Aproveitando a presença de Mário Zambujal na Biblioteca Municipal, o livro do mês foi a última obra do autor "Cafuné". Os membros do clube puderam assim não só partilhar entre si as impressões deixadas pela leitura, como interagir com o próprio autor, ora fazendo comentários, ora questionando alguns aspetos da obra.
O autor explicou a sua tentativa de que que esta obra não fosse confundida com um romance histórico, apesar da obra tratar de um período específico da história de Portugal. Também também questiona se Cafuné poderá ser considerado um romance, pois segundo ele, pelos canones clássicos, a arquitectura do romance é bem mais complexa.
Contudo, este livro obrigou o autor à consulta de trabalhos de investigação histórica e aos quais faz referencia logo no início da obra.
Cafuné passa-se no início dos século XIX, altura crítica das invasões francesas e da partida da família real para o Brasil. É na Lisboa de então, ainda convalescente do terramoto de 1755 que o leitor vai encontrar Rodrigo Favinhas Mendes, moço empolgado por encantos femininos, e Frei Urbino, um frade que se cansou do mosteiro, e também a Dália e a Lucrécia, damas participantes nas tropelias de Rodrigo.
Cafuné centra-se assim na figura de Rodrigo Favinhas Mendes, um bom malandro que não resiste aos encantos femininos e que se torna amigo de um ex-frade, Frei Urbino de Santiago, que acaba por ser o seu conselheiro e zelador espiritual. É que Rodrigo tem um coração gigante onde cabem muitas mulheres bonitas, dispostas a um carinho que ele é incapaz de recusar…
Mário Zambujal explica que como antigo jornalista passou à ficção para contar coisas que não aconteceram mas poderiam muito bem ter acontecido e pretendeu arquitectar uma história de crítica de costumes, vida e personagens urbanas, muito contemporâneas com um olhar de jornalista.
Mário Zambujal, fez a sua estreia literária em 1980 com Crónica dos Bons Malandros a que se seguiram Histórias do Fim da Rua e À Noite Logo se Vê. Após um interregno, em que escreveu histórias para televisão, teatro e rádio, voltou aos livros com Fora de Mão, Primeiro as Senhoras, Já Não se Escrevem Cartas de Amor e Uma Noite Não São Dias e Dama de Espadas e em 2012 publica Cafuné. Presidente do Clube de Jornalistas, Mário Zambujal foi ainda jornalista de A Bola e de O Jornal, subchefe de redacção de O Diário de Lisboa, chefe de redacção de O Século, director-adjunto do Record, director do Mundo Desportivo e dos semanários Se7e e Tal & Qual, subdirector do Canal 2 da RTP e apresentador de diversos programas de televisão.
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