Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de
Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. As reuniões
decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos,
proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar
os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante.
Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.
Livro
indicado: “Um espião perfeito” de John Le Carré
Data: 30
novembro, 21h00
Sinopse: Magnus Pym, explicou
um dia John le Carré, «é o arquétipo do agente duplo que existe em cada um de
nós». E é bem provável que esta seja, de facto, a chave para a compreensão de
Um Espião Perfeito, unanimemente reconhecido pela crítica como a mais
importante e a mais autobiográfica das obras do autor.
O livro apresenta como epígrafe o provérbio de origem francesa: «quem tem duas mulheres perde a sua alma, mas quem tem duas casas perde a razão». Fundamentalmente, é a essa quase imperceptível perda que toda a história se refere: ao destino de um homem que, na qualidade de conselheiro da embaixada britânica em Viena para «certos assuntos inconfessáveis», controlou o conjunto das redes inglesas na Europa de Leste, apesar de ter sido durante toda a sua carreira um agente duplo partilhado entre o universo comunista e o establishment ocidental.
Publicado em 1986, Um Espião Perfeito rapidamente foi aclamado como um livro superior e tornou-se um imenso sucesso em todos os países onde foi editado. Na primeira página do The New York Times Book Review, o crítico Frank Conroy descreveu-o como «uma obra notável, que consegue um equilíbrio rigoroso entre o desenvolvimento da narrativa e a riqueza inteligente e hábil do seu estilo». E a Académie Goncourt, de Paris, não hesitou mesmo em declarar: «Um Espião Perfeito integrou le Carré no pequeno grupo dos grandes romancistas ocidentais.»
O livro apresenta como epígrafe o provérbio de origem francesa: «quem tem duas mulheres perde a sua alma, mas quem tem duas casas perde a razão». Fundamentalmente, é a essa quase imperceptível perda que toda a história se refere: ao destino de um homem que, na qualidade de conselheiro da embaixada britânica em Viena para «certos assuntos inconfessáveis», controlou o conjunto das redes inglesas na Europa de Leste, apesar de ter sido durante toda a sua carreira um agente duplo partilhado entre o universo comunista e o establishment ocidental.
Publicado em 1986, Um Espião Perfeito rapidamente foi aclamado como um livro superior e tornou-se um imenso sucesso em todos os países onde foi editado. Na primeira página do The New York Times Book Review, o crítico Frank Conroy descreveu-o como «uma obra notável, que consegue um equilíbrio rigoroso entre o desenvolvimento da narrativa e a riqueza inteligente e hábil do seu estilo». E a Académie Goncourt, de Paris, não hesitou mesmo em declarar: «Um Espião Perfeito integrou le Carré no pequeno grupo dos grandes romancistas ocidentais.»
John le
Carré , (Poole, 19 de outubro de 1931)
pseudónimo de David John Moore Cornwell, é um escritor britânico
notabilizado pelos seus romances sobre espionagem.
Estudou na
universidade de Berna na Suíça, e na Universidade de Oxford
em Inglaterra, tornando-se depois professor em Eton College antes de se juntar ao corpo
diplomático britânico entre 1960 e 1964.[1]
A sua
experiência nos serviços secretos terminou repentinamente, quando o agente
duplo britânico Kim Philby denunciou a
identidade de dezenas de espiões compatriotas ao KGB.
No entanto o seu primeiro livro ainda seria publicado enquanto estava no (MI6).[2]
John le
Carré é autor de numerosos livros de espionagem, muitos dos quais apresentam um
enredo que se desenvolve no contexto da Guerra Fria. No entanto, o fim da Guerra Fria
levou-o a modernizar as temáticas que serviam como pano de fundo aos seus
romances, assim, introduziu na sua obra temas como o terrorismo islâmico, a
problemática causada pelo desmembramento da União Soviética, a
política dos Estados Unidos da
América no Panamá e as manobras obscuras
da indústria farmacêutica no continente africano.[2]
Em 1998, ele
recebeu o título de Doutor em Letras honoris causa da Universidade
de Bath. Em 2008, o The Times classificou-o
22º lugar em sua lista de "Os 50 maiores escritores britânicos desde
1945". Em 2011, ele recebeu a Medalha Goethe do Instituto Goethe. Em 2012, ele foi premiado com o
grau de Doutor em Letras, honoris causa pela Universidade de Oxford.[3]
Opinião
Berna,
Londres, Viena, Berlim… um retrato poderoso da Guerra Fria. Espiões, agentes
secretos, profissionais do disfarce e do embuste, homens sem identidade, perdida
entre mil e uma imagens construídas para mentir à procura da verdade.
Pym é o agente perfeito – vendido aos dois lados – que procura durante toda a vida encontrar-se consigo mesmo e redimir a traição à amizade por Axel – o amigo/inimigo.
Por outro lado há o pai – memórias de um progenitor criminoso mas herói. Daqui resulta uma narrativa quase psicanalítica, marcada pelas recordações do passado e escrita, disfarçadamente, na primeira pessoa do singular.
O enredo revela toda a arte de Le Carré, capaz de manter aquele tom enigmático que prende o leitor ao longo de 575 enormes e recheadas páginas. Um livro longo, a espaços cansativo mas nunca maçador.
No final, fica a ideia de um homem sem identidade, perdidos nos disfarces e numa eterna procura que, nos últimos tempos, tenta redimir todo o passado que o tortura.
Na vida de Pym, fidelidade e traição são conceitos ambíguos que vivem lado a lado e se misturam permanentemente. De entre todos os sentimentos conflituosos, emerge em Pym um único que conquista a primazia: a amizade, o valor supremo. Uma amizade que nasce da traição – a única realidade capaz de gerar felicidade.
Pym é o agente perfeito – vendido aos dois lados – que procura durante toda a vida encontrar-se consigo mesmo e redimir a traição à amizade por Axel – o amigo/inimigo.
Por outro lado há o pai – memórias de um progenitor criminoso mas herói. Daqui resulta uma narrativa quase psicanalítica, marcada pelas recordações do passado e escrita, disfarçadamente, na primeira pessoa do singular.
O enredo revela toda a arte de Le Carré, capaz de manter aquele tom enigmático que prende o leitor ao longo de 575 enormes e recheadas páginas. Um livro longo, a espaços cansativo mas nunca maçador.
No final, fica a ideia de um homem sem identidade, perdidos nos disfarces e numa eterna procura que, nos últimos tempos, tenta redimir todo o passado que o tortura.
Na vida de Pym, fidelidade e traição são conceitos ambíguos que vivem lado a lado e se misturam permanentemente. De entre todos os sentimentos conflituosos, emerge em Pym um único que conquista a primazia: a amizade, o valor supremo. Uma amizade que nasce da traição – a única realidade capaz de gerar felicidade.
“A traição é
uma profissão repetitiva” (Pág. 564)
Manuel
Cardoso Gomes
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