Ontem, pelas 21 horas, decorreu mais uma sessão do Clube de Leitura com a abordagem do romance "A noite das mulheres cantoras" de Lídia Jorge, obra que tem sido alvo de estudo nas universidades brasileiras.
Trata-se de um romance, de grande densidade poética, que nos conduz ao final dos anos oitenta, do século XX, com alguma contextualização histórica, mas também onde as relações sociais e universo psicológico são marcantes.
É uma parábola social muito actual, em forma de monólogo, onde sobressaem a audácia, a idolatria e a construção do êxito (a qualquer preço) no mundo da música, rica em dualidades como a cumplicidade e competitividade que envolve os personagens. Tal como na realidade, em que quase nada ou ninguém é como se nos apresenta, há sempre um lado obscuro que não conhecemos e devemos respeitar.
Segundo Miguel Real este romance "é um poderoso aguilhão da memória pessoal", porque quem vivenciou este período em Portugal pode-se rever e recordar a sépia, mas quem não o viveu, não deixa de ficar bem elucidada.
Um romance íntimo, envolvente, que faz pensar...
(...) Alguém já viu marcar um animal? O meu pai sempre anestesiava o gado, dizia que um ferro em brasa não lhe atingia o pêlo mas a alma. O meu pai acreditava que todos os animais tinham uma alma, e nunca tinha lido Aristóteles. Há saberes que passam directamente da superfície da terra para a nossa alma através das plantas dos nossos pés e nós julgamos que nos são dados pela Filosofia e pela Ciência. Não são. Aquele conhecimento era só dele. Do meu pai. (pág. 277)
Um romance íntimo, envolvente, que faz pensar...
(...) Alguém já viu marcar um animal? O meu pai sempre anestesiava o gado, dizia que um ferro em brasa não lhe atingia o pêlo mas a alma. O meu pai acreditava que todos os animais tinham uma alma, e nunca tinha lido Aristóteles. Há saberes que passam directamente da superfície da terra para a nossa alma através das plantas dos nossos pés e nós julgamos que nos são dados pela Filosofia e pela Ciência. Não são. Aquele conhecimento era só dele. Do meu pai. (pág. 277)
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