quinta-feira, 1 de abril de 2021

CLUBE DE LEITURA - ABRIL

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de  Leitura reunirá a 29 de abril de 2021, pelas 21h00, através do zoom, para a abordagem da obra "A vegetariana" de Han Kang, publicada em 2016.


 

Sinopse: Uma combinação fascinante de beleza e horror.

Ela era absolutamente normal. Não era bonita, mas também não era feia. Fazia as coisas sem entusiasmo de maior, mas também nunca reclamava. Deixava o marido viver a sua vida sem sobressaltos, como ele sempre gostara. Até ao dia em que teve um sonho terrível e decidiu tornar-se vegetariana. E esse seu ato de renúncia à carne - que, a princípio, ninguém aceitou ou compreendeu - acabou por desencadear reações extremadas da parte da sua família. Tão extremadas que mudaram radicalmente a vida a vários dos seus membros - o marido, o cunhado, a irmã e, claro, ela própria, que acabou internada numa instituição para doentes mentais. A violência do sonho aliada à violência do real só tornou as coisas piores; e então, além de querer ser vegetariana, ela quis ser puramente vegetal e transformar-se numa árvore. Talvez uma árvore sofra menos do que um ser humano.

Este é um livro admirável sobre sexo e violência - erótico, comovente, incrivelmente corajoso e provocador, original e poético. Segundo Ian McEwan, «um livro sobre loucura e sexo, que merece todo o sucesso que alcançou». Na Coreia do Sul, depois do anúncio do Man Booker International Prize, A Vegetariana vendeu mais de 600 000 exemplares. Aplaudido em todos os países onde está traduzido, é um best-seller internacional. 

 

Opiniões:

 

  • Perturbador
    Liliana Carvalho

    Bem... este foi um dos livros mais perturbadores que já li em toda a minha vida... estava eu a pensar que ia ler sobre as dificuldades sociais de ser vegetariana e fui dar com um livro que é psicologicamente perturbador! Este livro será deveras fascinante para todos os profissionais do foro da saúde mental, é uma crítica social brutal para com a cultura coreana, o facto de as mulheres serem basicamente servas dos homens e não serem bem-vistas as mulheres com personalidade própria, a escrita é muito fluída e fácil de ler, no entanto tem sempre um tom muito melancólico e ... é raro eu não me conseguir expressar bem nas minhas opiniões... só para verem como esta leitura me afectou!... tem um tom sofrido, intenso, muito dramático e... sinceramente perturbador... É também um drama familiar com uma grande carga de crítica social, pois os familiares da mulher que se torna vegetariana após um sonho demasiado intenso sobre o consumo de carne e a aversão que a partir daí todo o tipo de carne e derivados animais lhe causa, a forma como é ostracizada pela família e pela sociedade é de uma crueza brutal!

  • Aos poucos conquista
    Vânia Figueira

    Perspetiva interessante, história descrita e desenvolvida pela interpretação de 3 personagens. É um livro que vai perfurando o nosso sossego. Impressiona pelo detalhe e perdura na memória.

Quem é Han Kang?


Han Kang nasceu na Coreia do Sul. Estudou Literatura Coreana na Universidade de Yonsei e ensina atualmente Escrita Criativa no Instituto de Artes de Seul. Os seus textos receberam vários prémios literários. A Vegetariana, o seu primeiro romance a ser publicado em Portugal, foi o grande vencedor do Man Booker International Prize em 2016, entre autores conceituados como Elena Ferrante e Ohran Pamuk, tornando-se um best-seller internacional, aplaudido em todos os países onde está traduzido. Escreveu depois Atos Humanos, que vendeu milhares de exemplares só no país natal da autora, e O Livro Branco

 

Outras obras: 

  • O livro branco (2019)
  • Atos humanos 

Excertos Graça Serra:

 

"Mancha Mongólica" é o título do segundo capítulo da obra "A Vegetariana".

 

Na pág. 65 deste segundo capítulo esta expressão é novamente referida:

 

E podia nem sequer tê-la concebido [aquela imagem], não fosse ter havido aquela conversa casual. Se a mulher não lhe tivesse pedido para dar banho ao filho naquela tarde de domingo; se não a tivesse visto a ajudar o filho a vestir as cuecas depois de o ter enxugado com a toalha; se não tivesse sido levado a exclamar, "Essa mancha mongólica continua tão grande! Quando é que costumam desaparecer?"; se ela não lhe tivesse respondido, sem pensar, "Bem...não me lembro ao certo quando é que a minha desapareceu, a da Yeong-hye durou até aos vinte anos"; se, depois do seu "Vinte?", atónito, ela não tivesse dito, "Hum...era do tamanho de um polegar, azulada. E, se a teve tanto tempo, se calhar ainda a tem"... Foi nesse preciso momento que ele foi atingido, como se de um raio se tratasse, pela imagem de uma flor azul nas nádegas de uma mulher, com as pétalas a abrirem-se. 

 

 

 

A Mancha Mongólica é uma mancha de nascença, mais comum em bebés de origem asiática (90%) ou de raça negra (80%). Nos caucasianos europeus a incidência é de menos de 10%. O seu tom é semelhante ao de uma nódoa negra, entre o cinzento, o roxo e o azul. A localização mais habitual é nas costas ou nádegas, mas também pode aparecer nos braços, pernas ou ombros. Tende a desaparecer na primeira infância mas pode acompanhar a criança até à adolescência ou à vida adulta (caso da personagem do livro). Foi identificada em 1883 por um antropólogo alemão radicado no Japão, Erwin Bälz, que a batizou assim por acreditar que era mais comum entre os seus pacientes mongóis (entretanto já foi provado que os Mongóis não são mais suscetíveis às manchas azuis do que outras pessoas, mas o nome ficou). O nome científico é Melanocitose Dérmica Congénita. Ocorre igualmente em meninos e meninas. Pode ter de 2 a 10 cm de largura, em média, porém sem nenhum tipo de textura diferente da restante pele. Não dói nem dá comichão. E não tem nada a ver com Síndrome de Down (Mongolismo).

 

 


Cap. 2, página 83:

 

Quando ele viu o letreiro de um café, perguntou-lhe:

 - Gostas de granizados?

(...) Sentaram-se os dois junto da janela. Ele olhava-a em silêncio, enquanto ela misturava feijão encarnado no refresco, lambendo o resto que ficara na ponta da colher de madeira. 

 

 

Um granizado com feijão encarnado parece estranho, mas afinal existe mesmo, chama-se PATBINGSU e é uma das sobremesas mais populares na Coreia do Sul. Literalmente significa "raspadinha de feijão" e consiste em gelo raspado coberto com uma pasta doce de feijão encarnado, feita com feijões cozidos aos quais se junta açúcar ou mel. Pode ser encontrada na maioria das padarias, pastelarias e cafés da Coreia do Sul ou em mercados de rua. Em alguns casos é acompanhado com bolinhos de arroz.  

 

Entretanto a receita foi evoluindo e atualmente existem inúmeras variações da receita original, com coberturas de leite condensado, xaropes de frutas, cereais, gelado, frutos secos ou naturais. Algumas nem incluem  a tradicional pasta de feijão vermelho e nesse caso chamam-se apenas BINGSU.


 

No 2º capítulo, pág. 114, o marido artista de Kim In-hye, que nunca é referido pelo seu nome ao longo da obra, encontrou-se com P., uma artista também, a quem pediu que lhe pintasse o corpo com flores. 

P. aproximou-se da entrada principal do prédio de apartamentos. Os dois tinham namorado durante quatro anos, até ela ter rompido o namoro. Mais tarde, casara-se com um antigo colega da escola primária, que acabara de passar no exame à Ordem dos Advogados. O marido era a principal fonte de rendimentos da família, mas ela ia conseguindo articular a vida de casada com o trabalho. Realizara várias exposições individuais, tornando-se um nome importante entre os colecionadores de Gangnam, o que obviamente provocara uma corrente de calúnias invejosas por parte de quem a conhecia.

Gangnam é o nome da área mais rica de Seul, o centro moderno e sofisticado, que alberga arranha-céus reluzentes, lojas de estilistas famosos, restaurantes de luxo e discotecas e bares elegantes. 

Esta zona de Seul ficou imortalizada numa canção do rapper sul-coreano PSY (nome artístico), lançada em Julho de 2012, chamada "Gangnam Style", que teve um enorme sucesso e foi uma febre que se instalou em todo o mundo. O seu vídeoclip tem mais de 3 mil milhões de visualizações só no youtube. A canção é uma paródia do estilo de vida dos "novos ricos" de Seul, que fazem de tudo para imitar o estilo de vida luxuoso associado ao distrito de Gangnam.  Vamos recordar?  



segunda, 12/04, 19:46 (há 2 dias)


https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif

https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif


https://youtu.be/9bZkp7q19f0


https://blogger.googleusercontent.com/img/proxy/AVvXsEjCwYfhxCV_rM8m0rgSk4BFFQMJOXI6I9PP-W8BHrCx9ADe3hclLp1nngRSjmJHuK01LtqgyD5ardQnKXyXI5quax-_TL_Sv6qIXWdOFz-E_4gTu7VM8NhISwiGKcp6HwnpeClb80kuIWox-UUUiFXKLKkSrA=s0-d-e1-ft

PSY - GANGNAM STYLE(강남스타일) M/V

PSY - ‘I LUV IT’ M/V @ https://youtu.be/Xvjnoagk6GUPSY - ‘New Face’ M/V @https://youtu.be/OwJPPaEyqhIPSY - 8TH ALBUM '4X2=8' on iTunes @https://smarturl.it/P...

youtu.be

 https://youtu.be/OEu1OWf8ezU

https://youtu.be/Xvjnoagk6GU

https://youtu.be/OwJPPaEyqhI

 

Cap. 2, pág. 116:

 "Muito interessante. Estou admirada. (...) A tua alcunha costumava ser "o sacerdote de maio", sabias? Depois de Gwangju, a tua arte tornou-se tão engagé que até parecia que estavas a expiar o facto de teres sobrevivido ao massacre de maio. Parecias tão sério, tão ascético..."

Gwangju é uma cidade da Coreia do Sul situada no sudoeste do país. Em 1980, foi palco de violentos confrontos entre exército/polícia e cidadãos que protestavam contra o governo, tendo morrido dezenas de pessoas no que ficou conhecido como "Massacre de Gangju". A insurreição popular ocorreu de 18 a 27 de maio de 1980.

Este massacre teve um impacto profundo na política e história da Coreia do Sul, abrindo caminho para os movimentos posteriores na década de 1980 que, com o passar do tempo, levaram a democracia à Coreia do Sul. Converteu-se assim em símbolo da luta dos sul-coreanos contra os regimes autoritários e pela democracia.  

Curioso que a escritora Han Kang nasceu em Gwangju, em 27 de novembro de 1970 mas mudou-se para Seul com a família 4 meses antes dos massacres, tinha então 9 anos.

Mais tarde viria a escrever um romance baseado neste massacre, chamado "Atos Humanos". Foi o seu 6º romance e o segundo a ser publicado em Portugal, em 1 de setembro de 2017. A autora esteve em Portugal para o lançamento do livro, esteve na Feira do Livro do Porto e  deu uma entrevista ao Jornal "Observador", onde fala da obra. 


A tradutora  inglesa Deborah Smith, que traduziu do original coreano para inglês, dividiu o prémio Man Booker com a autora, Han Kang. E tem recebido inúmeras críticas por causa das suas omissões, traduções incorretas e enfeites, com advérbios, superlativos e palavras que não aparecem no original. Os críticos sul-coreanos consideram que ela interferiu tanto no livro, que a acusam de o ter reescrito, como se fosse uma nova criação. Referem que isso acontece não uma ou duas vezes, mas em todas as páginas.

Como a versão portuguesa é uma tradução da tradução inglesa, resta saber até que ponto o que nós lemos foi escrito por Han Kang ou por Deborah Smith.

Em baixo, um artigo de opinião sobre este assunto, de uma jornalista e redatora brasileira, que é bastante esclarecedor. 

https://medium.com/renataarruda/a-vegetariana-nuance-em-tradu%C3%A7%C3%B5es-de-han-kang-origina-dois-livros-quase-diferentes-8884705c9018

https://blogger.googleusercontent.com/img/proxy/AVvXsEhO8XRZnmCrqxGgC4-Q3CxP5lrHSghABo4RioiWWARPuh-FYfbxt7wwxCEVHmJyrGYT30uPZIJu4JxiTtkd0NceOwfMUQx92ABPSp8NFdmsUesElEtdTp98MMvU1bv9vk3fyPGyC7IYiQElvTLI3WmpPen3S-N7Z1-vYdre4Q=s0-d-e1-ft*EX8ZPP2X7kfgZ6uGAQ55Qg.jpeg

A Vegetariana: nuance em traduções revela dois livros quase diferentes | by Renata Arruda | Letras e matérias | Medium

Tradução costuma ser um assunto complicado. A versão para o inglês de A vegetariana, best-seller da sul-coreana Han Kang que foi relançado no Brasil pela editora Todavia em 2018, se tornou ...

medium.com

 


Cap. 3, pág. 139:

"Sempre que o Ji-woo der um passo, o que é que achas de eu fazer uma animação com flores a saltarem-lhe dos pés, como naquele filme do Hayao Miyazaki? Não, flores não, era melhor borboletas. Ah, nesse caso, devíamos filmar outra vez, mas num relvado."   

Hayao Miyazaki, nascido em Tóquio em 5 de janeiro de 1941 (tem 80 anos), é um dos mais respeitados cineastas do mundo e um ícone da animação japonesa.

Os seus trabalhos são caraterizados pela recorrência de certos temas: ecologismo, pacifismo, amor e família.

As suas obras têm sido muito elogiadas e premiadas, dentro e fora do Japão. Em 2003 ganhou o Óscar de Melhor Filme de Animação pelo seu filme "A viagem de Chihiro", lançado em julho de 2001. Recebeu ainda, em 2014, um Óscar Honorário, pelas suas contribuições para a animação. 

Há vários filmes seus disponíveis na Netflix, entre os quais o famoso "A viagem de Chihiro", que lhe deu o Óscar. 



 

 

A tradutora  inglesa Deborah Smith, que traduziu do original coreano para inglês, dividiu o prémio Man Booker com a autora, Han Kang. E tem recebido inúmeras críticas por causa das suas omissões, traduções incorretas e enfeites, com advérbios, superlativos e palavras que não aparecem no original. Os críticos sul-coreanos consideram que ela interferiu tanto no livro, que a acusam de o ter reescrito, como se fosse uma nova criação. Referem que isso acontece não uma ou duas vezes, mas em todas as páginas.

Como a versão portuguesa é uma tradução da tradução inglesa, resta saber até que ponto o que nós lemos foi escrito por Han Kang ou por Deborah Smith.

Em baixo, um artigo de opinião sobre este assunto, de uma jornalista e redatora brasileira, que é bastante esclarecedor. 



 

...

 

Sem comentários:

Enviar um comentário