Sinopse: A
mulher vagueia no universo repressivo da casa. Poderia ser a mesma onde
a avó fora morta pelo avô, ou de onde a mãe saíra, louca, para o
hospital psiquiátrico. Ema é o nome de todas elas. Como o da antepassada
tomada pelo terror após ter parido uma menina, sem dar ao homem com
quem casara um filho varão.
É esse espaço de violência que vai alimentando o ódio na paixão que a última das Emas tem pelo marido. Um ódio crescente que a impele, implacável, para a vingança, para o assassínio dele. Uma morte desfrutada, dir-se-ia gozada, por um olhar onde, apesar de tudo, a paixão perdura...
«EMA» - FOI HÁ 30 ANOS
Em Setembro de 1984, Maria Teresa Horta entregou o original do romance «Ema» à editora Loy Rolim. O livro foi publicado em Novembro desse ano. Editado numa fase em que as obras de MTH eram acolhidas pelo mais espesso silêncio mediático, o livro foi saudado na altura apenas por Maria de Fátima Bonifácio, no corajoso artigo «Pax Masculina» publicado no «Expresso» em 22/12/1984. Como todas as criações de MTH, «Ema» esgotou-se, porém, rapidamente, o que levou a Editorial Rolim a avançar, logo em Janeiro seguinte, com uma segunda edição de 2.000 exemplares. E, até hoje, por aí se ficou. Entretanto, no estrangeiro e sobretudo no Brasil, «Ema» era estudada e tornava-se objecto de artigos e de dissertações académicas. Eis alguns casos: «Feminismo e pós-modernismo em "Maina Mendes" e "Ema"», dissertação de mestrado de Tereza Isabel de Carvalho, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1999; «"Ema": a intertextualidade na obra de Maria Teresa Horta», dissertação de Mestrado de Miriam Raquel Morgante Bittencourt à Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Campus de Assis); «A mulher e o espelho em Maria Teresa Horta», é o título de uma comunicação apresentada no campus de Araraquara da UNESP em 29 de Abril de 2009, pela profª. Marlise Vaz Bridi, da Universidade de São Paulo, na qual se destaca em 'Ema' o «efeito de espelhamento entre as personagens femininas»; na revista «Colóquio Letras», da Fundação Gulbenkian, de Jan./Abr. 2010 (págs. 67 e segs), a professora da Univ. de São Paulo, Ana Maria Domingues de Oliveira, assina o artigo «Palavras enoveladas: simbiose entre géneros em Maria Teresa Horta», no qual se debruça largamente sobre «Ema», que considera «um dos momentos mais densos e interessantes da produção em prosa da autora»; a comunicação «Corpo silenciado e clausura face à libertação e loucura: uma leitura de “Ambas as mãos sobre o corpo” e “Ema” de Maria Teresa Horta», de Mônica Sant’Anna, do Grupo de Análise e Estudos da Literatura e da Tradutoloxía (GAELT) da Universidade de Vigo, é publicada na revista online Abriu, em 11/08/2012; o artigo «Para uma poética da demarcação: "Ema" de Maria Teresa Horta», de Sarah Carmo, Université Sorbonne Nouvelle, Paris 3 (CREPAL), é publicado no número de Abril de 2013 da Revista Abril da Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro
Na foto junta, uma expressão da escritora na sessão de lançamento de «Ema», em Novembro de 1984, no antigo auditório da SPA.
Em Setembro de 1984, Maria Teresa Horta entregou o original do romance «Ema» à editora Loy Rolim. O livro foi publicado em Novembro desse ano. Editado numa fase em que as obras de MTH eram acolhidas pelo mais espesso silêncio mediático, o livro foi saudado na altura apenas por Maria de Fátima Bonifácio, no corajoso artigo «Pax Masculina» publicado no «Expresso» em 22/12/1984. Como todas as criações de MTH, «Ema» esgotou-se, porém, rapidamente, o que levou a Editorial Rolim a avançar, logo em Janeiro seguinte, com uma segunda edição de 2.000 exemplares. E, até hoje, por aí se ficou. Entretanto, no estrangeiro e sobretudo no Brasil, «Ema» era estudada e tornava-se objecto de artigos e de dissertações académicas. Eis alguns casos: «Feminismo e pós-modernismo em "Maina Mendes" e "Ema"», dissertação de mestrado de Tereza Isabel de Carvalho, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1999; «"Ema": a intertextualidade na obra de Maria Teresa Horta», dissertação de Mestrado de Miriam Raquel Morgante Bittencourt à Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (Campus de Assis); «A mulher e o espelho em Maria Teresa Horta», é o título de uma comunicação apresentada no campus de Araraquara da UNESP em 29 de Abril de 2009, pela profª. Marlise Vaz Bridi, da Universidade de São Paulo, na qual se destaca em 'Ema' o «efeito de espelhamento entre as personagens femininas»; na revista «Colóquio Letras», da Fundação Gulbenkian, de Jan./Abr. 2010 (págs. 67 e segs), a professora da Univ. de São Paulo, Ana Maria Domingues de Oliveira, assina o artigo «Palavras enoveladas: simbiose entre géneros em Maria Teresa Horta», no qual se debruça largamente sobre «Ema», que considera «um dos momentos mais densos e interessantes da produção em prosa da autora»; a comunicação «Corpo silenciado e clausura face à libertação e loucura: uma leitura de “Ambas as mãos sobre o corpo” e “Ema” de Maria Teresa Horta», de Mônica Sant’Anna, do Grupo de Análise e Estudos da Literatura e da Tradutoloxía (GAELT) da Universidade de Vigo, é publicada na revista online Abriu, em 11/08/2012; o artigo «Para uma poética da demarcação: "Ema" de Maria Teresa Horta», de Sarah Carmo, Université Sorbonne Nouvelle, Paris 3 (CREPAL), é publicado no número de Abril de 2013 da Revista Abril da Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro
Na foto junta, uma expressão da escritora na sessão de lançamento de «Ema», em Novembro de 1984, no antigo auditório da SPA.
D. Quixote reedita “Ema” de Maria Teresa Horta
Para uma poética da demarcação: “Ema” de Maria Teresa Horta
Resumo
Neste estudo, propomos analisar a inscrição do género no romance de Maria Teresa Horta, Ema.
Partindo da expressão “marca do feminino” oriunda do campo da
gramática, estudamos a forma como esta marca se institui enquanto lugar
de uma demarcação. Observamos, num primeiro passo, o processo de
demarcação praticado pelo masculino sobre o feminino. De facto, na
própria letra do texto, o masculino vem imprimir a sua marca no
feminino, opondo-se a ele e apagando-o. Numa segunda parte,
debruçamo-nos sobre as estratégias elaboradas pelo feminino na
tentativa de se demarcar, isto é, para legitimar e impor a sua
diferença. Finalmente, numa última parte, analisamos a forma como o
feminino origina e desenvolve a demarcação enquanto fronteira ou limiar
que, ao mesmo tempo que separa, permite o encontro e os movimentos de
passagem e transição.
Palavras-chave:demarcação, género, Maria Teresa Horta
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Crítica:
Ema(s)
Arrebatadoramente
inquietante, lê-se numa vertigem. Uma chamada de atenção para a
condição feminina e a sua subordinação face ao universo masculino à
época e ao institucionalismo dos ditos, dos costumes e dos preconceitos
geracionais.
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