sábado, 1 de abril de 2023

CLUBE DE LEITURA DE ABRIL

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 27 abril,  pelas 21h00 e o livro selecionado será "O acontecimento" de Annie Ernaux.



Sinopse: Uma jovem de 23 anos, estudante universitária brilhante, descobre que está grávida. Tomada pela vergonha, consciente de que aquela gravidez representará um falhanço social para si e para a sua família, sabe que não poderá ter aquela criança. Mas, na França de 1963, o aborto é ilegal e não existe ninguém a quem possa acorrer. Quarenta anos mais tarde, as memórias daquele acontecimento continuam presentes, num trauma impossível de ultrapassar e cujas sombras se estendem para além da história individual. Escrito com uma clareza acutilante, sem artifícios, este é um romance poderoso sobre sofrimento, justiça e a condição feminina. Escrito por Annie Ernaux em 1999, foi adaptado ao cinema em 2021 por Audrey Diwan, num filme vencedor do Leão de Ouro em Veneza.


Quem é Annie Ernaux?


PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2022

Annie Ernaux nasceu em Lillebonne, na Normandia, em 1940, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, sendo formada em Letras Modernas. É atualmente uma das vozes mais importantes da literatura francesa, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia e a sociologia, a memória e a história dos eventos recentes. Galardoada com o Prémio de Língua Francesa (2008), o Prémio Marguerite Yourcenar (2017), o Prémio Formentor de las Letras (2019) e o Prémio Prince Pierre do Mónaco (2021) pelo conjunto da sua obra, destacam-se os seus livros Um Lugar ao Sol (1984), vencedor do Prémio Renaudot, e Os Anos (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional. Em 2022, Annie Ernaux foi distinguida com o Prémio Nobel de Literatura.


Opiniões:

Poucas obras literárias, por muito meritórias que possam ser, ascendem à categoria de documento. Esse predicado está reservado aos livros que, para lá dos méritos intrínsecos apresentados, conseguem também trazer-nos um testemunho que, nascendo de uma visão individual, contém no seu âmago algo capaz de interessar a uma mole muito superior de pessoas.

Sérgio Almeida, Jornal de Notícias

O Acontecimento é, talvez, o melhor livro já escrito sobre a complexa temática do aborto, mais concretamente do aborto ilegal (como era na Paris de 1963). O tomo é uma reflexão à posteriori, décadas depois, menos de 100 páginas que deixam um impacto profundo em quem as lê.

Susana Romana, Observador

O acontecimento é muito mas do que a narração de um aborto: é uma autoestrada para o impacto, é emoção pura na reconstituição por escrito da experiência humana em carne e osso.

Ana Bárbara Pedrosa, Observador

Para lá da denúncia, o livro de Annie Ernaux é uma corajosa reflexão sobre o trauma, a violência exercida pelo Estado sobre as mulheres, o peso das convenções sociais na formação de uma existência humana.

Sara Figueiredo Costa, Blimunda

Num livro de espantosa lucidez, Annie Ernaux transforma a memória de um aborto clandestino numa experiência literária dura, intransigente e inesperadamente bela.

José Mário Silva, Expresso


Excertos (Graça Serra):


Página 31

Estava um sol pálido de novembro. Eu ia avançando, com um refrão na cabeça, uma canção que se estava sempre a ouvir - Dominique nique nique -cantada, e acompanhada à guitarra por uma freira dominicana, a Soeur Sourire. A letra era edificante e ingénua - Soeur Sourire não conhecia o significado de niquer - , mas a música era  alegre e dançante. Isso dava-me ânimo na minha busca.

Esta canção foi gravada em 1962 e foi um enorme sucesso no mundo inteiro. Em dezembro de 1963 esteve todo o mês em primeiro lugar nos Estados Unidos. Em Portugal também se ouvia muito na rádio na década de sessenta. Era cantada por uma freira dominicana belga de nome Jeanine Deckers, que adotou o nome artístico de "Soeur Sourire" (Irmã Sorriso). Foi também ela a autora da letra e da música. A canção é sobre S. Domingos de Gusmão (Dominique, em francês), fundador da Ordem a que pertencia. Jeanine Deckers, nascida em 1933, foi freira dominicana entre 1959 e 1966.

Em 1966 deixou o Convento e foi viver com uma companheira, Annie Pécher. Continuou a cantar mas não voltou a ter o mesmo sucesso e teve muitos problemas financeiros (o dinheiro ganho com a venda dos discos foi todo para o convento). A depressão levou-a ao suicídio por ingestão de álcool e remédios, juntamente com a companheira, em 1985, quando tinha 51 anos.  



E aqui em baixo a letra completa


Página 49

Na minha agenda, "vamos dançar ao Casino", "vamos ao parque La Tannerie", "ontem de tarde fomos a La Grange". Mas não consigo ver nada, a não ser a neve e o café a abarrotar, onde abancávamos ao final da tarde, com a jukebox a deixar ouvir "Si j'avais un marteau, ce serait le bonheur".

Esta canção de Claude François saiu em outubro de 1963 e foi um enorme sucesso.

É uma versão de uma canção americana de 1949, "If I had a hammer", gravada por um grupo chamado "The Weavers", que não teve grande sucesso na altura.

Saiu-se melhor comercialmente quando em 1962, o grupo "Peter, Paul and Mary" fez uma versão.

Mas foi a versão de Trini Lopez, em 1963, que a celebrizou e que influenciou Claude François. 

Há imensas versões desta canção, em diferentes línguas. Uma das mais conhecidas é talvez a versão italiana, cantada por Rita Pavone, em 1964.





Sem comentários:

Enviar um comentário