Com uma periodicidade mensal (à exceção
de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura
partilhada. As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido
por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e
explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais
estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.
Livro
indicado: "A grandeza das coisas sem nome" de Enrique Arce
Data: 30 janeiro,
21h00 às 22h00
Sinopse: No dia em que recebe um Tony
que o consagra como um dos grandes atores da Broadway, Samuel recebe também a
notícia da morte da sua irmã em Madrid. Regressa à sua terra natal para
assistir ao funeral e para reencontrar o seu pai, de quem nada sabia há 35
anos. Na mala leva o prémio para lhe oferecer e provar que venceu na vida.
"Ao funeral de um ente querido trazemos uma coroa de flores para prestar
homenagem ao morto e não uma de louro para nos vangloriarmos" foi a única
coisa que recebeu em troca.
Ao enfrentar o seu passado, os segredos
da sua família, as suas traumáticas memórias de infância, Samuel inicia uma
viagem de transformação interior. Pelo caminho descobre o poder do amor, da
amizade, do perdão, a importância de aprender com os erros e os fracassos e de
enfrentarmos os nossos medos para conquistarmos o bem mais preciso que temos: a
nossa própria vida.
Enrique Arce, ator da mundialmente conhecida série A Casa de Papel, estreia-se na literatura com uma história comovente, surpreendentemente sincera, que nos transforma de maneira iniciática.
Enrique Arce, ator da mundialmente conhecida série A Casa de Papel, estreia-se na literatura com uma história comovente, surpreendentemente sincera, que nos transforma de maneira iniciática.
Nasceu em Valência. Depois de estudar Direito,
mudou-se para Nova Iorque, onde viveu durante quatro anos até completar a
licenciatura em Arte Dramática pela Academia Americana de Arte Dramática. Ao
longo de uma carreira de mais de duas décadas, participou em algumas das séries
mais relevantes da televisão espanhola: Periodistas, Compañeros, Física
o química, Génesis, Amar en tiempos revueltos ou El tiempo
entre costuras, ganhando grande popularidade junto do público espanhol. No
cinema, participou em 15 filmes com produções internacionais. Atualmente é
reconhecido em todo o mundo pela sua personagem Arturo Román na bem-sucedida
série da Netflix, La Casa de Papel, a ficção de língua
não-inglesa com mais sucesso na história do canal de entretenimento americano. A
Grandeza das Coisas Sem Nome é seu primeiro romance.
Opiniões:
Destino
Luisa Gaspar | 14-06-2019
estou adorar , um grande exemplo, em como por vezes
estamos perdidos do nosso destino e do nada Deus, toma o comando de tudo.
Excertos curiosos:
"Charles Dickens e o seu Cântico de Natal são o exemplo perfeito de como a boa literatura pode tornar-se uma preciosíssima ferramenta de psicoterapia ou até de espiritualidade."
p. 155
"Obrigado, mister Dickens! Obrigado por ter conseguido, apenas numa noite, o que o doutor Freud não costuma conseguir ao longo de uma vida - exclamou, erguendo o copo de água como se fosse um brinde." p. 158
Excertos:
pág. 65:
Uma tarde estava a ouvir rádio enquanto bordava no alpendre de casa. Escutou então a música mais intensa e emotiva que alguma vez ouvira em toda a vida, acompanhada pela voz incomparável da grande Concha Piquer. Aquilo mexeu
com ela e aguardou com impaciência que o locutor dissesse o título da canção. Minutos mais tarde, ficou a saber que se chamava "Suspiros de Espanha", que tinha sido composta em 1902 por um tal Antonio Álvarez Alonso e que fazia parte do repertório das maiores
artistas do país. Naquele preciso instante, decidiu que queria ser uma delas e dedicar-se a cantar "Suspiros de Espanha" ou qualquer outra canção que fosse capaz de emocionar os corações dos que a escutassem, com a mesma emoção que acabara ela de experimentar.
Tinha acabado de fazer 15 anos.
"Suspiros de Espanha" é um popular pasodoble espanhol. Foi composto pelo maestro Antonio Álvarez Alonso, na cidade espanhola de Cartagena, em 1902. Só em 1938 foi acrescentada uma letra,
pelo sobrinho do compositor, Juan Antonio Álvarez Cantos. A canção foi cantada por grandes figuras da canção espanhola, como Concha Piquer (1906-1990).
pág. 128:
- Ora aqui está, meu senhor; um magnífico Juan Valdez, preparado por uma verdadeira colombiana - disse ela a sorrir, estendendo-me a chávena.
Juan Valdez é o nome de uma cadeia multinacional de cafetarias sediada na Colômbia.
É também o nome de um personagem fictício que aparece em anúncios, representando um cafeicultor colombiano. Normalmente aparece com um poncho, um chapéu de palha e a sua mula "Conchita", carregando sacos de café. Tornou-se um
ícone da Colômbia. O ator Carlos Sanchez (1935-2018) interpretou Juan Valdez durante mais de 30 anos , de 1969 a 2006.
Esse personagem encontra-se igualmente no
logótipo da marca.
pág. 168:
-Tem aí um pouco de tudo - prosseguiu (Fermín) - Desde musicais da Brodgüéy, até à grande Conchita Velasco, passando pelo melhor flamengo (...)
-Não faz ideia de como me congratulo, Fermín - disse eu, esforçando-me por manter a compostura e lutando para controlar os cantos da boca. - Vir a Espanha e não ir ver a grande Concha Velasco é como ir a Nova Iorque e não visitar a Estátua da Liberdade. Imperdoável!
Concepción Velasco Varona, conhecida como Concha ou Conchita Velasco (Valladollid, 29 de novembro de 1939) é uma atriz, cantora, dançarina e apresentadora de TV espanhola. Tem atualmente 80 anos.
pág. 199/200
- Que é aquilo, Enrique?
- Trouxeram-no, pedra a pedra, do Egito.
- Como é que se chama?
- Templo de Debod - respondeu ele.
O Templo
de Debod foi construído no século
IV a.C. e até há apenas algumas décadas situava-se 15 km ao sul de Assuão, no Egito.
Em 1961, devido à construção da nova represa de Assuão, as
suas pedras foram desmontadas e depositadas na ilha Elefantina e posteriormente trasladadas para o porto de Alexandria.
Em 1968, o templo foi doado a Espanha pelo Estado egípcio em agradecimento pela ajuda prestada no salvamento dos templos de Abul-Simbel.
Uma vez transferido para Espanha, pedra por pedra, o templo foi exposto a um complicado trabalho de reconstrução e restauração, no conhecido Parque del Oeste, perto
da Plaza de España.
Para representar o rio que teve o templo nas suas proximidades, construiu-se um tanque de pouca profundidade que se estende ao longo dos três portais de acesso
ao templo. Os trabalhos de reconstrução do monumento levaram dois anos.
O templo foi inaugurado a 20 de Julho de 1972.
pág. 249:
Combinámos que a esperaria, dentro de meia hora, na esplanada de um restaurante da marginal, chamado La Muñeca e que podia ir mandando vir um arroz
(...) O dono do estabelecimento (...) sugeriu-me que pedisse arroz "a banda", que era, segundo ele, o prato de eleição do cardápio.
pág. 250:
O arroz "a banda" foi-nos trazido poucos minutos depois. Fiquei contente por ter seguido o conselho do dono do estabelecimento, porque aquilo era um
verdadeiro regalo para o paladar. Rosa quase não disse nada durante a refeição e apenas deixava escapar algumas interjeições, de tempos a tempos, destinadas a sublinhar que, sem dúvida, aquilo estava a ser para ela uma mais que agradável experiência sensorial.
- É por momentos como este que vale a pena viver em Espanha - disse ela, depois de terminar, pousando a colher no prato vazio e lançando um olhar sonhador
para o mar.
O arroz "a banda" é um prato de arroz típico da zona costeira da comunidade valenciana.
Tem uma origem muito humilde. Preparavam-no os pescadores com o peixe mais fraco e mais barato que sobrava, depois de venderem o melhor e mais caro.
Primeiro coziam o peixe, fazendo um caldo, ao qual juntavam batatas e serviam num prato sopeiro.
Depois, à parte, (a banda), mas utilizando o mesmo caldo, faziam um arroz, que comiam separado do peixe, "arroz a banda".
Hoje em dia já não é um prato de pescadores pobres e faz-se com caldos de marisco e peixe mais escolhido.
pág. 262:
Ouvimos um ruído muito forte que parecia o de uma grande tromba de água. Não conseguíamos ainda ver nada, mas eu intuí que, por detrás da escarpada parede de grés, que nos impedia de ver o que quer que fosse do sítio onde estávamos,
tinha de forçosamente encontrar-se aquela lagoa à qual, segundo a minha mãe me contara, os habitantes da região haviam chamado desde tempos imemoriais "o salto da noiva", em alusão à lenda trágica, transmitida de geração em geração, sobre o suicídio por despeito
de uma jovem da comarca, e onde ela própria, ainda jovem e ingénua, sem se dar algum tempo para pensar, tinha aceitado unir o seu destino ao do meu pai.
Trata-se de uma pequena cascata com uma poça, encerrada num anfiteatro natural rochoso, nos arredores de Cirat, aldeia de Castellón (a 100 km de Valência, para o interior), terra natal de María, mãe de Samuel.
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