Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura
destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. As reuniões decorrem à
volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a
convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos,
tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá
ter um escritor/dinamizador convidado.
Livro
indicado: "Aurora adormecida" de Eva
Cruz
Sinopse: "Aurora adormecida" é uma
biografia da mãe da autora e uma verdadeira homenagem ao amor entre mães, filhos e netos.
A escrita é "simples, fluida, intensa", tão bela, tão interessante, tão envolvente que mais
parece estarmos perante prosa poética.
Data: 24 maio 2018
"Aurora é nome de Deusa, Aurora é nome de mãe. Traz Consigo o amanhecer... e o ser. Traz a claridade e o brilho e é irmã do Sol e da Lua. Que promessa de nome!
Que a sua vida dava um romance. Se dava!...
(Nem lá faltava a complexidade do enredo, diegeses e metadiegeses, descrições e analepses, tudo o que faz falta no género!) Mas não deu! A autora abriu o baú, relicários de histórias e de vida e, com os mesmos fios com que tece um poema, urdiu uma bela história tão simples e tão comovente. É filha, também é mãe, sabe o que é o amor, a entrega e a dádiva, é escritora e tem um grande orgulho naquela sua mãe."
Carmina Figueiredo
"Aurora é nome de Deusa, Aurora é nome de mãe. Traz Consigo o amanhecer... e o ser. Traz a claridade e o brilho e é irmã do Sol e da Lua. Que promessa de nome!
Que a sua vida dava um romance. Se dava!...
(Nem lá faltava a complexidade do enredo, diegeses e metadiegeses, descrições e analepses, tudo o que faz falta no género!) Mas não deu! A autora abriu o baú, relicários de histórias e de vida e, com os mesmos fios com que tece um poema, urdiu uma bela história tão simples e tão comovente. É filha, também é mãe, sabe o que é o amor, a entrega e a dádiva, é escritora e tem um grande orgulho naquela sua mãe."
Carmina Figueiredo
Mãe a palavra
universal a palavra mais consensual da
humanidade
Nem Deus…
Deus é de uns e não de outros Deus é conceito de
muitos e
negação de outros tantos
A mãe não a
mãe é de todos sem excepção
A mãe é de
todos e é só nossa a mãe é do crente e do ateu a
mãe é do
pobre e do rico do sábio e do ignorante
A mãe é dos
poetas dos filósofos e artistas dos bons e dos
maus a mãe é
do amigo e do inimigo
Não há mãe
de uns e não de outros não há ninguém sem
mãe não há
mãe de ninguém
A mãe é de
toda a gente a mãe é de cada um a mãe é do
mundo
inteiro e do nosso mais pequeno recanto
A mãe é do
longe e do perto da água e do fogo do sangue
e das
lágrimas da alegria e da tristeza da doçura e da
amargura da
força e da fraqueza
A mãe é
certeza e aventura é medo e firmeza dúvida e
crença a
haste que se ergue no céu ou se aninha rente ao
chão para
que a morte a não vença
A mãe é a
outra parte de nós
Sem mãe
somos metade sem mãe nada é exacto igual a um
igual a
infinito onde se tocam princípio e fim onde os tempos
se encontram
sem tempo presente passado e futuro
A mãe é tudo
a mãe é de mais a mãe é o máximo
A mãe é a
lágrima que não seca no sorriso que não se apaga a
nuvem que
chove no sol que aquece a mensagem da luz e da
harmonia e
dos acordes matinais com que abre o nosso dia
A mãe
levanta‑se no orvalho das lágrimas da noite e mesmo
cansada não
perde a voz nem a cor da madrugada
A mãe é a
voz que se não teme a voz que se confia a voz que
tudo diz nas
consoantes do grito nas vogais do silêncio nos
abismos da
agonia
Mãe
Primeira
palavra a nascer a última palavra a morrer a mãe
é sempre a
mesma a mãe nunca é outra na sua infinita
diferença
A mãe é criação
a mãe é sempre o fim da obra‑prima
inacabada a
mãe nunca é ensaio nem esboço nem projecto
A mãe é um
milagre no milagre do mundo o único milagre
concebido
neste mundo real e concreto
Chora para
que outros riam ri para que a dor a não mate
mistura‑se com
a luz das estrelas para vencer a escuridão
devora as
nuvens por um raio de sol
A mãe é
beleza e poesia aurora fulgurante aurora
adormecida a
mãe é bela porque é simples a mãe é simples
porque nasce
da silenciosa lógica da vida
A mãe é o
que é a mãe é a fragilidade da semente a força do
tronco a
beleza da flor a doçura do fruto o dom de renascer
A mãe é tudo
numa coisa só
Amor
(in Adão Cruz, VAI O RIO NO ESTUÁRIO. Poemas de braços abertos, ediçõesengenho)
Eva Cruz nasceu em Vale de Cambra, é licenciada em
Filologia Germânica pela Universidade de Coimbra, fez formação em Portugal, na
Alemanha e na Suíça (num cantão de língua alemã). Foi correspondente/tradutora
numa empresa portuguesa e, depois, numa empresa suíça. Foi professora do Liceu
durante trinta e seis anos. No Ensino, ocupou cargos de direcção e cargos
pedagógicos. Esteve ligada à formação de professores durante doze anos. Foi
dirigente sindical.
Escreveu para jornais e publicou em 2004 o seu
primeiro livro “Era uma vez Future Kids”, em 2006 o segundo “Aurora
Adormecida”, ”Era uma vez em Outubro”, o terceiro livro, em 2010 e o
último "Corconte" em 2012.
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