Com uma periodicidade mensal (à exceção
de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura
partilhada. As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e
lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de
ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais
estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.
Sinopse: Sobre as
ruínas da Grande Guerra, dois sobreviventes das trincheiras, consideravelmente
maltratados, desforram-se levando a cabo uma burla tão espetacular como amoral.
Fresco de uma rara crueldade, notável pela sua
arquitetura e pelo poder de evocação, Até nos vermos lá em cima é um
grande romance sobre o pós-guerra de 1914-1918, sobre a ilusão do armistício, a
hipocrisia do Estado que glorifica os seus desaparecidos e se desembaraça dos
cidadãos vivos e incómodos e sobre a abominação elevada a virtude. Numa
atmosfera crepuscular e visionária, Pierre Lemaitre compõe a grande tragédia
dessa geração perdida com um talento e uma segurança impressionantes.
Livro adotado pelo Plano Nacional de Leitura e
recomendado para a Formação de Adultos como sugestão de leitura. Prémio
Goncourt 2013.
Data: 27
setembro, 21h00 às 22h00
Pierre Lemaître nasceu em Paris, em 1956. Deu aulas de Literatura francesa e americana durante vários anos e atualmente dedica-se à escrita e ao teatro. Foi galardoado com o Prémio Le Point do Romance Policial Europeu em 2010. Os cinco policiais que escreveu, premiados pela crítica e aplaudidos pelos leitores, fizeram dele um dos grandes nomes das letras francesas e granjearam-lhe o reconhecimento internacional.
Críticas de imprensa
«Uma escrita fantástica, dura, tão eficaz como um
murro na cara.»
L' Express
L' Express
«Lemaitre desfere um poderoso golpe: cativante, profundo e comovente, este romance consagra um enorme talento. A linguagem, viva, apurada e original, é dominada pelo autor na perfeição. Eis uma ficção prodigiosa que não passará despercebida.»
Lire
«Um livro imaginado e descrito com talento e escrito com vigor. Impossível pô-lo de lado até chegar à última página.»
Le Soir
«As reviravoltas são mais do que muitas, e o final, particularmente conseguido, concilia a tragédia antiga com a mais comovedora história de amor.»
Le Figaro
Saiba mais acerca do filme em:
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/ate-nos-vermos-la-em-cima-chega-aos-cinemas-portugueses_a1071078
Lets look at de trailler:
Lets look at de trailler:
Curiosidades/pesquisas da Graça Serra:
Parece
o título de um livro de Nicholas Sparks mas não é.
O
título "Até nos vermos lá em cima" é a tradução livre do original
francês "Au revoir là-haut" e como se pode ler na introdução da
página 11, faz parte de uma carta escrita por Jean Blanchard à mulher, antes de
ser fuzilado em 4 de dezembro de 1914. Jean Blanchard foi um dos "Mártires
de Vingré", 6 soldados fuzilados "para exemplo", acusados de
deserção. Foram reabilitados, os 6, em 1921. Em sua homenagem foi inaugurado,
em 1925, um monumento no local onde foram fuzilados, em Vingré, no Norte de
França.
São
muito tocantes as cartas que escreveram antes de morrerem.
Transcrevo
a de Jean Blanchard, por ser a que deu origem ao título. Tinha 35 anos em
1914.
Extraits de la lettre de
Jean Blanchard à sa femme Michelle:
« 3
décembre 1914, 11 heures 30 du soir
Ma chère
Bien-aimée, c'est dans une grande détresse que je me mets à t'écrire et si Dieu
et la Sainte Vierge ne me viennent en aide c'est pour la dernière fois...
Je vais
tâcher en quelques mots de te dire ma situation mais je ne sais si je pourrai,
je ne m'en sens guère le courage. Le 27 novembre, à la nuit, étant dans une
tranchée face à l'ennemi, les Allemands nous ont surpris, et ont jeté la
panique parmi nous, dans notre tranchée, nous nous sommes retirés dans une
tranchée arrière, et nous sommes retournés reprendre nos places presque
aussitôt, résultat : une dizaine de prisonniers à la compagnie dont un à
mon escouade, pour cette faute nous avons passé aujourd'hui soir l'escouade
(vingt-quatre hommes) au conseil de guerre et hélas ! nous sommes six pour
payer pour tous, je ne puis t'en expliquer davantage ma chère amie, je souffre
trop, l'ami Darlet pourra mieux t'expliquer, j'ai la conscience tranquille et
me soumets entièrement à la volonté de Dieu qui le veut ainsi ; c'est ce
qui me donne la force de pouvoir t'écrire ces mots, ma chère bien-aimée, qui
m'as rendu si heureux le temps que j'ai passé près de toi, et dont j'avais tant
d'espoir de retrouver. Le 1er décembre au
matin on nous a fait déposer sur ce qui s'était passé, et quand j'ai vu
l'accusation qui était portée contre nous et dont personne ne pouvait se
douter, j'ai pleuré une partie de la journée et n'ai pas eu la force de
t'écrire...
Oh !
bénis soient mes parents qui m'ont appris à la connaître ! Mes pauvres
parents, ma pauvre mère, mon pauvre père, que vont-ils devenir quand ils vont
apprendre ce que je suis devenu ? Ô ma bien-aimée, ma chère Michelle,
prends-en bien soin de mes pauvres parents tant qu'ils seront de ce monde, sois
leur consolation et leur soutien dans leur douleur, je te les laisse à tes bons
soins, dis-leur bien que je n'ai pas mérité cette punition si dure et que nous
nous retrouverons tous en l'autre monde, assiste-les à leurs derniers moments
et Dieu t'en récompenseras, demande pardon pour moi à tes bons parents de la
peine qu'ils vont éprouver par moi, dis-leur bien que je les aimais beaucoup et
qu'ils ne m'oublient pas dans leurs prières, que j'étais heureux d'être devenu
leur fils et de pouvoir les soutenir et en avoir soin sur leurs vieux jours
mais puisque Dieu en a jugé autrement, que sa volonté soit faite et non la
mienne. Au revoir là-haut, ma chère épouse.
Jean »
Sob o efeito
das drogas para as dores, a consciência de Édouard manteve-se por muito tempo
"afogada em imagens" (p. 52)
Pág. 53:
"Por
entre estas imagens (...) começou a irromper de modo recorrente
A Origem do Mundo", de Courbet".
Este quadro
de Courbet encontra-se no Musée d'Orsay, em Paris.
L'Origine du
monde (A Origem do Mundo em francês), de 1866, é um quadro pintado pelo
realista Gustave Courbet a pedido do diplomata turco otomano Khalil-Bey, que
solicitou ao pintor uma pintura que retratasse o nu feminino na sua forma mais
crua, por ser colecionador de imagens eróticas.
pt.wikipedia.org
Página 189:
O filme
Páginas 69-70
"Édouard vê-se agora refletido no vidro.
O estilhaço de obus levou-lhe toda a maxila inferior, abaixo do nariz
nada resta, vê-se-lhe a garganta, a abóbada palatina, o palato e só os
dentes de cima; por baixo, um magma de carnes escarlates, com alguma
coisa lá no fundo, deve ser a glote, a língua desapareceu,
o esófago forma um buraco húmido..."
página 93
"Todas aquelas semanas de hospital só tinham servido para suster as
infeções e se proceder aos 'remendos', era o termo do cirurgião, o
professor Maudret(...). Já operara Édouard 6 vezes."
"Evidentemente, para as enfermeiras e os médicos que tinham recuperado
um ferido cujo rosto não era mais do que uma imensa chaga de carnes
sangrentas, no qual subsistiam somente a úvula, a entrada de uma
traqueia e, na parte da frente, uma fieira de dentes
miraculosamente intactos, para todas essas pessoas, o espetáculo que
Édouard agora ofereciaera extremamente reconfortante."
página 94
" Sem dúvida, a guerra fora mortífera para lá do imaginável, mas, se
olhássemos para o lado bom das coisas, permitira também grandes
progressos em matéria de cirurgia maxilo-facial.(...) Maudret procedera a
uma espécie de cerco da pessoa de Édouard, tendo em
vista conduzi-lo melhor ao que constituía o suprassumo das propostas
terapêuticas:
-O enxerto Dufourmentel!
Tiravam-se tiras de pele da parte superior do crânio que se fixariam depois na parte inferior do rosto.
Geules Cassées
A expressão usada em França para designar os sobreviventes da Primeira
Guerra Mundial com feridas graves ao nível da face é "Gueules Cassées",
que em tradução literal significa "Caras partidas".
Esta expressão foi inventada pelo coronel Picot, que também ficou com o rosto desfigurado em consequência da Guerra.
A história, segundo o livro "Le Colonel Picot el les Gueules Cassées", conta-se assim:
Uma festa patriótica decorria na Sorbonne e o coronel Picot, com a
cabeça ainda ligada, sentiu vontade de lá ir e dirigiu-se ao "guichet". O
guarda não o deixou entrar porque não tinha convite. Não adiantou dizer
que era coronel no ativo e mutilado de guerra.
Nisto chega um homem que tira um cartão do bolso, murmura entre dentes
"Député" e entra, saudado respeitosamente pelo guarda. Picot não
insiste, dá 2 voltas, mas quando se apercebe que o guarda partiu,
avança, tira um cartão qualquer do bolso e murmura, como
o outro fizera, "Gueule Cassée". Toda a gente se afasta e ele entra no
recinto. É este nome que designará de futuro os feridos da face.
O enxerto Dufourmentel
Léon Dufourmentel foi um médico que encontrou um método para preencher os buracos de carne: pegou em pedaços de couro cabeludo no crânio dos pacientes e enxertou-os principalmente
ao nível do queixo. O couro cabeludo implantado na face do ferido era melhor do que a pele do braço, não havia tanta rejeição.
página 159:
"A família
Péricourt possuía uma vasta mansão particular cujas janelas davam sobre o
parque Monceau. M. Péricourt cedera a maior parte do prédio à filha,
que, depois de casar, renovara segundo os seus gostos o segundo piso
onde vivia com o marido. M. Péricourt, pelo seu lado, vivia lá em cima,
dispondo de seis divisões..."
Página 189:
"...e foi assim que Albert acabou por ir ter ao número 9 do impasse Pers, tendo por vizinha da frente uma casa burguesa na qual se apinhavam já 3 locatários."
É uma rua sem saída, no bairro de Clignancourt, acima da Basílica de Sacré-Coeur.
No segundo link dá para ver a distância a que fica do parque Monceau, onde mora M. Péricourt.
No terceiro link, vista satélite. Atualmente existe um portão de garagem.
página 195:
"Henri d'Aulnay-Pradelle comparou maquinalmente a cegonha que enfeitava o
capot, à sua frente, ali, bastante longe dele, e a pesada corpulência
de Dupré, sentado ao seu lado. (...) E aquelas estrias nas asas, dizia
ele para consigo, cheio de admiração...Como
um drapejado...E até as pernas lançadas para trás, ligeiramente
curvas... Pradelle não parava de se maravilhar com a sua cegonha."
página 196:
"A cegonha escolhida pela Hispano Suiza para o H-6-B (motor de seis
cilindros, 135 cavalos, 137 km/hora) representava a célebre esquadrilha
comandada por Georges Guynemer, um ser de exceção."
Hispano-Suiza H6B |
Fundada em 1904 na cidade de
Barcelona, a Hispano-Suiza nasceu da vontade financeira do banqueiro
catalão Damian Mateu e da agilidade técnica do suíço Mark Birkigt. Mas é
com a abertura da filial em Paris que a Hispano-Suiza
começa a ganhar dimensão e, durante a Primeira Guerra Mundial, Birkigt
concebe vários motores de aviação de 8 e 12 cilindros. Através da
associação à aviação, surge a mascote de radiador da marca. Os motores
V8 Hispano-Suiza foram um importante contributo
para os aviões SPAD, que proporcionaram inúmeras vitórias aos pilotos
franceses. O seu herói máximo foi Georges Guynemer, com 54 vitórias.
Apesar de ter sido abatido no final de 1917, continuou a ser um ídolo
para todos os franceses. Em 1919, a Hispano-Suiza
adoptou o símbolo da cegonha, em homenagem ao Esquadrão das Cegonhas, comandado por Guynemer.
O modelo H6B e as suas evoluções concorreram para tornar a Hispano-Suiza uma marca de referência.
Há um exemplar deste modelo no Museu do Caramulo.
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página 208:
"Moramos no
boulevard de Courcelles - disse Madeleine calçando de novo a luva. - Na
esquina com a rue de Prony, dá-se facilmente com a casa."
página 226:
"E diante do
parque Monceau, deu com a casa, era impossível, com efeito, não dar com
ela, a imensa mansão particular de M. Péricourt, diante da qual se
encontrava estacionado um belo automóvel; um chauffeur com boné e uma
farda
impecável estava a limpá-lo cuidadosamente, como se escovasse um cavalo
de corrida. Albert sentiu o coração estremecer-lhe de tão
impressionado. Fingiu ter pressa, deixou a mansão para trás, desenhou um
grande círculo percorrendo algumas ruas vizinhas e regressou
pelo jardim, descobriu um banco que, de través, deixava ver a fachada
da casa e sentou-se".
Cliquem no mapa e
vão fazendo zoom para verem bem o cruzamento do boulevard de Courcelles
com a rue de Prony. Como se pode ver, não fica muito longe da Place de
l'Étoile. E se procurarem bem, até vão conseguir encontrar o banco
onde Albert se sentou, antes de se decidir a entrar.
Find local businesses, view maps and get driving directions in Google Maps.
|
página 263:
"Cometer...um
sacrilégio! Roubar o dinheiro dos monumentos aos mortos é como profanar
um cemitério, é um...um escândalo patriótico! Porque, embora
o Governo desembolse alguma coisa, o grosso do dinheiro, para esse
género de monumentos, de onde é que vem? Das famílias das vítimas! Das
viúvas, dos pais, dos órfãos, dos camaradas de combate! Comparado
contigo, o
Landru vai passar por um menino que faz a primeira comunhão. Vais
ter o país todo à perna, o país todo contra ti! E quando te apanharem,
terás direito a um
julgamento que
será um simples pró-forma porque desde o primeiro dia que a guilhotina
há-de estar montada à tua espera! Bem sei que, com a tua cabeça, não
andas lá muito contente,
tu. Mas a minha ainda me vai servindo bastante bem!"
página 432:
"Jules
d'Épremont e os seus cúmplices, depois de serem presos (se viessem um
dia a sê-lo), deixariam de ser indivíduos. Tornar-se-iam fenómenos
de atualidade, curiosidades, como o fora Raoul Villain, como Landru começava a tornar-se."
LANDRU
Henri Désiré
Landru (1869-1922)
foi um assassino em série francês. Recebeu a alcunha de "Barba Azul de
Gambais", por associação ao personagem do conto de Perrault (pela barba
comprida e pelas mortes violentas
das mulheres). Gambais é o nome da localidade, a 65 km de Paris, onde
ele tinha uma casa alugada, para onde levava as vítimas e onde as
matava. Casado com uma prima de quem teve 4 filhos, desde cedo se
dedicou a pequenos delitos, fraudes, desfalques e foi
preso e multado várias vezes. Mas o que o tornou conhecido foi a morte
macabra de 10 mulheres e do filho de uma delas. Fazendo-se passar por
viúvo, através de anúncios matrimoniais, entre 1914 e 1919, seduziu
mulheres viúvas ou solteiras. Depois de as fazer
assinar uma procuração sobre os bens, matou-as e fez desaparecer os
corpos, queimando-os (ou partes deles) no forno do fogão da casa de
Gambais. Descoberto, foi preso em abril de 1919 e após 2 anos e meio de
instrução, começou a ser julgado em novembro de
1921. Foi um processo que apaixonou os contemporâneos. O seu julgamento foi
comparado a um espetáculo, ao qual toda a gente queria assistir.
Vendiam-se mesmo lugares no mercado
negro. Até o fogão no qual se supõe que Landru queimou os corpos das
suas vítimas foi levado à sala de audiências. Landru tornou-se uma
vedeta, fazendo rir a assistência com a sua eloquência e as suas
réplicas irónicas. De tal maneira que nas eleições legislativas
de 1919, cerca de 4 mil boletins de voto apresentavam o seu nome. Foi condenado à morte na guilhotina em 30 de novembro de 1921 e guilhotinado no dia 25 de
fevereiro de 1922.
RAOUL VILLAIN
Raoul
Villain (1885-1936) ficou conhecido
por ter assassinado o líder socialista Jean Jaurès, em 31 de julho de
1914, na véspera do início da 1ª Guerra. Esteve preso, sem julgamento,
até março de 1919, altura em que foi absolvido, sendo que a viúva de
Jaurès ainda teve que pagar as custas do processo.
Houve grandes manifestações populares de protesto e, temendo
represálias, Raoul Villain refugiou-se em Ibiza. Foi aí assassinado
pelos republicanos, em março de 1936, acusado de espionagem em favor de
Franco.
GUILHOTINA
A
guilhotina funcionou em França até 1977. A última execução foi em 10 de
setembro de 1977, de um imigrante tunisino condenado por assassinato,
mas só em setembro de 1981 a França aboliu a pena de morte, abandonando
assim a guilhotina.
Jean Jaurès
Raoul Villain
páginas 399-400
"Na casa (entenda-se, no "Lutetia"), tinham bastado 2 ou 3 dias
para que Monsieur Eugène passasse a ser famoso. Pagava a suite em
líquido, com vários dias de antecedência, ainda não lhe tinham
apresentado a conta e já ele a tinha pago. "
página 400:
"O diretor do hotel visitara-o pessoalmente para lhe explicar que a sua
generosidade era apreciada, mas que as suas fantasias...É que está num
grande hotel, Monsieur Eugène, temos de pensar nos outros clientes e na
nossa reputação."
página 401:
"Excetuadas as suas intrigantes, mas raras saaídas noturnas, Monsieur
Eugène passava todo o tempo na grande suite do sexto piso..."
página 402:
"Aquela suite era a maior do hotel; as grandes janelas, que davam sobre o
Bon Marché, dominavam Paris inteira, era preciso muito dinheiro para se
ter o direito de ali estar. "
O Hotel Lutetia, localizado no Boulevard Raspail, nº 45,
na área de Saint-Germain-des-Prés, é um dos hotéis
mais conhecidos da margem esquerda. Foi construído em 1910 no estilo
Arte Nova. Devido à sua reputação, foi frequentado por grande número de
artistas e políticos bastante conhecidos. Durante a Segunda Guerra, foi
requisitado pelas tropas alemãs que ocuparam
Paris e o usaram como seu quartel general. No fim da Guerra, recebeu
vários refugiados. Quando Paris voltou à normalidade, o hotel foi
restaurado e voltou ao seu estado anterior como hotel de luxo. O hotel
fechou para obras em abril de 2014, para uma reforma
que custou cerca de 200 milhões de euros. Reabriu em julho de 2018. No
"Booking", o quarto mais barato custa 760€ por noite. Sem pequeno
almoço. O pequeno almoço custa 52€.
Localização: cruzamento do Boulevard Raspail com a Rue de Sèvres:
página 491:
"A personagem de Joseph Merlin, livremente inspirado em Cripure e o de
Antonapoulos, inspirado na personagem homónima, são ambos sinal da minha
afeição e da minha admiração por
Louis Guilloux e por Carson McCullers."
Louis Guilloux (1899-1980)
Cripure é o personagem principal do livro "Le sang Noir", de 1935, do
escritor francês Louis Guilloux. O seu verdadeiro nome é François
Merlin, um professor de filosofia, Cripure é a sua alcunha (vem de
"Critique de la Raison Pure", que ele cita constantemente).
Cripure tem pés e mãos demasiado grandes, devido à doença de que sofre,
Acromegalia, que se caracteriza, entre outras coisas, pelo aumento de
mãos e pés. Guilloux ter-se-á inspirado no seu professor de filosofia
Georges Palante, que sofria desta doença. Também
o personagem Joseph Merlin, de "Até nos vermos lá em cima", parece
padecer deste mal, como se pode ver pelas seguintes descrições:
página 276/7:
"Membros demasiado compridos,
um rosto rubicundo, uma testa estreita, cabelos curtos que nasciam muito em baixo, a ponto de quase se confundirem com as sobrancelhas (...) e sobretudo, sobretudo, um par de sapatorras
colossais, exorbitantes, um par de peças quase bíblicas."
página 342:
"...as suas mãozorras enormes, as suas chancas monstruosas..."
página 389:
"Este último reparou nos enormes sapatos sujos e gastos do homem..."
Carson McCullers (1917-1967)
Foi
uma escritora americana. A obra em cujo personagem, Antonapoulos,
Pierre Lemaitre se inspirou, chama-se "O coração
é um caçador solitário" e foi escrita quando ela tinha apenas 23 anos,
em 1940. Teve um êxito retumbante. Foi adaptada ao cinema em 1968.
"Couleurs de l'incendie", lançado em França em janeiro de 2018, é o 2º volume da trilogia inaugurada com "Au revoir là-haut".
"Couleurs de l'incendie" acompanha a saga da família Péricourt entre fevereiro de 1927 e 1933.
Ainda não se encontra traduzido para português.
O filme
O realizador francês Albert Dupontel realizou um filme a partir do livro
de Pierre Lemaitre, que tem o mesmo nome. Estreou em França em outubro
de 2017 e em Portugal em abril de 2018.
Albert Dupontel é simultaneamente realizador e ator, no filme faz o papel do personagem Albert Maillard.
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