Na passada quinta-feira, dia 04 de
abril, pelas 21h00, decorreu a sessão do referente ao mês de março do
Clube de Leitura para a análise e discussão da obra "Sashenka" de
Simon Sebag Montefiore, premiado escritor britânico.
"Sashenka” é uma obra de ficção do historiador
Simon Sebag Montefiore. A capa do livro é bastante apelativa, com uma mulher
lindíssima nela representada.
A escrita é fluída e cativa pelos detalhes, envolvendo
os leitores nas complexidades da Rússia pré-revolucionária e vários períodos
subsequentes.
Trata-se de um romance de amor e tragédia, de amor à
pátria e à família, que narra a história de Sashenka, uma jovem proveniente de
uma família aristocrata, abastada e disfuncional.
Introduzida pelo seu tido Mendel, a personagem
principal entra no partido comunista, luta pela igualdade social e por uma vida
melhor para o seu país.
Destaca-se a particularidade das leituras sugeridas e
orientadas pelo seu tio Mendel que lhe dá a conhecer vários autores russos,
levando-a a acreditar numa mudança.
A personagem evolui ao longo da narrativa,
personificando as contradições morais de uma sociedade em transformação,
expondo dilemas e lutas políticas de uma nação inteira que cai num ciclo
vicioso de opressão e crueldade impressionantes.
Apesar da nação depositar esperança na revolução
bolchevique, a trama expõe o funcionamento do partido comunista russo - um
clima de suspeição constante ainda que todos lutem por um ideal.
Para escrever Sashenka, Simon inspirou-se na
fotografia a preto e branco de uma jovem mulher que foi presa em 1937 e também
a história da sua família judaica.
Os eventos históricos estão muito bem integrados na
narrativa, refletindo a veia de historiador do autor.
Especial referência para o acesso aos ficheiros do
KGB. E uma nota para os agradecimentos, que ajudam a esclarecer alguns pontos.
História e ficção de mãos dadas. Quando ambas criam uma relação de amizade, o resultado só pode ser avassalador. Na minha perspectiva enquanto leitora, o historiador Simon Montefiore conseguiu, de forma brilhante, descrever a Rússia do século XX, a sua sociedade e os seus costumes. A viagem por este romance de amor e de tragédia retrata-nos, pormenorizadamente, a alta sociedade burguesa russa, a decadência de uma família abastada, mas completamente disfuncional, o desejo de mudança na sociedade e a esperança depositada na Revolução de 1917. A jovem Sachenka, movida pelos ideais de justiça e de igualdade, torna-se num símbolo burguês da resistência. De jovem revolucionária, a mulher e a mãe exemplar da Rússia soviética, vê a família cair em desgraça e é forçada a escolher entre o amor à pátria ou o amor à família.
A diegese apresentada permite,
facilmente, ao leitor viajar por este teatro de desespero e de terror e,
consequentemente, questionar-se acerca da possibilidade de qualquer uma de nós
poder ser a própria Sachenka, visto que é “a história de uma mulher, mãe,
bolchevique, uma pessoa real, que comete erros. É uma personagem forte, mas que
não é perfeita, comete erros” (S.M.)
Juliana Marques (proponente da obra)
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