Na passada terça-feira, dia 23 de
abril, pelas 21h00, decorreu a sessão mensal do Clube de Leitura para a
análise e discussão da obra poética "País de Abril" de Manuel Alegre,
numa especial homenagem aos 50 anos do 25 de Abril.
Manuel Alegre é um poeta com um percurso de vida inspirador, que quase dispensa apresentações. Resistente e incorformista, foi um jovem tribunício em Coimbra, conspirativo nos Açores, combatente em África, resistente comunista na prisão e no exílio em Argel, radialista, protagonista do Partido Socialista, ministro, deputado, candidato presidencial... Mas também nadador, caçador, pescador, amante de touradas, letrista de fados, um rebelde desde cedo da causa da liberdade.
País de Abril é uma breve
antologia, com uma poesia acessível, clara, objetiva, dividida em duas fases.
Uma escrita antes do 25 de abril, onde nos é revelada uma antevisão da
revolução dos cravos de abril, de maio, naquele tempo associado à primavera e a
renovação.
Nesta obra poética fazem parte
poemas que nos falam de abril antes de Abril
e de Maio antes de Maio, no poema Praça da Canção, editada em 1964, e em O
Canto e as Armas, de 1967.
Em O
Canto e as Armas há, por exemplo, aqueles
quatro versos de «Poemarma» que, decerto, anunciam o primeiro comunicado da
Revolução:
«Que o poema seja microfone e fale
uma noite
destas de repente às três e tal
para que a lua
estoire e o sono estale
e a gente
acorde finalmente em Portugal».
Mas, também, em «Lisboa perto e longe», a
estrofe que canta, sete anos antes, Lisboa na rua, de cravo vermelho na mão, no
Primeiro de Maio de 1974:
«Lisboa tem um cravo em cada mão
tem camisas
que Abril desabotoa
mas em Maio
Lisboa é uma canção
onde há versos
que são cravos vermelhos
Lisboa que
ninguém verá de joelhos.»
No poema
"Vinte anos depois", está estampado o seu receio de um retrocesso,
"a história escreve-se ao contrário". O último poema é dedicado ao "herói que não se rende", Salgueiro Maia, este sim, segundo o poeta representa a "pureza inicial".
Para a
merecida homenagem cantou-se alguns dos seus poemas musicados como a
"Trova do vento que passa" e "Meu amor é marinheiro".
Viva o 25 de Abril!
Viva a Liberdade! Vivam os Poetas!
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