terça-feira, 8 de julho de 2025

CLUBE DE LEITURA - JULHO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 31 de julho, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Os meus homens" de Victoria Kielland (1985).

Sinopse: Nascida Brynhild Størset, em 1859, numa família modesta na Noruega, Belle Gunness, como ficou conhecida, partiu em busca do sonho americano no final do século XIX. Com o tempo, Belle tornou-se cada vez mais alienada, implacável e perversamente atraente, e terá assassinado mais de quarenta pessoas, a maioria homens.

É o seu incrível destino que está no centro deste romance: o de uma mulher cujas injustiças de classe, a busca pelo amor absoluto e a austeridade religiosa levam à loucura assassina. Da Chicago do final do século XIX a uma quinta em La Porte, no Indiana, Belle atrairá e depois matará os seus maridos, os próprios filhos, os rapazes da quinta e outros jovens escandinavos recém-chegados aos Estados Unidos, que ela seduz por meio de anúncios em jornais.

Neste romance cru, visceral e hipnótico, Victoria Kielland imagina a tumultuosa vida interior desta norueguesa que se tornou Belle Gunness - a primeira mulher assassina em série dos Estados Unidos. Escrito numa prosa de uma beleza selvagem, Os Meus Homens é um retrato radicalmente empático e inquietante de uma mulher consumida pelo desejo.

Os Meus Homens é um texto carnal e sombriamente poético que dá voz aos tormentos de Belle, ao seu apetite erótico, à sua necessidade insaciável de ser amada e ao peso da culpa luterana que a persegue neste novo país onde ela, como tantos outros, espera reinventar-se.

Quem é Victoria Kielland?

É uma das vozes mais originais da literatura norueguesa da sua geração.
Estreou-se com o volume de contos I Lyngen (2013), finalista do prémio Tarjei Vesaas, e o seu primeiro romance, Dammyr (2016), foi finalista do Youth Critics’ PrizeOs Meus Homens (2021), o seu segundo romance, foi galardoado com o Stig Sæterbakken Memorial Award, com o Thorleif Dahl Prize e o The Dobloug Prize.
No Festival Norueguês de Literatura, em Lillehammer, em junho de 2022, na entrega do prestigiado Doubloug Prize, o júri disse da mais jovem autora a receber este prémio: «Victoria Kielland tem uma maneira muito física de se expressar, um estilo que é único na literatura contemporânea norueguesa.»
Os Meus Homens é o romance revelação da autora, tendo alcançado sucesso internacional junto da crítica e dos leitores.

segunda-feira, 30 de junho de 2025

CLUBE DE LEITURA - JUNHO 2025

Na passada quinta-feira, dia 26 de junho, pelas 21h00 decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura, para análise e discussão da obra "Cabeça, coração e estômago" de Camilo Castelo Branco, obra publicada postumamente em 1962.

Em 1859, o romance entre Camilo Castelo Branco e Ana Plácido torna-se do conhecimento público no Porto, levando ambos à prisão. Camilo tinha então 34 anos. Este episódio marca o início de um período particularmente fértil na sua produção literária, durante o qual escreve várias obras, entre elas Coração, Cabeça e Estômago.

O romance tem como protagonista Silvestre da Silva, que, após a sua morte, deixa uma autobiografia ao seu editor (Camilo Castelo Branco) na esperança de que este a publique para saldar as dívidas que deixou por pagar.

 A obra está dividida em três partes, cada uma representando uma fase distinta da vida do protagonista:

Coração

Passada em Lisboa, esta parte acompanha a juventude de Silvestre da Silva, marcada por pelas emoções, pelo coração, tendo vários amores fugazes e superficiais, que acabam invariavelmente em desilusão. Entre as suas paixões contam-se: uma vizinha órfã, uma vizinha de nome desconhecido, uma quarentona que gere uma hospedaria, Clotilde (uma mulher casada), uma viúva proprietária de um hotel, uma mulata e Elisa de La Salete.

Cabeça

Decorrida na cidade do Porto, esta fase corresponde à idade adulta de Silvestre e a uma tentativa de vida mais racional e responsável. Valoriza a carreira, colabora com o Periódico dos Pobres e procura casar com uma mulher rica e séria. Uma tentativa que acaba por falhar. Acaba acusado e condenado por calúnia, agravando a sua frágil situação financeira. Apesar disso, começa aqui a alimentar ambições políticas.

 Estômago

A terceira e última parte decorre na província, entre Soutelo e Carrazedo de Montenegro. Marca o início de uma vida mais tranquila e serena, centrada no prazer da boa mesa. Já mais velho, Silvestre casa-se com Tomásia, que o trata bem, e instala-se na casa do sogro. A sua principal preocupação passa a ser o bem-estar físico e o prazer gastronómico.

Convida o editor a passar uma temporada em sua casa. Este, crítico do desprendimento intelectual do protagonista, acusa-o de se ter “entorpecido”. Silvestre responde com a frase: “Brutaliza-te, faz-te estômago”, numa tentativa de convencer o amigo a render-se aos prazeres da gula.

É nomeado regedor, o seu primeiro sucesso político, mas acaba acusado de abuso de poder em benefício próprio, numa crítica evidente à classe política.

Morre provavelmente em consequência dos excessos alimentares e da negligência com a própria saúde. Deixa os seus escritos ao editor, que os publica, que não parece muito convencido do talento do amigo e autor.

A obra é uma crítica à sociedade da época, destacando a devassidão, a hipocrisia, a duplicidade e decadência moral, visando várias classes, como os ricos, políticos e o clero.

A linguagem utilizada na obra é algo complexa, com muitas expressões e frases da época em que o texto foi escrito, bem como várias palavras desconhecidas para os leitores atuais, o que dificulta uma leitura fluída e clara. 









terça-feira, 3 de junho de 2025

CLUBE DE LEITURA - JUNHO 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 26 de junho, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Coração, cabeça e estômago" de Camilo Castelo Branco.


Sinopse: «Autobiografia amorosa de Silvestre da Silva, ou o caminho em direção a Tomásia com passagem por órfãs, viúvas, a mulher que o mundo respeita, a mulher que o mundo despreza… Uma experimentação pioneira na irrisão do sentimentalismo a partir de dentro. E também de fora, claro.»
Abel Barros Baptista

Coração, Cabeça e Estômago é um dos romances mais aclamados de Camilo Castelo Branco.


Quem é Camilo Castelo Branco?

Nasceu em 1825, em Lisboa, e faleceu em 1890, em S. Miguel de Seide (Famalicão). Com uma breve passagem pelo curso de Medicina, estreia-se nas letras em 1845 e em 1851 publica o seu primeiro romance, Anátema. Em 1860, na sequência de um processo de adultério desencadeado pelo marido de Ana Plácido, com quem mantinha um relacionamento amoroso desde 1856, Camilo e Ana Plácido são presos, acabando absolvidos no ano seguinte por D. Pedro V. Entre 1862 e 1863, Camilo publica onze novelas e romances, atingindo uma notoriedade dificilmente igualável. Tornou-se o primeiro escritor profissional em Portugal, dotado de uma capacidade prodigiosa para efabular a partir da observação da sociedade, com inclinação para a intriga e análise passionais. Considerado o expoente do romantismo em Portugal, autor de obras centrais na história da literatura nacional, como Amor de PerdiçãoA Queda dum Anjo e Eusébio Macário, Camilo Castelo Branco, cego e impossibilitado de escrever, suicidou-se com um tiro de revólver a 1 de Junho de 1890.

CLUBE DE LEITURA - MAIO 2025

Na passada quinta-feira, dia 29 de maio, pelas 21h00 decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura, para análise e discussão da obra "Não há pássaros aqui" do jovem escritor brasileiro, Victor Vidal e Prémio Leya 2023.

Esta obra teve como fonte de inspiração uma visita à casa de Anne Frank e da sua família durante a Segunda Guerra Mundial, em Amsterdão, levando o autor a refletir sobre os traumas de infância e a necessidade de esconderijos físicos e emocionais.

Trata-se de uma história de violência, com uma análise psicológica precisa, onde não faltam relações familiares complexas, alcoolismo associado que levam à solidão e deixam cicatrizes visíveis.

Há também algum suspense criado à volta do trauma de Ana, pelo que se passou certa noite: “Eu sou uma criança maligna”.

Exagero? A realidade não é assim?

É realidade pura.

A personagem principal Ana, em crescimento, é filha de um silêncio, mas um silêncio que grita. Cresceu sem conhecer o pai, entre garrafas vazias, maus tratos e abandono. Aprendeu a andar sem fazer barulho, tendo também sido vítima de abuso sexual.

A sua vida são escombros, um deserto de amor. Acaba por matar o homem para defender a mãe. Na sua casa de infância não há pássaros, não há felicidade, nem esperança, nem forma de fugir à desgraça.

Ana enquanto adulta acaba por conseguir afastar-se fisicamente da mãe a quem até trata pelo seu nome próprio.

Assim, apresenta alguns comportamentos degradantes de caráter patológico, de autodestruição (automutilação), inclusive, encontros ocasionais de índole sexual com desconhecidos, destruição de uma obra de arte de valor estimativo para o seu melhor amigo, etc.

Predominam sentimentos de raiva, medo, e simultaneamente de brutalidade para com as pessoas e um crescente desejo de suicídio no final, apesar de esta ação ficar um pouco em aberto para os leitores. Mas, não poderia ser diferente, porque a sua vida continuou e sem pássaros era terrível.

Em resumo, todas as personagens além de Ana, a mãe – Andrea, Tomás, Benjamim, revelam os seus traumas de infância e o quanto isso lhes causou desequilíbrios que permanecem ainda durante a vida adulta.

O autor, nesta obra propõe uma “reflexão madura sobre o modo como aquilo que vivemos na infância determina a nossa vida adulta, e como tendemos a reproduzir comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os condenamos”.

As metáforas implícitas na obra, como por exemplo, a do fogo, simboliza o rompimento com o passado aterrador e a metáfora dos pássaros representa uma esperança de dias bons.

Segundo a farmácia literária da Bertrand, esta obra está indicada para encarar o lado mais sombrio do comportamento humano; purgar traumas de infância relativos a famílias disfuncionais, tóxicas, negligentes, violentas e abusivas; sentir-se amparado, no reviver de memórias dolorosas e subsequentes, quadros de ressentimento e amargura, vergonha e solidão; treino de empatia e de compaixão.

Efeitos secundários:

Possíveis sentimentos de desconforto, angústia, aversão, tristeza e desesperança; maior sensibilidade à vulnerabilidade dos outros; refrear a tentação de julgar/condenar liminarmente os outros,  necessidade de focar-se na beleza das pequenas coisas, na redenção pela amizade e pelo amor, busca de alegria e leveza.

Posologia: ler ao ritmo.

Ana Paula Oliveira

 









 

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 29 de maio, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Não há pássaros aqui" de Victor Vidal.

Sinopse: Ana recebe um telefonema de uma vizinha da mãe informando que Andrea desapareceu na sequência de uma série de escândalos no bairro, entre os quais o suposto sequestro de uma criança. Apesar de ter jurado a si mesma que não voltaria à casa da mulher que lhe infligiu todo o tipo de violência, Ana não consegue ficar indiferente à situação; e o que encontra no apartamento é bastante intrigante: lixo por toda a parte, pegadas de lama, móveis destruídos, garrafas vazias amontoadas no caixote.

Enquanto se interroga sobre o que terá sido a vida de Andrea desde o dramático acontecimento que marcou as duas para sempre, Ana empreende uma dolorosa viagem às memórias da infância, que incluem não só uma mãe desequilibrada e alcoólica que tem um relacionamento conturbado com um homem perigoso, mas também um rapaz frágil que a faz cúmplice dos seus traumas e, por via das afinidades, se torna o seu único amigo. E, apesar de não se verem há muitos anos e de Ana o ter desiludido, é justamente a este amigo que resolve agora pedir ajuda.

Com personagens inesquecíveis e desconcertantes, Não Há Pássaros Aqui é uma reflexão madura sobre o modo como aquilo que vivemos na infância determina a nossa vida adulta e como tendemos a reproduzir comportamentos a que assistimos, mesmo quando friamente os condenamos.

Num tempo em que a saúde mental é um problema à escala global, este é um romance de estreia profundamente atual que venceu o Prémio LeYa em 2023

Quem é Victor Vidal?


Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil. É historiador da arte e doutor em Estudos Críticos das Artes. Publicou diversos textos sobre arte japonesa e trabalhou no setor educativo de museus e centros culturais. A atividade literária sempre esteve presente na sua trajetória, mas levou algum tempo até desenvolver algo que considerasse importante ou maduro o suficiente para mostrar a outras pessoas. Começou a trabalhar em Não Há Pássaros Aqui enquanto ainda estava na carreira docente, a partir de uma ideia que teve após conhecer a casa em que Anne Frank se escondeu com a família durante a Segunda Guerra Mundial. O local instigou-o a pensar sobre traumas de infância e esconderijos. Relações entre pais e filhos, solidão e trauma são temas que o interessam e fazem parte da sua produção literária.

 

 

 


CLUBE DE LEITURA ABRIL 2025

No passado dia 24 de abril, pelas 21h00, decorreu a sessão de abril do Clube de Leitura para análise e discussão da obra "Nós matámos o cão-tinhoso" do moçambicano Luis Bernardo Honwana (1942-)

Volvidos 50 anos sobre a Independência de Moçambique, o Clube de Leitura abordou em abril uma obra que relembra os malefícios do império colonialista português.

Nós Matámos o Cão-Tinhoso é uma coletânea de sete contos publicada em 1964, quando o autor tinha apenas 22 anos. Trata-se de uma obra marcante da literatura moçambicana, que se destaca pela força temática e simbólica, apesar da linguagem simples.

Através de uma escrita acessível, o autor transmite emoções intensas e expõe, de forma crítica e simbólica, temas como o racismo, a desigualdade social, o abuso sexual, a violência do regime colonial português, a desumanização e a perda da inocência.

Entre os contos que compõem a obra, destaca-se aquele que lhe dá o título. Narrado por uma criança, relata a história de um cão doente, rejeitado e condenado, que simboliza os oprimidos do sistema colonial. As crianças, por sua vez, incitadas por figuras de autoridade, representam a forma como a violência e a opressão são perpetuadas através da educação e da interiorização de valores discriminatórios. O contraste entre a pureza dos sentimentos infantis e a brutalidade do contexto social e político é particularmente marcante.

Outro conto relevante é Dina, que denuncia o abuso sexual de mulheres negras por parte de colonizadores brancos. Através da descrição de uma cena de violação, o conto expõe a raiva contida dos trabalhadores agrícolas, que, apesar da revolta, permanecem submissos ou são condenados a um fim trágico.

Todos os contos constituem um testemunho poderoso do ambiente de miséria, opressão e exclusão vivido em Moçambique durante o período colonial. Esta obra teve um impacto significativo, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica essencial aos movimentos de libertação das colónias.

O autor, que apoiou ativamente a luta pela independência, foi preso em 1964. Em 1969, em pleno contexto colonial e com a guerra em curso, Nós Matámos o Cão-Tinhoso foi publicado em língua inglesa, alcançando grande divulgação e reconhecimento internacional. Após a independência de Moçambique, o autor assumiu vários cargos políticos, tendo chegado a ser Ministro da Cultura.






 

 


sábado, 12 de abril de 2025

CLUBE DE LEITURA - ABRIL

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 24 de abril, pelas 21h00.

O livro selecionado será "Nós matamos o cão tinhoso" de Luís Bernardo Honwana.


Sinopse: 
Luis Bernardo Honwana nasceu na então cidade de Lourenço Marques (Moçambique) em 1942 e cresceu em Moamba, pequena cidade do interior onde seu pai trabalhava como intérprete. Aos 17 anos passou a viver na capital da colónia. Aí estudou e aí se iniciou precocemente na actividade jornalística. Apoiou a luta pela libertação, foi preso em 1964 e ficou encarcerado por três anos.

Em 1969, em pleno colonialismo, e com a guerra colonial no auge, Nós matámos o Cão-Tinhoso é publicado em língua inglesa e obtém grande divulgação e reconhecimento internacional.
Após a independência do seu país, desempenhou diversos cargos políticos chegando a ser Ministro da Cultura.
"Não sei se realmente sou escritor. Acho que apenas escrevo sobre coisas que, acontecendo à minha volta, se relacionem intimamente comigo ou traduzam factos que me pareçam decentes. Este livro de histórias é o testemunho em que tento retratar uma série de situações e procedimentos que talvez interesse conhecer.
Chamo-me Luis Augusto Bernardo Manuel. O apelido Honwana não vem nos meus documentos. Sou filho de Raul Bernardo Manuel (Honwana) e de Nally Jeremias Nhaca. Ele intérprete da administração da Moamba e ela doméstica. Tenho oito irmãos". 

Luis Bernardo Honwana in Prefácio à primeira edição de Nós matámos o Cão-Tinhoso.