quinta-feira, 25 de abril de 2024

CLUBE DE LEITURA - ABRIL

Na passada terça-feira, dia 23 de abril, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube de Leitura para a análise e discussão da obra poética "País de Abril" de Manuel Alegre, numa especial homenagem aos 50 anos do 25 de Abril.

Manuel Alegre é um poeta com um percurso de vida inspirador, que quase dispensa apresentações.  Resistente e incorformista, foi um jovem tribunício em Coimbra, conspirativo nos Açores, combatente em África, resistente comunista na prisão e no exílio em Argel, radialista, protagonista do Partido Socialista, ministro, deputado, candidato presidencial... Mas também nadador, caçador, pescador, amante de touradas, letrista de fados, um rebelde desde cedo da causa da liberdade.

País de Abril é uma breve antologia, com uma poesia acessível, clara, objetiva, dividida em duas fases. Uma escrita antes do 25 de abril, onde nos é revelada uma antevisão da revolução dos cravos de abril, de maio, naquele tempo associado à primavera e a renovação. 

Nesta obra poética fazem parte poemas que nos falam de abril antes de Abril e de Maio antes de Maio, no poema Praça da Canção, editada em 1964, e em O Canto e as Armas, de 1967.

Em O Canto e as Armas há, por exemplo, aqueles quatro versos de «Poemarma» que, decerto, anunciam o primeiro comunicado da Revolução:


«Que o poema seja microfone e fale

uma noite destas de repente às três e tal

para que a lua estoire e o sono estale

e a gente acorde finalmente em Portugal».


Mas, também, em «Lisboa perto e longe», a estrofe que canta, sete anos antes, Lisboa na rua, de cravo vermelho na mão, no Primeiro de Maio de 1974:


«Lisboa tem um cravo em cada mão

tem camisas que Abril desabotoa

mas em Maio Lisboa é uma canção

onde há versos que são cravos vermelhos

Lisboa que ninguém verá de joelhos.»

 

No poema "Vinte anos depois", está estampado o seu receio de um retrocesso, "a história escreve-se ao contrário". O último poema é dedicado ao "herói que não se rende", Salgueiro Maia, este sim, segundo o poeta representa a "pureza inicial".

Para a merecida homenagem cantou-se alguns dos seus poemas musicados como a "Trova do vento que passa" e "Meu amor é marinheiro".

Viva o 25 de Abril! Viva a Liberdade! Vivam os Poetas!












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