Ontem, pelas 21 horas decorreu mais uma participada sessão do Clube de Leitura que abordou a obra mais recente de Ana Luísa Amaral, Ara.
Trata-se de um livro a que a autora chama de romance, mas que logo nas primeiras páginas se acusa não ser capaz de produzir, sendo sim, um longo poema, ou mais concretamente, prosa poética, constituída de uma parte autobiográfica e uma outra parte ficcional.
É um livro que fala dos nós da vida, dentro de nós, como foi definido por um conhecido crítico literário.
A obra envolve-nos e remete-nos para a vida que é uma Ara, um altar, que implica sacrifícios num universo muito feminino, que nos transporta para a mitologia grega, à própria história de Safo ao abrir uma escola de meninas, ao sacrifício do amor, concluindo que a verdadeira vergonha é não amar.
Ana Luísa Amaral coloca-se a si própria na obra e revela-nos os seus conhecimentos profundos sobre o ensaio de teorias literárias, indo à essência destes conceitos puros, com imensa simbologia, onde pairam um narrador, personagens secundárias e principais com nomes ou sem nomes.
Este romance poético inicia uma viagem e compara a vida a um rio, que simboliza a passagem do tempo, embora num retorno constante. Há também imensas referências às japoneiras que simbolizam a pureza da infância, ao mundo interior, extremamente intimista, numa dimensão existencialista, situado no contexto da pós-modernidade.
Destaque-se o capítulo "A odisseia" em que seguimos o percurso de uma carta desde a sua fabricação até ao seu destino.
Uma obra com alguma complexidade, desordenada, fragmentária, cheia de simbologias, mas que também nos dá liberdade de variadas interpretações e nos obriga a um exercício de imaginação, que finalmente podemos definir como um cântico narrativo.
A próxima sessão será no dia 22 de Abril e a obra abordada será o grande clássico romance do século XX "O fio da Navalha" de William Somerset Maugham.
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