segunda-feira, 8 de abril de 2024

CLUBE DE LEITURA - MARÇO

Na passada quinta-feira, dia 04 de abril, pelas 21h00, decorreu a sessão do referente ao mês de março do Clube de Leitura para a análise e discussão da obra "Sashenka" de Simon Sebag Montefiore, premiado escritor britânico.

"Sashenka” é uma obra de ficção do historiador Simon Sebag Montefiore. A capa do livro é bastante apelativa, com uma mulher lindíssima nela representada.

A escrita é fluída e cativa pelos detalhes, envolvendo os leitores nas complexidades da Rússia pré-revolucionária e vários períodos subsequentes.

Trata-se de um romance de amor e tragédia, de amor à pátria e à família, que narra a história de Sashenka, uma jovem proveniente de uma família aristocrata, abastada e disfuncional.

Introduzida pelo seu tido Mendel, a personagem principal entra no partido comunista, luta pela igualdade social e por uma vida melhor para o seu país.

Destaca-se a particularidade das leituras sugeridas e orientadas pelo seu tio Mendel que lhe dá a conhecer vários autores russos, levando-a a acreditar numa mudança.

A personagem evolui ao longo da narrativa, personificando as contradições morais de uma sociedade em transformação, expondo dilemas e lutas políticas de uma nação inteira que cai num ciclo vicioso de opressão e crueldade impressionantes.

Apesar da nação depositar esperança na revolução bolchevique, a trama expõe o funcionamento do partido comunista russo - um clima de suspeição constante ainda que todos lutem por um ideal.

Para escrever Sashenka, Simon inspirou-se na fotografia a preto e branco de uma jovem mulher que foi presa em 1937 e também a história da sua família judaica.

Os eventos históricos estão muito bem integrados na narrativa, refletindo a veia de historiador do autor.

Especial referência para o acesso aos ficheiros do KGB. E uma nota para os agradecimentos, que ajudam a esclarecer alguns pontos.

História e ficção de mãos dadas. Quando ambas criam uma relação de amizade, o resultado só pode ser avassalador. Na minha perspectiva enquanto leitora, o historiador Simon Montefiore conseguiu, de forma brilhante, descrever a Rússia do século XX, a sua sociedade e os seus costumes. A viagem por este romance de amor e de tragédia retrata-nos, pormenorizadamente, a alta sociedade burguesa russa, a decadência de uma família abastada, mas completamente disfuncional, o desejo de mudança na sociedade e a esperança depositada na Revolução de 1917. A jovem Sachenka, movida pelos ideais de justiça e de igualdade, torna-se num símbolo burguês da resistência. De jovem revolucionária, a mulher e a mãe exemplar da Rússia soviética, vê a família cair em desgraça e é forçada a escolher entre o amor à pátria ou o amor à família.

A diegese apresentada permite, facilmente, ao leitor viajar por este teatro de desespero e de terror e, consequentemente, questionar-se acerca da possibilidade de qualquer uma de nós poder ser a própria Sachenka, visto que é “a história de uma mulher, mãe, bolchevique, uma pessoa real, que comete erros. É uma personagem forte, mas que não é perfeita, comete erros” (S.M.)

Juliana Marques (proponente da obra)















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