Curiosidades e contributos
| e |
O Castelinho de Ipanema existiu de verdade, tal como o cônsul sueco Johan
Edward Jansson, que o mandou construir em 1904.
Em 1919 foi comprado por Tonico Machado, que o revendeu à família Catão.
Foi demolido na década de 1960 e no lugar dele foi construído um
edifício.
Na história do livro, o cônsul chega com a mulher ao Rio em fevereiro de
1901. Passa os primeiros meses no Hotel dos Estrangeiros, no Catete. Um domingo
de maio vão fazer um piquenique em Copacabana, caminham até Ipanema e decidem
que é aí que vão morar.
O Castelo ficava muito perto do Arpoador, o rochedo que separa Copacabana
de Ipanema.
 |
O final da construção em 1904 |
O Castelo de Ipanema em 1904
Praia do Arpoador (à esquerda) e da
Praia do Diabo (à direita).
Foto atual com edifício construído no local onde outrora existia o
Castelo.
É bem visível o Arpoador.
Foto atual, com indicação do lugar onde se situava o Castelo. Vê-se
ao fundo o Arpoador e para lá dele a praia de Copacabana.
No mapa abaixo podemos ver a localização dos vários bairros do Rio, com
especial destaque para o Catete, onde o casal sueco se instalou quando chegou
ao Rio e as praias de Copacabana e Ipanema. Também se vê o Jardim
Botânico, que será referido mais adiante.
https://www.google.com/maps/dir/Catete,+Rio+de+Janeiro+-+RJ,+Brasil/Ipanema,+Rio+de+Janeiro+-+RJ,+Brasil/@-22.9530797,-43.2431262,13z/data=!4m14!4m13!1m5!1m1!1s0x997f82ff1f7079:0x7585bd26b099ec18!2m2!1d-43.1807701!2d-22.9279602!1m5!1m1!1s0x9bd50ffe726191:0xbb0215da9c59a67b!2m2!1d-43.1985932!2d-22.984667!3e0
Um dia "as vozes" disseram a Brigitta: "Hoje é o dia em que
Johan será engolido pelas pedras do Arpoador". (1ª parte, cap. 2) Saiu à
procura do marido mas ele não apareceu.
http://www.famososquepartiram.com/2012/07/laura-alvim.html
Nas duas primeiras fotos está o palacete Alvim em fotos da década de 1950,
ladeada por habitações relativamente baixas.
A terceira foto é atual e mostra o palacete transformado em Casa de Cultura
Laura Alvim, já cercada de edifícios mais elevados.
No mapa abaixo é possível ver a localização da Casa de Cultura Laura Alvim,
mesmo em frente à praia.
https://www.google.com/maps/place/Ipanema,+Rio+de+Janeiro+-+RJ,+Brasil/@-22.9854422,-43.2011028,16z/data=!4m5!3m4!1s0x9bd50ffe726191:0xbb0215da9c59a67b!8m2!3d-22.984667!4d-43.1985932
Cap. 7, segunda parte (p. 149):
Estela não iria dizer "Vai Tavinho,
vai ser gauche na vida"
Esta fala de Estela, a autora vai buscá-la
a um poema de Carlos Drummond de Andrade, o Poema de sete faces, in Alguma
Poesia, 1930.
Poema de Sete Faces
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode,
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Lemos no Clube um livro onde o autor usava também versos deste poema. Os
versos eram "Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo",
mas já não me recordo qual era a obra nem o autor. Alguém tem ideia? Só os
versos me ficaram na memória.
cap. 11, segunda parte (p.204)
Beto foi torturado, mas em vez de
colaborar com os torturadores perguntou o que vinha depois de "céu
de puríssimo azul".
Esse verso faz parte do "Hino à
Bandeira do Brasil", apresentado pela primeira vez em 1906, depois da
criação da nova bandeira, a seguir à proclamação da República em 1889. A letra
é de Olavo Bilac, a música de António Francisco Braga.
https://youtu.be/RzFtkbqqwxU
https://youtu.be/RzFtkbqqwxU
cap. 12, segunda parte, (p. 211)
Estela e Tavinho iam ao Jardim Botânico
com os filhos, "um lago de vitórias-régias adiante".
cap.15, segunda parte, (p. 253)
Estela e Tavinho foram ao Jardim Botânico
com os filhos. E encontraram Beto com Maria Lúcia.
O Jardim Botânico foi fundado por D. João
VI em 1808, quando a corte portuguesa se transferiu para o Brasil. Nele existe
um lago chamado Frei Leandro, que foi seu diretor entre 1824 e 1829. Este lago
destaca-se pela presença de vitórias-régias, típicas da região amazónica. Esta
planta tem uma folha em forma de círculo, com bordas levantadas até 13 cm, que
fica sobre a superfície, pode chegar até 2,5 m. de diâmetro e suportar até 40
kg. Dá uma flor que pode ser branca, lilás, rosa e até amarela. O nome foi uma
homenagem de um botânico inglês à rainha Vitória.
O Bar Veloso é mencionado por várias vezes no
livro.
2ª parte, cap 2, pág. 108:
"O bobó de camarão do Veloso"
2ª parte, cap 3, p. 112:
"Tinha preguiça de ficar na fila de espera
no Veloso, só porque todo o mundo fazia".
2ª parte, cap. 3, p. 115:
"Maria Lúcia sempre dera muito nas vistas,
até dançar em cima das mesas do Bar Veloso, uma vez fez xixi num balde de
gelo":
2ª parte, cap. 6, p. 141:
"Estela concluiu os estudos no ano em que
os pais anunciaram a mudança para Ipanema. Venderam a pensão e compraram um
apartamento na rua Montenegro, frente ao Bar Veloso, muito concorrido nas
noites de sábado. Estela espreitava da janela do quarto, queria ser como as
mulheres que via no Bar".
Este bar funcionou com este nome de 1945 a
1967. Era muito frequentado por Vinicius de Morais e Tom Jobim e foi aqui
que eles compuseram a famosa canção "Garota de Ipanema". A canção foi inspirada em Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto
(agora conhecida como Helô Pinheiro), uma garota de dezassete anos que
vivia na Rua Montenegro em Ipanema. Diariamente, ela passava pelo bar-café Veloso
a caminho da praia. Às vezes, entrava no bar para comprar cigarros para a mãe.
No inverno de 1962, os compositores viram a garota passar pelo bar e inspirados
nela compuseram a canção.
13 anos depois, em 1975, o Bar foi comprado por um português de
Bustos (Oliveira do Bairro), chamado Manuel Peralta Capão, seu proprietário até
hoje. O nome mudou para Bar Garota de Ipanema e a rua Montenegro também mudou
de nome, passou a chamar-se Rua Vinicius de Morais. No interior há um painel
que reproduz a partitura da canção numa parede. O Bar é muito visitado por
turistas.
http://bomdiaipanema.com.br/2018/04/27/estabelecimentos-em-ipanema-perpetuam-legado-da-bossa-nova-que-completa-60-anos/
2ª parte, cap 3
No fim de 1967, Estela e Tavinho são
convidados para uma festa de réveillon por Maria Lúcia, na casa de Luiz e
Heloísa Buarque de Holanda.
2ª parte, cap 4
Este capítulo é dedicado à descrição do
réveillon da Helô (diminutivo de Heloísa). A casa da festa era na Tijuca.
Durante a festa, Maria Lúcia é agredida pelo marido com uma bofetada.
Este réveillon existiu de facto e ficou
famoso no Rio de Janeiro. Foi promovido pelo casal de intelectuais Luiz e
Heloísa Buarque de Hollanda, na sua casa da Tijuca. Heloísa tinha 29 anos e era
professora de Literatura e Cinema na Universidade. O marido, primo direito de
Chico Buarque, era advogado. Entre os convidados também esteve a atriz,
roteirista e colunista Maria Lúcia Dahl, casada com o cineasta Gustavo Dahl.
Segundo dizem os contemporâneos, Maria Lúcia era de uma beleza estonteante e a
sua chegada à festa é descrita nestes termos: "Maria Lúcia chegou como uma
aparição, a "princesa", como era conhecida. Os cabelos louros em
cachos, calça de seda preta pata de elefante, uma blusa de croché
prateada sobre um collant cor de carne, dando uma ilusão de nudez dos
seios". Apesar de terem "um casamento aberto", o marido não
gostou de a ver dançar com outro homem, puxou-a por um braço e deu-lhe uma
sonora bofetada, deixando-a a sangrar. O casamento terminou logo após este
incidente. Estas pessoas existiram de facto e estes factos aconteceram de
verdade. A autora ter-se-á pois inspirado neles para escrever a sua obra.
http://rhistoriandoz.blogspot.com/2018/01/o-rito-de-passagem-ou-festa-na-casa-da.html
Umas mais conhecidas que outras. Se
encontrarem mais além destas, queiram fazer o favor de as acrescentar à lista.
- camisola (16) camisa de noite
-
- coques (24) carrapitos, totós
-
- pipas (24) papagaios de papel
-
- banguela (25) desdentado
-
- bisnaga (33) pão comprido semelhante ao
cacete
-
- criado-mudo (54) mesinha de cabeceira
-
- filó (54) tule
-
- catapora (65) varicela
-
- quadra de bocha (69) campo de boccia
-
- biriba (70) jogo de cartas parecido com a
canastra
-
- sinuca (70) snooker
-
- totó (70) matraquilhos
-
- tirar um fino (73) passar uma tangente
(diz-se de um veículo, quando passa muito rente a outro)
-
- helanca (75) lycra
-
- bloco (75) grupo de pessoas que desfilam
no Carnaval com a mesma fantasia
-
- é o cacete! (75) é chato! (é do cacete = é
sensacional)
-
- gibi (79) revista de banda desenhada (foi
o nome de uma revista de BD lançada em 1933, com o tempo virou sinónimo de BD)
-
- quibe (82) bolinho de carne moída e trigo,
típico do Médio Oriente
-
- voal (82) voile (fr)
-
- sobrado (84) residência com 2 ou mais
andares (o equivalente a duplex ou triplex)
-
- quentão (91) bebida quente feita com vinho
tinto, cachaça e açúcar
-
- vasos (sanitários) (93) sanitas
-
- cafona (94) piroso, parolo, pindérico
-
- catupiry (98) marca brasileira de queijo
creme
-
- quitutes (98) petiscos
-
- cavanhaque (103) pêra ou barbicha (o nome
vem de um general de Napoleão, Louis-Eugène Cavaignac)
-
- batata-baroa (106) batata com massa mais
amarela que a comum e mais comprida, tipo cenoura. Espécie de mandioca.
-
- borocoxô (126) desanimado, tristonho,
aborrecido
-
- babados (132) folhos
-
- amarelinha (134) jogo da macaca
-
- mamãe posso ir? (135) jogo de "Mamã
dá licença?"
-
- apontador (136) afia-lápis
-
- toró (146) tromba d'água
-
- figurinha de bafo (150) bafo é nome de um
jogo infantil, joga-se com cromos (figurinhas)
-
- caninha (164) aguardente de cana, cachaça,
pinga
-
- penhoar (166) do francês
"peignoir", roupão, robe
-
- garçonnière (167) do francês, pequeno
apartamento geralmente destinado a encontros amorosos
-
- uma média (174) um galão (café com leite
servido em copo)
-
- gola rulê (175) gola alta (do francês
"à col roulé")
-
- trombadinha (190) criança ou jovem da rua,
delinquente, que empurra as vítimas para as roubar (trombada=encontrão)
-
- bobes (190) rolos de cabelo
-
- rissoles (191) rissóis
-
- camisinhas de pagão (193) pagão é o nome
dado ao conjunto de 3 peças para bebé (calça, camisola sem mangas e casaquinho)
-
- bicho-de-pé (203) bitacaia,
matacanha
-
- vitória-régia (211) planta aquática típica
da Amazónia, a folha pode atingir 2,5 mt de diâmetro
-
- sunga (211) calção de banho
-
- cobertura (211) apartamento no último
andar de um prédio, normalmente com terraço
-
- munhecas (214) pulsos
-
- muxoxo (227) estalido com a língua para
mostrar desprezo ou desagrado
-
- terno (244) fato de homem
-
- flanelinha (244) arrumador de carros. O
nome vem do uso (em decadência) de uma flanela para limpar os vidros dos
carros.
-
- polichinelo (249) exercício físico que
consiste em saltar abrindo as pernas e os braços ao mesmo tempo (=jumping jack)
-
- tomara que caia (259) caicai (falando de
um vestido ou blusa)
-
- quitinete (264) kitchnette, estúdio
-
- birita (266) aguardente de cana, cachaça,
caninha
-
- xícara (276) chávena
ª parte, capítulo 7, pág. 151:
Tavinho decide ligar a Maria Lúcia. Sobre esta conversa, a autora refere no
final do livro, nos agradecimentos (pág. 286):
"Outra fonte foi um trecho da música "Sinal Fechado" de
Paulinho da Viola, transformado em fala de Maria Lúcia ao se despedir em uma ligação com Tavinho".
Paulinho da Viola tinha 27 anos quando subiu ao palco do Teatro Record, em
S. Paulo, em 6 de dezembro de 1969, para defender a sua canção "Sinal
Fechado", na grande final da 5ª edição do Festival da Música Popular
Brasileira, em que ganharia o 1º lugar.
A letra reproduz um diálogo entre 2 velhos amigos que não se vêem há algum
tempo e se encontram no trânsito da cidade, enquanto o semáforo está fechado.
"Olá, como vai?", "Eu vou indo e você, tudo bem?". A
conversa é apressada pelo sinal que vai abrir. "Precisamos nos ver por
aí", "Pra semana, eu prometo, talvez nos vejamos, quem
sabe".
Anos depois, em 1974, Chico Buarque lançou-a no seu álbum com o mesmo nome,
"Sinal Fechado". Como tinha todas as suas canções vetadas, Chico
Buarque gravou este disco só com músicas de outros compositores.
A canção só foi reconhecida pelo público quando Chico a gravou. Muita gente
achava até que era dele. Paulinho da Viola disse numa entrevista: «Quando eu a
cantava em show, as pessoas perguntavam "ué, mas essa música não é do
Chico?"»
A canção é muito bonita e já foi cantada por vários intérpretes. Não
resisto a mandar, em 3 versões:
-uma do Chico
-outra do Chico com a Maria Bethânia
-outra do Toquinho com uma cantora que eu não conhecia, de nome Badi Assad,
versão que achei lindíssima.
https://youtu.be/gilVzXfjeLI

|
Sinal Fechado
Provided to YouTube by Universal Music
GroupSinal Fechado · Chico BuarqueSinal Fechado℗ 1974 Universal Music
LtdaReleased on: 1974-01-01Composer Lyricist: P...
youtu.be
|
https://youtu.be/q3cUrs1sqDI

|
Sinal Fechado (Live 1975)
Provided to YouTube by Universal Music
GroupSinal Fechado (Live 1975) · Chico Buarque · Maria BethâniaChico Buarque
& Maria Bethania℗ 1975 Universal Music Lt...
youtu.be
|
https://youtu.be/8umSIqE9BHg
E, ainda,
Música - "Vem Morena - que era cantada nas
Serenatas a Laura do livro "Um castelo em Ipanema....bem brasileira"
https://youtu.be/5xzWr1iYE2k