À varanda…
-“ À varanda”.
Palavras injustas para dizer o que fez o Clube de Leitura, no serão do dia 23
de julho…
- …porque estivemos à
varanda, sem estar à varanda!
- Entendamo-nos: se ler um livro é estar à varanda já
que, serenamente, saboreamos o horizonte visível e não visível, então estivemos
à varanda…
- Mas não estivemos, de
facto, à varanda. Essa é a verdade!
- Entendamo-nos!
Estivemos à varanda com o Homem duplicado, com Saramago, com Denis Villeneuve…
foi isto afinal o que aconteceu…
- Mas não estivemos, de
facto, à varanda…. bolas!
- Mas, se ler um livro é
estar à varanda com outras linguagens artísticas, é verdade que fomos ver o
Enemy, portanto, estivemos à varanda, e percecionamos, pelo filme/livro que a
mente, nos seus enredos, ilusões, fobias, nos duplica e/ou nos transfere para uma vida outra,
distante da rotina cíclica do quotidiano, percebemos, através do filme, que Fernando Pessoa tem razão
quando diz “Tudo o que sonho ou passo,/O que me falha ou finda,/É como que um
terraço/Sobre outra coisa ainda./Essa coisa é que é linda.” “Terraço” e “varanda”
são quase sinónimos, então, a vida é isto: É ESTAR À VARANDA! Saltar da
varanda… Estivemos à varanda, estando à
varanda!
- À varanda, sem estar à
varanda…irra! Foi isso que aconteceu!
- Continuemos! O jantar
também foi à varanda. Dele víamos hortas tratadas com um carinho inexperiente,
mas perícia douta, víamos as árvores da nossa infância que ainda trazemos
plantadas em nós e que nos dão dióspiros, cerejas e flores de pessegueiro…
discutimos sobre o perfeito equilíbrio ambiental que não prescinde das famílias
de insetos e das ervas
daninhas, fazendo amontoar,
a um canto, os utensílios da
faina agrícola, entusiasmadamente adquiridos numa loja da especialidade.
Serenamente, nesta varanda, recordámos os nossos colegas leitores e jurámos que
não iam acreditar que tivéssemos estado à varanda!
- Não estivemos à
varanda, efetivamente! As metáforas, as metáforas!...
- Fomos colher uma
evidência. Com ar de quem tinha estado ao ar fresco da varanda, no UCI,
solicitamos autorização para tirar uma fotografia com o cartaz do filme.
- E então, tivemos
oportunidade de estar à varanda com Jake Gyllenhaal! Aqui está a fotografia,
em pose de quem está à varanda! Até que enfim!...
- Conclua-se, no
entanto, que estar à varanda é altamente perigoso: podemos cair abaixo da
paisagem!
- Aconteceu!
- Agora digo eu:
aconteceu sem ter acontecido!!!
- Até que enfim!
-Decidimos trazer o
cartaz do filme, desafiando leis de Einstein e Arquimedes, com a nossa
sustentável leveza de cálculo feminino.
-Erradas as contas e as
medidas…
- … e anulada a
possibilidade de o vento nos ajudar em transporte sobre o tejadilho, deixámos o cartaz emoldurado na grelha
de suporte de carrinhos de compras, no parque de estacionamento do Arrábida
Shopping… certas de que seria uma varanda para muitas interrogações e
especulações! Mas …é tão bom estar à varanda!
- Quando se está, de
facto, à varanda!
- Estaremos à varanda
com outros livros… E, sendo a leitura e a varanda um espaço ficcional e
virtual, há sempre lugar para mais um …livro, leitor, whatever!!
- Quando te cansares de
estar à varanda, vem para dentro! Fecha o livro e a porta!... Até amanhã!
Cristina Marques
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