Livro indicado: "A ronda da noite" de Agustina Bessa-Luís (n. 1922)
Data: 29 novembro, 21h00 às 22h00
Sinopse: Há muitas gerações que os Nabasco vivem sob a presença discreta e a posse de um quadro de grandes dimensões, uma cópia da famosa obra de Rembrandt, Ronda da Noite.
A sua interpretação está ainda hoje sujeita a controvérsia e a inúmeras vicissitudes, tal como sucedeu no seio dos Nabascos, com as hesitações de aquele seu quadro ter sido pintado também pelo próprio Rembrandt.
Agustina desfia ficcionalmente a história da família, os seus amores e dramas, as suas vivências, a par com a presença indelével das figuras pintadas na Ronda da Noite. O último dos Nabasco vive e morre obcecado com uma interpretação impossível para ele de realizar.
Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, Amarante, a 15 de Outubro de 1922. A sua infância e adolescência são passadas nesta região, cuja ambiência marcará fortemente a obra da escritora. Estreou-se como romancista em 1948, com a novela Mundo Fechado, tendo desde então mantido um ritmo de publicação pouco usual nas letras portuguesas, contando até ao momento com mais de meia centena de obras.
Tem representado as letras portuguesas em numerosos colóquios e encontros internacionais e realizado conferências em universidades um pouco por todo o mundo.
Foi membro do conselho diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962).
Entre 1986 e 1987 foi Diretora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto). Entre 1990 e 1993 assumiu a direção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
É membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, tendo já sido distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de "Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres", atribuído pelo governo francês (1989).
É em 1954, com o romance A Sibila, que Agustina Bessa-Luís se impõe como uma das vozes mais importantes da ficção portuguesa contemporânea. Conjugando influências pós-simbolistas de autores como Raul Brandão na construção de uma linguagem narrativa onde o intuitivo, o simbólico e uma certa sabedoria telúrica e ancestral, transmitida numa escrita de características aforísticas, se conjugam com referências de autores franceses como Proust e Bergson, nomeadamente no que diz respeito à estruturação espácio-temporal da obra, Agustina é senhora de um estilo absolutamente único, paradoxal e enigmático.
Vários dos seus romances foram já adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira, de quem foi amiga e com quem trabalhou de perto. Estão neste caso Fanny Owen ("Francisca"), Vale Abraão e As Terras do Risco ("O Convento"), para além de "Party", cujos diálogos foram igualmente escritos pela escritora. É também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance As Fúrias sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).
Em Maio de 2002 Agustina Bessa-Luís é pela segunda vez contemplada com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), relativo a 2001, com a obra "O Princípio da Incerteza - Jóia de Família", obra que Manoel de Oliveira adaptou ao cinema com o título "O Princípio da Incerteza", e que foi exibido dias antes da atribuição deste prémio, no Festival de Cannes.
Agustina Bessa-Luís foi distinguida com os prémios Vergílio Ferreira 2004, atribuído pela Universidade de Évora, pela sua carreira como ficcionista, e o Prémio Camões 2004, o mais alto galardão das letras em português.
Sinopse: Há muitas gerações que os Nabasco vivem sob a presença discreta e a posse de um quadro de grandes dimensões, uma cópia da famosa obra de Rembrandt, Ronda da Noite.
A sua interpretação está ainda hoje sujeita a controvérsia e a inúmeras vicissitudes, tal como sucedeu no seio dos Nabascos, com as hesitações de aquele seu quadro ter sido pintado também pelo próprio Rembrandt.
Agustina desfia ficcionalmente a história da família, os seus amores e dramas, as suas vivências, a par com a presença indelével das figuras pintadas na Ronda da Noite. O último dos Nabasco vive e morre obcecado com uma interpretação impossível para ele de realizar.
Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, Amarante, a 15 de Outubro de 1922. A sua infância e adolescência são passadas nesta região, cuja ambiência marcará fortemente a obra da escritora. Estreou-se como romancista em 1948, com a novela Mundo Fechado, tendo desde então mantido um ritmo de publicação pouco usual nas letras portuguesas, contando até ao momento com mais de meia centena de obras.
Tem representado as letras portuguesas em numerosos colóquios e encontros internacionais e realizado conferências em universidades um pouco por todo o mundo.
Foi membro do conselho diretivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962).
Entre 1986 e 1987 foi Diretora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto). Entre 1990 e 1993 assumiu a direção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
É membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, tendo já sido distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de "Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres", atribuído pelo governo francês (1989).
É em 1954, com o romance A Sibila, que Agustina Bessa-Luís se impõe como uma das vozes mais importantes da ficção portuguesa contemporânea. Conjugando influências pós-simbolistas de autores como Raul Brandão na construção de uma linguagem narrativa onde o intuitivo, o simbólico e uma certa sabedoria telúrica e ancestral, transmitida numa escrita de características aforísticas, se conjugam com referências de autores franceses como Proust e Bergson, nomeadamente no que diz respeito à estruturação espácio-temporal da obra, Agustina é senhora de um estilo absolutamente único, paradoxal e enigmático.
Vários dos seus romances foram já adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira, de quem foi amiga e com quem trabalhou de perto. Estão neste caso Fanny Owen ("Francisca"), Vale Abraão e As Terras do Risco ("O Convento"), para além de "Party", cujos diálogos foram igualmente escritos pela escritora. É também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance As Fúrias sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).
Em Maio de 2002 Agustina Bessa-Luís é pela segunda vez contemplada com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (APE), relativo a 2001, com a obra "O Princípio da Incerteza - Jóia de Família", obra que Manoel de Oliveira adaptou ao cinema com o título "O Princípio da Incerteza", e que foi exibido dias antes da atribuição deste prémio, no Festival de Cannes.
Agustina Bessa-Luís foi distinguida com os prémios Vergílio Ferreira 2004, atribuído pela Universidade de Évora, pela sua carreira como ficcionista, e o Prémio Camões 2004, o mais alto galardão das letras em português.
Críticas de imprensa
A
Ronda da Noite é um texto imensamente subtil, mais uma história sobre
famílias nortenhas abastadas que é um ensaio sobre a criação e os
costumes., sobre a civilização e os instintos. [...] este livro é
essencialmente um romance de ideias. Ideias sobre uma classe e um tempo,
por um lado, e ideias sobre o desejo, por outro. [...] Ao mesmo tempo,
este é um dos romances mais libidinais de Agustina [...] um romance
sobre a mortalidade que respira imortalidade.!
Pedro Mexia, Diário de Notícias
Pedro Mexia, Diário de Notícias
Agustina no seu melhor.
Eduardo Pitta, Público, Mil Folhas
Agustina fascina e assombra, no claro escuro das suas obsessões, pelo próprio sentido enigmático da variação da variação, que faz a grandeza perdurável do inacabado, na captação do instante. Como Rembrandt, aliás.
Álvaro Manuel Machado, Expresso, Actual
Do Prefácio de António Mega Ferreira
http://ensina.rtp.pt/artigo/no-universo-de-agustina/
Excertos:
página 77
"Quando a avó adoecia ele [Martinho] ia para a ilha de San Giulio..."
Não escolhia nada mal, o nosso Martinho...
Quem deve conhecer bem esta ilha é a nossa amiga Graça Oliveira, já que fica apenas a 85 km de Milão.
MILÃO - Retratada por escritores como Friedrich Nietzsche, Honoré de Balzac, Samuel Butler, Lord Byron e Robert Browning, a beleza do Lago Orta tem passado incólume a muitos turistas — e ...
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página 142:
"- É uma indecência, são como os macacos do Palácio de Cristal.
Ela (Elisa) ainda conhecera os macacos na antiga versão do Palácio..."
Página 151:
"Pareces o cão do Goya".
Goya adquire esta finca na margem do rio Manzanares, justo defronte da ermida e pradaria de Santo Isidro, em Fevereiro de 1819, talvez para viver ali com Leocadia Weiss a salvo de rumores, pois esta era casada com Isidoro Weiss.Era a mulher com a que tinha uma relação e possivelmente uma filha pequena, Rosario, das duas crianças que tinham ao seu cargo.
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Página 212:
"... e ele lembrou-se do hotel de Aosta...na sala de jogo...as mulheres de seios murchos com jóias faiscantes não tinham rostos mas só a mancha da pele. Como o vampiro de Murnau."
F. W. Murnau (1888-1931): realizador alemão do cinema mudo. Em 1922 realizou o filme "Nosferatu" (adaptação do "Drácula" de Bram Stocker). O vampiro é interpretado pelo ator Max Schreck. Max Schreck tornou-se muito famoso, graças ao enorme sucesso de sua interpretação do vampiro Conde Orlok. Murnau morreu com 42 anos num acidente de carro na Califórnia. "Nosferatu" é considerado ainda hoje um clássico do cinema de terror.
página 245:
"[Martinho] Fora descobrir que Inês de Zúñiga, esposa do primeiro-ministro Olivares, fora pintada por Juan Carreño de Miranda, bem no estilo de Velásquez e tinha à cinta, pendente duma fita de seda, uma "surpreendente" pistola dourada.(...) A razão da pistola à cinta resta insolúvel..."
Este quadro foi pintado c. 1660 e encontra-se no Museu Lázaro Galdiano em Madrid.
Não obstante, José Camon Aznar afirma que Carreño "o pintou com dignidade, atenuando suas deformidades, com a cabeleira caindo sobre os ombros e vestido com trajes negros".De toda forma, os retratos de Carlos II executados por Carreño têm grande importância caracterológica.
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Página 249:
" O rosto de Saskia estava pintado de maneira pouco anatómica, como a cara da Maja Desnuda de Goya."
Este quadro encontra-se no Museu do Prado, em Madrid. Foi pintado entre 1790 e 1800.
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