sábado, 1 de julho de 2023

CLUBE DE LEITURA JULHO

Com uma periodicidade mensal (à exceção de agosto), o Clube de Leitura destina-se a promover o prazer da leitura partilhada. 

As reuniões decorrem à volta de um livro previamente escolhido e lido por todos, proporcionando a convivência e a discussão entre quem gosta de ler e explorar os livros lidos, tornando a experiência da leitura ainda mais estimulante. Pontualmente poderá ter um escritor/dinamizador convidado.

O Clube de Leitura reunirá a 27 de julho, pelas 21h00.

O livro selecionado será "O gorda",  de Isabela Figueiredo.


Sinopse: 
Maria Luísa, a heroína deste romance, é uma bela rapariga, inteligente, boa aluna, voluntariosa e com uma forte personalidade. Mas é gorda. E isto, esta característica física, incomoda-a de tal modo que coloca tudo o resto em causa. Na adolescência sofre, e aguenta em silêncio, as piadas e os insultos dos colegas, fica esquecida, ao lado da mais feia das suas colegas, no baile dos finalistas do colégio. Mas não desiste, não se verga, e vai em frente, gorda, à procura de uma vida que valha a pena viver.

Este é um dos melhores livros que se escreveu em Portugal nos últimos anos.


Quem é Isabela Figueiredo?



Nasceu em Lourenço Marques, Moçambique, hoje Maputo, em 1963, filha de portugueses oriundos da zona Centro-Oeste de Portugal. Após a independência de Moçambique, em 1975, rumou a Portugal. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Especializou-se em Estudos sobre as Mulheres na Universidade Aberta. Trabalhou como jornalista no Diário de Notícias entre 1988 e 1994, onde foi também coordenadora do suplemento DN Jovem. Foi professora de português no ensino secundário. Escreveu Conto É Como Quem Diz, novela que recebeu o primeiro prémio da Mostra Portuguesa de Artes e Ideias, Caderno de Memórias Coloniais, cuja edição francesa foi finalista do Prémio Femina Estrangeiro, e A Gorda, obra que recebeu o Prémio Literário Urbano Tavares Rodrigues. Estas duas obras alcançaram grande êxito junto do público e da crítica, especialmente em Portugal e no Brasil, sendo constantemente reimpressas. Escreve regularmente para o seu blogue Novo Mundo (http://novomundoperfeito.blogspot.com).


Comentários:


Que livro incrível!

Rita Carvalho Pereira

Que bela obra, não conhecia nada a autora e fiquei a adorar a sua escrita envolvente. Aborda temas como o bullying, os retornados e o seu sentimento de não se pertencer a lugar algum, a aceitação e a solidão. Por vezes, aqui e ali na vida tomamos decisões que mudam completamente o rumo das coisas. Este livro espelha isso. Recomendo a sua leitura.


A Gorda

Rita Maia

Este é o primeiro livro que leio da Isabela Figueiredo e apesar de gostar da sua escrita não fiquei muito agradada com a trama. «A Gorda» é um diário da vida de Maria Luísa mas não reflete as dificuldades e inseguranças no dia a dia de alguém que vive nesta condição de gorda. Agradou-me o humor e a ironia presente no discurso da personagem mas se não me relembrasse constantemente de que era gorda não o conseguiria extrair da sua história.


O retrato de uma geração

dcm

Não me lembro como dei de caras com este livro. Não conhecia a autora. Não me foi indicado. Nunca tinha ouvido falar dele. Comprei-o em formato e-book pensando que seria mais um livrito para me entreter durante os tempos de espera ou em viagens... daqueles que facilmente me aborrecem. Como estava enganada. Devorei o livro. Isabela Figueiredo não escreve para agradar. Num livro sem rodeios, com uma escrita fria, assertiva e, essencialmente, crua, a autora aborda muitos dos (ainda hoje) tabus: a mulher gorda, a rejeição, a solidão, o aborto, o silencio, a revolta... É o retrato de uma geração... De uma geração pós Guerra Colonial, uma geração de retornados e maltratados... Na voz de Maria Luísa, a autora cria uma personagem que podia ser qualquer um de nós. Essa é a maravilha de A Gorda.


Agradável surpresa

Andrea



Excertos de Graça Serra:


pág. 25:

Os pais voltaram de Moçambique em 1985 e compraram o apartamento na Cova da Piedade, onde vivia a tia Maria da Luz, com quem Luísa estava a viver nessa altura.

pág. 29:

O Quarto de Solteira tem uma varanda fechada virada para o Tejo e Mar da Palha.

pág. 48:

Luísa estudava na marquise e ao fim da tarde observava o Mar da Palha.


Cova da Piedade foi uma freguesia portuguesa do município de Almada, com 1,42 km² de área e 19 904 habitantes (2011). Densidade: 14 106,9 hab/km², uma das maiores densidades populacionais do país. Era parte integrante da cidade de Almada.


Faz fronteira a Norte com Almada, também a Norte e a Oeste com o Pragal; a Sul com o Laranjeiro e o Feijó, a Este com o rio Tejo, e a Nordeste com Cacilhas.


A freguesia foi criada em 7 de fevereiro de 1928 e foi extinta em 2013, no âmbito de uma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada às freguesias de Almada, Pragal e Cacilhas, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Almada, Cova da Piedade, Pragal e Cacilhas com sede em Almada.



O Mar da Palha é uma grande bacia no estuário do Rio Tejo próximo da sua foz, que no seu ponto mais largo atinge os 23 km de largura.


O Mar da Palha começa a sul do "mouchão de Alhandra", próximo de Alverca do Ribatejo e termina quando o rio volta a estreitar entre o Terreiro do Paço, em Lisboa, na margem Norte, e Cacilhas (cidade de Almada) na margem Sul.


Estão localizadas junto do Mar da Palha as seguintes localidades: Alcochete, Alverca do Ribatejo, Forte da Casa, Póvoa de Santa Iria, Sacavém, Lisboa, Montijo, Moita, Barreiro, Amora, Seixal e Almada.


Na origem do seu nome estão os resíduos vegetais arrastados pelo rio Tejo das lezírias ribatejanas a montante, que empurrados pelas correntes e ventos circulam em toda a sua extensão.


A sua água é salobra desde alturas da Póvoa de Santa Iria, apesar de vários rios aí desaguarem (rio Trancão, rio Sorraia e ribeira de Coina).


As suas margens são quase todas sapais, e nelas várias espécies de aves vêm nidificar. Na margem sul foi estabelecida uma reserva natural.




pág. 38

Sobre a bata, em algodão de xadrez vermelho e branco, um blusão azul da Melka, em caqui grosso, comprado num saldo dos Porfírios, na baixa, em Lisboa. 



A loja "Os Porfírios", muito famosa nos anos sessenta e setenta, teve a sua origem no Porto. Foi fundada por Porfírio Augusto de Araújo na Rua de Sta. Catarina, nº 39, no início dos anos 50, sendo então conhecida por "Porfírio das meias".  

Mais tarde, em dezembro de 1965, foi aberta uma sucursal em Lisboa na Rua da Vitória, gerida por dois irmãos de Porfírio Augusto (António e Luís Porfírio).

As duas lojas fecharam em abril de 2001.



...Pág. 43:

No ano seguinte, o 1º Ministro Sá Carneiro morreria com a doce Snu, de olhos claríssimos, caindo abraçados sobre os telhados de Camarate (...) a notícia passou no telejornal que antecedia Dona Xepa, novela da Rede Globo.



Dona Xepa é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida no Brasil de 24 de maio a 24 de outubro de 1977.

Em Portugal foi exibida na RTP 1 entre 1 de setembro de 1980 e 11 de fevereiro de 1981.

Foi no intervalo de um dos episódios que o jornalista Raul Durão comunicou ao país a morte de Sá Carneiro, em 4 de dezembro de 1980. 






...
pág. 49:

Os papás saíram de casa às 6 da manhã para ir à Póvoa de Varzim pagar uma promessa a Sta. Alexandrina, por via do colesterol e da hipertensão do papá.


 
Alexandrina Maria da Costa nasceu em Balazar, freguesia da Póvoa, em 30 de março de 1904 e faleceu em 13 de outubro de 1955, com 51 anos.

Foi declarada beata pelo Papa João Paulo II a 25 de Abril de 2004.

São muitos os devotos de Santa Alexandrina que se deslocam a Balazar em peregrinação.



pág. 71:

A mobília da casa da Matola (...) chegou ao cais de Lisboa num caixote em 1985.

pág. 108:

Em 1985, quando voltaram, trouxeram a mobília de quarto da casa da Matola.

pág. 112:

Em 1971 os pais mudaram de Lourenço Marques para a Matola.




Matola é o maior subúrbio da capital de Moçambique , Maputo , adjacente ao seu lado mais ocidental. É a segunda cidade mais populosa do país. A Matola é a capital da Província de Maputo. 





...pág. 83:

Entretanto os pais chegaram de Tete e Luísa foi viver com eles, em 1985.

pág.113:

Em 1975 o pai integrou o quadro da Hidroelétrica de Cabora Bassa.


A barragem de Cahora Bassa ou, alternativamente, Caora Bassa, (Cabora Bassa durante o período colonial português) situa-se no Rio Zambeze, na província de Tete, a 120 km desta cidade. A sua construção começou em 1969 e foi inaugurada em dezembro de 1974.







 pág. 111:

A mãe chamou-a para lhe mostrar na mesinha de cabeceira do pai caixas de comprimidos à base de pau de Cabinda e ginseng que ele tinha comprado para ter força naquilo.



Pau de Cabinda é um produto derivado da casca da árvore da África Ocidental Pausinystalia yohimbe, tradicionalmente utilizada para aumentar o desempenho sexual.



https://mail.google.com/mail/u/0?ui=2&ik=4180bdd4ec&attid=0.1&permmsgid=msg-f:1772329734874268740&th=18989480f00b0444&view=att&disp=safe



Pág. 107:

A mãe trabalhava na fábrica de louça Raul da Bernarda.

pág. 139:  

Na parede sobre a mesa, a mamã pendurou o prato de louça da Secla pintado à mão que lhe ofereceram como prenda de casamento (...) O enxoval em louça da Secla e do Raul da Bernarda regressou quase intacto e acrescentado.


Raul da Bernarda e Filhos, Lda. foi até 2008, ano em que entrou em processo de insolvência, a mais antiga fábrica de louça de Alcobaça, existindo desde 1875. Foi fundada por josé dos Reis, um artífice vindo de Coimbra. 

Em 1900, Manuel Ferreira da Bernarda assumiu a direção.

Na década de 50, sob a administração de Raul da Bernarda, tem ao seu serviço meia centena de funcionários.

Atualmente, existe no lugar da fábrica, o Museu Raul da Bernarda, inaugurado em 2000, ainda com a unidade em laboração e, entretanto, adquirido pela Câmara Municipal de Alcobaça.





A SECLA foi fundada nas Caldas da Rainha em 1947. Encerrou em 30 de junho de 2008.


...

Pág. 107:

A mãe trabalhava na fábrica de louça Raul da Bernarda.

pág. 139:  

Na parede sobre a mesa, a mamã pendurou o prato de louça da Secla pintado à mão que lhe ofereceram como prenda de casamento (...) O enxoval em louça da Secla e do Raul da Bernarda regressou quase intacto e acrescentado.


Raul da Bernarda e Filhos, Lda. foi até 2008, ano em que entrou em processo de insolvência, a mais antiga fábrica de louça de Alcobaça, existindo desde 1875. Foi fundada por josé dos Reis, um artífice vindo de Coimbra. 

Em 1900, Manuel Ferreira da Bernarda assumiu a direção.

Na década de 50, sob a administração de Raul da Bernarda, tem ao seu serviço meia centena de funcionários.

Atualmente, existe no lugar da fábrica, o Museu Raul da Bernarda, inaugurado em 2000, ainda com a unidade em laboração e, entretanto, adquirido pela Câmara Municipal de Alcobaça.





A SECLA foi fundada nas Caldas da Rainha em 1947. Encerrou em 30 de junho de 2008.


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Pág. 153:

"Fazemos marmelada para toda a família e vizinhos, noite dentro, enquanto ouvimos músicas românticas no Quando o Telefone Toca".



Quando o telefone toca, no ar entre 1960 e princípios dos anos de 1990, é considerado um dos programas mais emblemáticos da rádio portuguesa. Chegou a ser emitido, ao mesmo tempo, pela Rádio Renascença, com Joaquim Pedro, pelo Rádio Clube Português, com Matos Maia e pelos Emissores Associados de Lisboa, com João Paulo Dinis.










pág. 153:

Calamo-nos para ouvir melhor a canção de Roberto Carlos que adoramos "Índia da pele morena, sua boca pequena, eu quero beijar". 



Na verdade, a canção não é de Roberto Carlos.

A canção "Índia" é de José Asunción Flores (música) e Manuel Ortiz Guerrero (letra), ambos paraguaios e data de 1928. 

Em 1952 foi feita uma versão brasileira, com letra de José Fortuna e interpretada por Cascatinha e Inhana, uma dupla sertaneja.

"Índia" foi regravada inúmeras vezes por diferentes intérpretes, um dos quais Roberto Carlos.

Mas para mim a melhor versão é da Gal Costa (1973)









 
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pág. 198:

O primo Humberto compara Luísa a "talhadas de melão, damascos e pão-de-ló molhado em malvasia".


Trata-se de uma alusão ao poema "De Tarde", de Cesário verde, que foi escrito em 1887.



DE TARDE


Naquele «pic-nic» de burguesas,

Houve uma coisa simplesmente bela,

E, que sem ter história nem grandezas,

Em todo o caso dava uma aguarela.

 

Foi quando tu, descendo do burrico,

Foste colher, sem imposturas tolas,

A um granzoal azul de grão de bico

Um ramalhete rubro de papoilas.

 

Pouco depois, em cima duns penhascos,

Nós acampámos, inda o Sol se via;

E houve talhadas de melão, damascos,

E pão-de-ló molhado em malvasia.

 

Mas, todo púrpuro, a sair da renda

Dos teus dois seios como duas rolas,

Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas.



Cesário Verde, 1887
Pág. 284:

Deitei fora as roupas de gorda. Atirei-as para um contentor de reciclagem têxtil. O passado acabou. Ouço no You Tube a Ária na Corda Sol para violino e piano de Bach e estendo-me no sofá.    




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Gostei muito desta entrevista e por isso partilho convosco. São 17 minutos, mas penso que ajudam a entender melhor a obra e a escritora.



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