao fim um crescendo de um processo de autodestruição.

A autora usou uma mestria incrível para deixar o leitor completamente supreendido e "agarrado" até ao final, que se pensava horrível mas foi de superação. Fica a sensação de inquietude durante a narrativa e também no Gran Final, no qual nos é desvendado o mistério da doença mental da personagem e nos obriga a criar empatia com todas as Julietas que carregam tantos traumas que por vezes levam à loucura.










domingo, 7 de setembro de 2025

CLUBE DE LEITURA - SETEMBRO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 25 de setembro, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Inquieta" de Susana Amaro Velho.


Sinopse: Poderá um amor de juventude inquietar uma vida inteira?


Julieta parece ter a vida perfeita. Aos trinta e sete anos tem um marido adorável que cozinha os melhores bolos. O emprego com que sempre sonhou e que a preenche. Uma casa cheia de luz e livros, onde a mesa está enfeitada com camélias. Então, por que motivo está agora sobre o varadim escorregadio de uma ponte, descalça e suja de sangue, prestes a saltar?

Afinal, nem tudo o que parece é. Quando um amor antigo regressa do passado, traumas são ressuscitados e uma proposta impensável desperta em Julieta um fantasma adormecido. Mas que proposta é essa que vem tornar a verdade perturbadora? E o que é a verdade quando a própria realidade a confunde?

Inquieta é um relato cru e intenso dos anseios e traumas de uma mulher. É a história de alguém incapaz de fugir do abismo da própria memória e de se sentir livre.

Quem é Susana Amaro Velho?


Nasceu em Mafra em março de 1986. Estudou Jornalismo e Solicitadoria e trabalha atualmente como 
freelancer na área da comunicação.

Publicou o seu primeiro romance em 2017. Em 2022, foi a primeira autora portuguesa a integrar a chancela Aurora, com Inquieta, onde também viria a reeditar Bairro das Cruzes. Participou no projeto coletivo O Sono Delas e, em 2024, publicou Descansos, distinguido pela revista NiT como Melhor Livro do Ano.
Vive numa aldeia, entre o sossego e o caos feliz de uma casa com três filhos pequenos. As Últimas Linhas Destas Mãos, o seu romance de estreia, é agora reeditado numa edição totalmente revista.