Com uma periodicidade mensal (à exceção de
agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura
partilhada.
As reuniões decorrem à volta
de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a
convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos,
tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá
ter um escritor/dinamizador convidado.
O Clube de Leitura reunirá
a 23 fevereiro pelas 21h00.
O livro
selecionado será "Colibri" de Sandro Veronesi.
Sinopse: Quando as paixões
humanas colidem com as forças para além do controlo humano.»
Marco Carrera é um
oftalmologista com uma vida boa e organizada - até que lhe entra pelo
consultório um desconhecido, que sabe tudo sobre o seu passado e o avisa de que
corre perigo. Além disso, diz-lhe que a sua mulher está a ter um caso
extraconjugal e vai ter um filho que não é dele.
Estas revelações desencadeiam um longo fluxo de
recordações: da infância e juventude, da família, da primeira mulher na vida
dele, de um certo amigo, da irmã mais velha que morreu afogada. A narrativa
constrói-se de forma empolgante e original, avançando e retrocedendo entre
várias décadas dos séculos XX e XXI. E, em lugar da sequência habitual nas
sagas familiares - «trauma, dor, recuperação» - tudo aqui parece acontecer ao
mesmo tempo. E está sempre a acontecer.
Quem é Sandro Veronesi?
Nasceu em Florença em 1959. Considerados um dos mais importantes romancistas italianos dos últimos trinta anos, é um de apenas dois autores que ganharam duas vezes o Prémio Strega. É autor de duas dezenas de romances, contos, poemas e peças jornalísticas. O seu romance Caos Calmo, também distinguido com o prémio Streg (...)
Opiniões:
Ian McEwan
«Faz-nos crer que está a escrever só para nós.
Um romance poderosamente inteligente.»
Howard Jacobson
«Cheio de surpresas. Um verdadeiro presente ao
Mundo.»
Michael Cunningham
«Com O Colibri, Veronesi reescreveu a saga
familiar. Ardente e inventivo, já foi considerado um clássico.»
Jhumpa
Lahiri
«Um
belíssimo estudo dos laços duradouros dos amores imperfeitos.»
TLS
Excertos de Graça Serra
Páginas 133-135
Uma noite os 3 irmãos ouvem os pais
discutirem e trocarem insultos. Já não se suportavam, mas não se separavam. O
que os mantinha juntos? A promessa que tinham feito um ao outro há quase 20
anos, "quando desabrochavam as violetas", como dizia uma canção de
Fabrizio de André? "Não nos separaremos nunca, nunca, nunca". A
canção intitulava-se "Canção do Amor Perdido".
Fabrizio Cristiano De André (Génova, 18 de Fevereiro de 1940 – Milão, 11 de Janeiro de 1999) foi um cantor e compositor italiano
entre os mais conhecidos e importantes da história. Anarquista, libertário e
pacifista, na sua obra, cantou sobretudo histórias de revolucionários. Muitas
das suas letras são inclusivamente estudadas como expressão importante da
poesia do século XX na
Itália.
Os amigos e admiradores chamavam-lhe Faber.
Fabrizio De André lançou, nos seus quarenta anos de carreira, cerca de
vinte discos, número relativamente baixo, mas compensado certamente pela alta
qualidade do seu trabalho artístico.
Em sua memória foi instituído um prémio com o seu nome.
Em 1998, foi-lhe diagnosticado um carcinoma pulmonar, o que o leva a interromper definitivamente os concertos. Morre na noite de 11 de janeiro de 1999, pouco antes de completar 59 anos. O funeral foi realizado em Génova, no dia 13 de janeiro, com a presença de mais de dez mil pessoas.
Clicar em baixo, para ouvir "La
Canzone dell'amore perduto", de 1966, com legendas em italiano, inglês e
espanhol. Muto triste mas tão bonita!
Páginas 140 - 147 - 149
A filha de Adele nasceu a 20.10.2010. Esta
data para a mãe tinha um significado especial. Chamou-lhe Miraijin, que em
japonês significa "Homem do Futuro".
Adele foi buscar o nome Miraijin à banda
desenhada japonesa "Miraijin Chaos" do grande Osamu Tezuka, o
"Deus da Manga" (manga é o nome dado à banda desenhada no Japão) que
era o ídolo da filha. O seu personagem principal é Astro Boy. Será amigo do
brasileiro Maurício de Sousa, autor de "A Turma da Mónica".
Tezuka Osamu (3 de novembro de 1928 — 9 de fevereiro de 1989) foi um desenhista de mangas bastante influente no Japão e no
resto do mundo. Por isso, é lembrado por muitos no Japão como o "pai da
manga moderna" ou simplesmente "Deus da Manga". Tezuka
Osamu foi um grande influenciador, tendo servido de exemplo a outros grandes
artistas da manga.
O desenho de Tezuka é facilmente identificável: o traço é claro, as
imagens, simples, o enquadramento cinematográfico e o humor estão sempre
presentes. O autor nunca hesita em se colocar em cena, com a sua silhueta
reconhecível principalmente pela sua boina e pelos seus óculos grossos.
Uma indicação da sua produtividade: a sua obra completa publicada no Japão
reuniu cerca de 400 volumes, mais de 80 000 páginas. A grande maioria
dessas obras nunca foi traduzida do original japonês e continua inacessível aos
leitores do Ocidente.
Tezuka esteve no Brasil em 1984, onde se encontrou com Maurício de Souza,
autor de " A Turma da Mónica".
Tezuka morreu de cancro do estômago em
1989, com 60 anos.
Página 152
Marco não concorda muito com as opções da filha Adele, mas aceita-as. Cita
muitas vezes um verso de João da Cruz:
"Para ires aonde não sabes/hás-de passar por onde não sabes"
João da Cruz, (em castelhano: Juan de la Cruz) foi um místico, sacerdote e frade carmelita espanhol venerado como Santo pelos católicos. Nascido em Fontiveros, em Castela a Velha, em 1542 e falecido em Úbeda, em 1591, com 49 anos, foi um dos mais importantes expoentes da Contrarreforma.
Grande reformador da Ordem Carmelita, é considerado, juntamente
com Santa Teresa de Ávila, o fundador dos Carmelitas Descalços.
João também é conhecido pelas suas obras literárias e tanto a sua poesia quanto
as suas investigações sobre o crescimento da alma são consideradas o
ápice da literatura mística e destacam-se entre as grandes obras
da literatura espanhola
João da Cruz foi canonizado em 1726 por Bento XIII e é
um dos Doutores da Igreja Católica.
« Para chegares ao que não sabes, hás-de
ir por onde não sabes.. Para vires a possuir tudo, não queiras possuir coisa
alguma. Para vires a ser tudo, não queiras ser coisa alguma.» - estes versos
encontram-se na “Subida ao monte Carmelo”, capítulo primeiro.
O Poema completo é o seguinte:
“Para chegares a saborear tudo,
não queiras ter gosto em coisa alguma.
Para chegares a possuir tudo,
não queiras possuir coisa alguma.
Para chegares a ser tudo,
não queiras ser coisa alguma.
Para chegares a saber tudo,
não queiras saber coisa alguma.
Para chegares ao que não gostas,
Hás-de ir por onde não gostas.
Para chegares ao que não
sabes,
Hás-de ir por onde não
sabes.
Para vires ao que não possuis,
Hás- de ir por onde não possuis.
Para chegares ao que não és,
Hás-de ir por onde não és.
Modo de não impedir o tudo:
Quando reparas em alguma coisa,
deixas de arrojar-te ao tudo.
Porque para vir de todo ao tudo,
Hás-de negar-te de todo em tudo.
E quando vieres a tudo ter,
hás-de tê-lo sem nada querer.
Porque se queres ter alguma coisa em tudo,
não tens puramente em Deus teu tesouro.”
São João da Cruz
Página 164
Numa carta que Marco escreve ao irmão Giacomo, em dezembro de 2009, fala sobre a casa dos pais, que anda a desocupar aos poucos. Diz-lhe que entrou no quarto de Irene, a irmã falecida e encontrou a maquete da "casa de bonecas na cascata" que o pai fez para ela.
Considerada uma das mais famosas casas do mundo, a Casa da Cascata (em inglês: Fallingwater house) ou Casa Kaufmann (nome da família de seu primeiro proprietário) é uma residência localizada a 80 km a sudeste de Pittsburgh, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos.
O edifício foi projetado em 1934 pelo arquitecto Frank Lloyd Wright (1867-1959), considerado
o introdutor da arquitectura moderna no
seu país, e construído em 1936.
A sua principal característica é o facto de ter sido erguida parcialmente
sobre uma pequena queda de água, servindo-se dos elementos naturais ali
presentes (como pedras, vegetação e a
própria água) como constituintes da composição arquitectónica. Assim como
várias outras obras de Wright, foi construída com materiais experimentais para
a época.
O proprietário era o homem de negócios Edgar Kaufmann Sr., cujo filho Edgar
Jr. fora aluno de arquitectura de
Wright. Foi construída no meio de um bosque, no interior de uma propriedade da
família. Originalmente utilizada como residência de veraneio da família, a casa
hoje é um museu.
BOLGHERI
O casal Carrera comprou em Bolgheri uma
casa em ruínas nos anos 60. No mês de agosto, toda a família se muda de
Florença, onde vive, para Bolgheri, para fazer praia.
Página 180
Página 171
No dia 23 de agosto de 1981, um domingo,
Probo e Letizia vão jantar a S. Vicenzo, a um restaurante chamado "Il
Gambero Rosso". Vão festejar os 50 anos de Titti, a viúva de Aldino, amigo
de Probo.
O restaurante Il Gambero Rosso nasceu em março de 1980 e cessou definitivamente a sua atividade em novembro de 2008.
Considerado um dos templos da
restauração italiana (foi premiado com duas estrelas pelo Guia Michelin), era
um ambiente requintado e muito acolhedor. A cozinha era criativa,
utilizando matérias-primas de altíssimo nível. De todo o mundo vieram
pessoas a San Vincenzo com o propósito de experimentar um prato de Fulvio Pierangelini
(nascido em Roma em maio de 1953) ou para poderem dizer que comeram no lendário
restaurante, que durante três décadas foi a grande atração turística de San
Vincenzo. Um pequeno restaurante nomeado várias vezes como melhor
restaurante italiano, com o seu chef eleito durante anos como o melhor de
Itália e entre os melhores do mundo. Pierangelini criou pratos
"cult", sendo o mais famoso o "puré de grão de bico com
camarão". San Vincenzo, durante muitos anos, foi sobretudo o "Gambero
Rosso" e para muitos turistas era apenas "a cidade onde está
localizado o Gambero Rosso".
página 183
Marco convidou Luísa para jantar e leva-a a Baratti onde comem uma "schiaccina". Para Marco, o Golfo de Baratti é "uma das maravilhas do mundo".
Página 173
Irene chegou ao limite. Ouve no walkman a
canção Gloomy Sunday, a canção húngara dos suicidas, segundo a lenda
responsável por dezenas de suicídios em Budapeste, nos anos 30. Irene ouve a
versão americana de Lydia Lunch.
Esta canção foi composta nos anos 30 na
Hungria (texto de László Jám, música de Rezsõ Seress) e gravada pela primeira
vez em 1935 pelo cantor Pál Kalmár, obtendo um êxito mundial imediato.
Em 1936 foi feita uma versão americana,
com letra de Sam Lewis.
Espalhou-se a lenda que por causa da sua
tristeza, seria responsável por ter levado ao suicídio muitas pessoas que a
tinham ouvido, o que a converteu na "canção húngara dos suicídios".
Foi banida pela BBC em Inglaterra durante 66 anos, desde 1936 até 2002.
Em 1941, Billie Holiday acrescentou uma
estrofe que tentava explicar as anteriores como sendo um sonho.
Existem muitas versões desta canção, entre
as quais a de Ricky Nelson, de 1954; a de Lydia Lunch, de 1981, que é citada no
livro e seria a que Irene estava a ouvir; a de Elvis Costello, de 1984; a de
Marianne Faithfull, de 1987; a de Sinéad O'Connor, de 1992; a de Byörk, de
2010; e por fim, a de Angelina Jordan, uma norueguesa que tem atualmente 17
anos e que cantou esta canção na audição do concurso "Norway's Got
Talent" de 2014 (que acabaria por ganhar), quando tinha apenas 7 anos,
impressionando os júris.
Eu escolhi as versões de Billie Holiday e
de Angelina.
https://www.youtube.com/watch?v=zBIqLqUenz0
Páginas 299 a 310
Marco escolhe a casa de Bolgheri para se
despedir de toda a família e para morrer.
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