quinta-feira, 1 de maio de 2025

CLUBE DE LEITURA ABRIL 2025

No passado dia 24 de abril, pelas 21h00, decorreu a sessão de abril do Clube de Leitura para análise e discussão da obra "Nós matámos o cão-tinhoso" do moçambicano Luis Bernardo Honwana (1942-)

Volvidos 50 anos sobre a Independência de Moçambique, o Clube de Leitura abordou em abril uma obra que relembra os malefícios do império colonialista português.

Nós Matámos o Cão-Tinhoso é uma coletânea de sete contos publicada em 1964, quando o autor tinha apenas 22 anos. Trata-se de uma obra marcante da literatura moçambicana, que se destaca pela força temática e simbólica, apesar da linguagem simples.

Através de uma escrita acessível, o autor transmite emoções intensas e expõe, de forma crítica e simbólica, temas como o racismo, a desigualdade social, o abuso sexual, a violência do regime colonial português, a desumanização e a perda da inocência.

Entre os contos que compõem a obra, destaca-se aquele que lhe dá o título. Narrado por uma criança, relata a história de um cão doente, rejeitado e condenado, que simboliza os oprimidos do sistema colonial. As crianças, por sua vez, incitadas por figuras de autoridade, representam a forma como a violência e a opressão são perpetuadas através da educação e da interiorização de valores discriminatórios. O contraste entre a pureza dos sentimentos infantis e a brutalidade do contexto social e político é particularmente marcante.

Outro conto relevante é Dina, que denuncia o abuso sexual de mulheres negras por parte de colonizadores brancos. Através da descrição de uma cena de violação, o conto expõe a raiva contida dos trabalhadores agrícolas, que, apesar da revolta, permanecem submissos ou são condenados a um fim trágico.

Todos os contos constituem um testemunho poderoso do ambiente de miséria, opressão e exclusão vivido em Moçambique durante o período colonial. Esta obra teve um impacto significativo, contribuindo para o desenvolvimento de uma consciência crítica essencial aos movimentos de libertação das colónias.

O autor, que apoiou ativamente a luta pela independência, foi preso em 1964. Em 1969, em pleno contexto colonial e com a guerra em curso, Nós Matámos o Cão-Tinhoso foi publicado em língua inglesa, alcançando grande divulgação e reconhecimento internacional. Após a independência de Moçambique, o autor assumiu vários cargos políticos, tendo chegado a ser Ministro da Cultura.






 

 


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