"A vegetariana", da escritora sul-coreana Han Kang, foi a obra analisada e discutida na sessão de ontem do Clube de Leitura de abril.
Esta obra foi o grande vencedora do Man Booker International Prize em 2016, entre autores conceituados como Elena Ferrante e Ohran Pamuk, tornando-se um best-seller internacional, aplaudido em todos os países onde está traduzido.
"A vegetariana” é composta por três histórias
descritas e desenvolvidas segundo a interpretação de três personagens, com pontos
de vista diferentes entre si e que acabam por se completar.
A escrita é fluída e de fácil leitura, no entanto prevalece
um tom melancólico, sofrido, intenso e perturbador. Este é um livro "admirável
sobre sexo e violência - erótico, comovente, incrivelmente corajoso e
provocador, original e poético".
Está claramente implícita uma crítica à sociedade e à
cultura sul coreana, na qual impera uma grande violência física e psicológica sobre as
mulheres, característica das civilizações orientais ancestrais e
que se prolonga na contemporaneidade.
Ao mesmo tempo torna-se uma leitura fascinante, porque
não estamos certos se é apenas um comportamento para ser analisado à luz da psiquiatria
ou uma simples perturbação psicológica, do foro da saúde mental, ou se pelo
contrário, é uma tentativa racional de libertação das amarras de uma sociedade
patriarcal sufocante.
A personagem principal encontra num sonho obsessivo uma motivação
para se libertar da opressão social e familiar e enveredar por um caminho de
fuga para um estado de fusão com a natureza, ascender à transcendência
e atingir assim um nível superior de existência.
Esta ambiguidade quase surrealista torna-se muito interessante, tornando-se um estímulo à imaginação e a criatividade para uma melhor compreensão da personagem.
A violência
do sonho aliada à violência do real só tornou as coisas piores. Então, além de
querer ser vegetariana, ela quis ser puramente vegetal e transformar-se numa
árvore. Porque talvez uma árvore sofra menos do que um ser humano.
Afinal as
árvores vivem apenas com água e um pouco de sol e era apenas isso que ela ambicionava.
Simplesmente, belo!
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