sexta-feira, 30 de abril de 2021

CLUBE DE LEITURA - ABRIL


 "A vegetariana", da escritora sul-coreana Han Kang, foi a obra analisada e discutida na sessão de ontem do Clube de Leitura de abril.

Esta obra foi o grande vencedora do Man Booker International Prize em 2016, entre autores conceituados como Elena Ferrante e Ohran Pamuk, tornando-se um best-seller internacional, aplaudido em todos os países onde está traduzido.

"A vegetariana” é composta por três histórias descritas e desenvolvidas segundo a interpretação de três personagens, com pontos de vista diferentes entre si e que acabam por se completar.

A escrita é fluída e de fácil leitura, no entanto prevalece um tom melancólico, sofrido, intenso e perturbador. Este é um livro "admirável sobre sexo e violência - erótico, comovente, incrivelmente corajoso e provocador, original e poético".

Está claramente implícita uma crítica à sociedade e à cultura sul coreana, na qual impera uma grande  violência física e psicológica sobre as mulheres, característica das civilizações orientais ancestrais e que se prolonga na contemporaneidade.

Ao mesmo tempo torna-se uma leitura fascinante, porque não estamos certos se é apenas um comportamento para ser analisado à luz da psiquiatria ou uma simples perturbação psicológica, do foro da saúde mental, ou se pelo contrário, é uma tentativa racional de libertação das amarras de uma sociedade patriarcal sufocante.

A personagem principal encontra num sonho obsessivo uma motivação para se libertar da opressão social e familiar e enveredar por um caminho de fuga para um estado de fusão com a natureza, ascender à transcendência e atingir assim um nível superior de existência.

Esta ambiguidade quase surrealista torna-se muito interessante, tornando-se um estímulo à imaginação e a criatividade para uma melhor compreensão da personagem.

A violência do sonho aliada à violência do real só tornou as coisas piores. Então, além de querer ser vegetariana, ela quis ser puramente vegetal e transformar-se numa árvore. Porque talvez uma árvore sofra menos do que um ser humano.

Afinal as árvores vivem apenas com água e um pouco de sol e era apenas isso que ela ambicionava.

Simplesmente, belo!  

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